Jô Soares manteve relação estreita com o público de Belo Horizonte. No início dos anos 1990, ele escolheu a cidade para a pré-estreia do espetáculo “Um gordo em concerto”, no extinto Teatro Alterosa. Em entrevista ao jornal Diário da Tarde, o humorista disse que precisava de uma casa pequena e de público padrão que representasse as plateias de todas as capitais do país. “Por isso escolhi fazer a pré- estreia em Belo Horizonte. Aqui tem um público universal. Você sabendo que se aqui dá certo, dá certo em qualquer lugar”, explicou.
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Jô fez temporada, sempre lotada, na segunda semana após a inauguração do teatro. Wagner Tameirão, na época funcionário da TV Alterosa, conta que Jô foi o grande divulgador do espaço a partir dali. “Ele sempre elogiava sua temporada na cidade para os artistas que lhe diziam que viriam a Belo Horizonte. Sempre dizia ter sido muito bem tratado na cidade”, relembra Wagner.
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As declarações do humorista foram feitas no BDMG Cultural, em 16 novembro de 1995, quando ele participou do projeto Sempre um Papo para lançar o livro “O Xangô de Baker Street”(Cia das Letras), que se tornou recordista de vendas no Brasil. Naquele dia chuvoso, os fãs não se incomodaram com o aguaceiro que caiu à tarde e encararam a fila. Na conversa com os jornalistas, Jô disse que apesar de não comandar mais programas de TV, nunca deixou de fazer humor. “O meu programa é um programa de humor, como tudo o que faço. Mas não tenho a menor vontade de fazer quadros humorísticos”, comentou. Jô não dormiu em Belo Horizonte. Chegou no início da tarde, autografou livros das 16h às 20h e às 21h30 seguiu para o Minascentro, onde apresentava “O gordo em concerto”. Após o espetáculo, voltou para casa de jatinho.
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Nos anos 1980, também pelo Sempre um Papo, Jô esteve em Belo Horizonte. Afonso Borges se lembra de um dos eventos mais concorridos promovidos por ele. “Era tanta gente, mas tanta gente, que, por sua sugestão, colocamos pessoas no palco ao redor do Jô”, conta. Algumas vezes, o produtor trocou telefonemas com o humorista. Em uma delas, Jô queria informações sobre Humberto Werneck, jornalista e escritor mineiro que seria entrevistado por ele.
Pedido de casamento
Aos 101 anos, a artista plástica mineira Leda Gontijo, que morreu em 2019, aos 104 anos, fez sua segunda participação no “Programa do Jô”. No palco, os dois protagonizaram cenas que divertiram e emocionaram a plateia. Ao final do programa, o apresentador foi ao camarim e disse que aquela havia sido uma das melhores entrevistas daquele ano, 2016.
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A sintonia dos dois era tanta que Leda dizia ter se arrependido de não aceitar o pedido de casamento do apresentador, que naquela época estava casado. “Mas você é moderna!”, argumentou Jô. No encontro, Leda falou sobre a mostra “Força bruta”, que estava em cartaz no Minas Tênis Clube, em BH.
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Neta de Leda, Kika Gontijo usou sua rede social para lembrar outro fato engraçado envolvendo os dois. “Minha avó Leda foi ao 'Programa do Jô' duas vezes. Numa delas, disse que o segredo de ser centenária em plena forma era um mistério, já que ela bebia, fumava e jogava! Olhando esta foto dos dois sorrindo, penso que viver muito é só uma questão de tempo: o que importa é viver tudo! A vida pode ser breve ou curta, mas tem que ser larga, como disse Ronaldo Fraga. Não é só passar pela vida: é fazer parte dela. É mudar o seu entorno, é ser parte de uma comunidade. Tomara que os dois se encontrem em algum lugar desta galáxia. Assunto não vai faltar!”, escreveu Kika.
A pequena fã
A foto de Jô Soares em uma de suas passagens por Belo Horizonte pertence ao arquivo de Afonso Borges. Apesar de cuidadoso com seu acervo, a imagem clicada por ele não traz a data e a identificação da garotinha, que usava uniforme de colégio quando buscou o autógrafo do apresentador e escritor, durante o projeto Sempre um Papo. Quem conhecê-la pode mandar o contato para o nosso e-mail: helvecio.figueiredo@uai.com.br
O “segredo” das borboletas
Outro mineiro que chamou a atenção ao ser entrevistado por Jô Soares foi o cientista, professor e escritor Ângelo Machado. Especialista em libélulas, Ângelo matou o apresentador de rir com suas tiradas sobre a vida dos insetos e casos “calientes” do livro “Borboletas eróticas”. Esta obra de Ângelo, elogiado autor infantojuvenil, é voltada para adultos.