A três anos da comemoração do centenário do Automóvel Clube de Minas Gerais, o clima é de euforia no prédio de quatro andares em estilo eclético, no Centro de Belo Horizonte.
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O presidente do Automóvel Clube, Sérgio Murilo Braga, reconhece que as dificuldades foram aumentando devido à COVID-19.
“O clube ficou fechado vários meses. Nós, do conselho de administração, fizemos aporte financeiro para o caixa. O Automóvel Clube é, acima de tudo, uma grande paixão para todos nós, que já retomamos a caminhada”, garante.
Nova agenda nos salões
A agenda do AC é motivo de alegria. Em alguns dias da semana, há três ou quatro eventos simultâneos, divididos entre os dois principais salões (Dourado e Príncipe de Gales), o Salão Verde, o quarto andar, onde funciona o Especial Gourmet, e o Mina Jazz Bar, anexo ao prédio. “Estamos realmente retomando o Automóvel Clube”, frisa o presidente Sérgio Murilo.
Ele reconhece que o perfil atual dos sócios exige a conquista de nova faixa etária. Para a festa dos 97 anos, por exemplo, o black tie foi abolido, assim como a gravata. “Queremos dar vida nova ao clube”, afirma o presidente Sérgio Murilo.
Atualmente, o Automóvel Clube tem pouco mais de 500 sócios com as cotas em dia. O valor da mensalidade é R$ 180.
O custo da manutenção do prédio de quatro andares varia com o número de eventos. Os custos fixos são de R$ 32 mil, destinados à folha de pagamentos.
José Hugo da Costa Oliveira é o mais antigo funcionário, com quase 40 anos de casa. Começou aos 17, como copeiro, passou por oito presidências, trabalhou na copa, caixa, tesouraria e secretaria até ocupar o posto de gerente administrativo do AC.
Smoking e longo: trajes obrigatórios
Oliveira acompanhou os eventos mais efervescentes do AC, como as festas de réveillon e aniversários do clube. Com saudade, lembra a época de smokings e vestido longos obrigatórios. “Era outro tempo. A história mudou”, comenta.
Ao contar histórias do passado, José Hugo Oliveira cita as festas de ano-novo, quando funcionários dobravam mais de 1,6 mil cartas, que eram colocadas em envelopes e despachadas via Correios.
Entre os diretores, o empresário Franklin Bethônico é quem está há mais tempo no cargo. “São 12 anos. E espero ficar mais três, para fazer uma grande festa comemorativa ao centenário do clube”, diz ele, festeiro de mão cheia.
O Automóvel Clube surgiu da união de nove amigos, que fundaram o Clube Central. Um ano depois de ser instalado no Palacete Dantas, na Praça da Liberdade, o nome foi alterado para Automóvel Clube de Minas Gerais, passandoa ser filiado ao Automóvel Clube do Brasil.
Só em agosto de 1929 houve a transferência para o prédio na esquina das avenidas Afonso Pena e Álvares Cabral, projetado por Luis Signorelli e construído pela Carneiro de Rezende & Co. Em estilo eclético, a obra levou dois anos para ficar pronta.
Preciosidade da arquitetura de BH
Os detalhes fazem do prédio do Automóvel Clube um marco da arquitetura em BH. Documento da Fundação Municipal de Cultura destaca a fachada principal, três portas em arco perfeito com folhas de ferro fundido, e o Salão Dourado, inspirado no Salão de Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris, decorado por três lustres de cristal da Boêmia, região que pertencia à extinta Tchecoslováquia.
Outro ambiente destacado pela Fundação de Cultura é o Salão Príncipe de Gales. Ganhou este nome depois da visita de dois integrantes da realeza britânica, em 1931: Edward VII, príncipe de Gales, e o irmão George VI, que veio a se tornar rei da Inglaterra. Na ocasião, uma placa de bronze foi inaugurada em homenagem aos visitantes.