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Com convites esgotados e lista de espera, Automóvel Clube comemora 97 anos

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A três anos da comemoração do centenário do Automóvel Clube de Minas Gerais, o clima é de euforia no prédio de quatro andares em estilo eclético, no Centro de Belo Horizonte.
 
O “Mais Britânico”, como ficou conhecido nos tempos áureos, quando smoking e vestidos longos dominavam os salões Príncipe de Gales e Dourado, reabre as portas nesta sexta-feira (26/8), depois da pausa entre 2020 e 2021, durante o período mais crítico da pandemia, para sua festa de aniversário de 97 anos.





O entusiasmo dos membros da diretoria diz respeito também à recuperação do clube. Os 300 convites estão esgotados e há lista de espera para a festa desta noite.

Festa de réveillon, em 1944, quando smokings e vestidos longos eram obrigatórios (foto: Arquivo EM)


O presidente do Automóvel Clube, Sérgio Murilo Braga, reconhece que as dificuldades foram aumentando devido à COVID-19.

“O clube ficou fechado vários meses. Nós, do conselho de administração, fizemos aporte financeiro para o caixa. O Automóvel Clube é, acima de tudo, uma grande paixão para todos nós, que já retomamos a caminhada”, garante.

Jantar de gala para a posse da diretoria do AC, há 78 anos (foto: Arquivo EM)

Nova agenda nos salões

A agenda do AC é motivo de alegria. Em alguns dias da semana, há três ou quatro eventos simultâneos, divididos entre os dois principais salões (Dourado e Príncipe de Gales), o Salão Verde, o quarto andar, onde funciona o Especial Gourmet, e o Mina Jazz Bar, anexo ao prédio. “Estamos realmente retomando o Automóvel Clube”, frisa o presidente Sérgio Murilo.





Ele reconhece que o perfil atual dos sócios exige a conquista de nova faixa etária. Para a festa dos 97 anos, por exemplo, o black tie foi abolido, assim como a gravata. “Queremos dar vida nova ao clube”, afirma o presidente Sérgio Murilo.
Festa beneficente, o Showçaite fez história no Automóvel Clube. Nelson Rodrigues, Lilian Furman e Jofrancis Melo Silva fizeram parte do elenco em 1991 (foto: Arquivo EM)

Atualmente, o Automóvel Clube tem pouco mais de 500 sócios com as cotas em dia. O valor da mensalidade é R$ 180.

O custo da manutenção do prédio de quatro andares varia com o número de eventos. Os custos fixos são de R$ 32 mil, destinados à folha de pagamentos.
 
Nem tudo era ''britânico''. Mesas viravam passarelas nos bailes de carnaval do AC, como ocorreu na folia de 1972 (foto: Arquivo EM)
 

José Hugo da Costa Oliveira é o mais antigo funcionário, com quase 40 anos de casa. Começou aos 17, como copeiro, passou por oito presidências, trabalhou na copa, caixa, tesouraria e secretaria até ocupar o posto de gerente administrativo do AC.





Smoking e longo: trajes obrigatórios

Oliveira acompanhou os eventos mais efervescentes do AC, como as festas de réveillon e aniversários do clube. Com saudade, lembra a época de smokings e vestido longos obrigatórios. “Era outro tempo. A história mudou”, comenta.

Moças de BH, como Haydee Faria Costa Lage, eram apresentadas à sociedade em badalados bailes de debutantes, como este de 1963 (foto: Night and Day/reprodução)
Ao contar histórias do passado, José Hugo Oliveira cita as festas de ano-novo, quando funcionários dobravam mais de 1,6 mil cartas, que eram colocadas em envelopes e despachadas via Correios.

Entre os diretores, o empresário Franklin Bethônico é quem está há mais tempo no cargo. “São 12 anos. E espero ficar mais três, para fazer uma grande festa comemorativa ao centenário do clube”, diz ele, festeiro de mão cheia.





O Automóvel Clube surgiu da união de nove amigos, que fundaram o Clube Central. Um ano depois de ser instalado no Palacete Dantas, na Praça da Liberdade, o nome foi alterado para Automóvel Clube de Minas Gerais, passandoa ser filiado ao Automóvel Clube do Brasil.

Só em agosto de 1929 houve a transferência para o prédio na esquina das avenidas Afonso Pena e Álvares Cabral, projetado por Luis Signorelli e construído pela Carneiro de Rezende & Co. Em estilo eclético, a obra levou dois anos para ficar pronta.
 
 
Detalhe da fachada do Automóvel Clube (foto: Cristina Horta/EM)

Preciosidade da arquitetura de BH

Os detalhes fazem do prédio do Automóvel Clube um marco da arquitetura em BH. Documento da Fundação Municipal de Cultura destaca a fachada principal, três portas em arco perfeito com folhas de ferro fundido, e o Salão Dourado, inspirado no Salão de Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris, decorado por três lustres de cristal da Boêmia, região que pertencia à extinta Tchecoslováquia.

Outro ambiente destacado pela Fundação de Cultura é o Salão Príncipe de Gales. Ganhou este nome depois da visita de dois integrantes da realeza britânica, em 1931: Edward VII, príncipe de Gales, e o irmão George VI, que veio a se tornar rei da Inglaterra. Na ocasião, uma placa de bronze foi inaugurada em homenagem aos visitantes.