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Ingressos de 'Anoitecer em Inhotim' acabaram duas semanas antes do evento

Procura surpreendeu a vice-presidente Paula Azevedo. No domingo (11/9), estreia espetáculo com Grupo Corpo, Mateus Aleluia e Orquestra de Câmera Inhotim


05/09/2022 04:00 - atualizado 05/09/2022 00:41

Paula Azevedo, diretora do Inhotim, olha para a câmera
''Cultura não pode ser tratada como elemento secundário'', adverte Paula Azevedo (foto: Brendon Campos/Divulgação)

Três semanas antes da festa Anoitecer Inhotim, marcada para o próximo sábado (10/9), já não havia mais ingressos. Eles se esgotaram rapidamente, surpreendendo a diretoria da instituição. “Estávamos programados para divulgar as vendas em nosso estande da SP-Arte Rotas Brasileiras, que ocorreu na última semana em São Paulo, mas não deu tempo”, conta Paula Azevedo, diretora vice-presidente do Instituto Inhotim.

Um ótimo sinal, que, segundo ela, reflete a força de mobilização do museu. “Teremos pessoas vindo de vários estados do Brasil para essa noite especial. Pretendemos pensar em eventos inovadores com essa mesma força de mobilização e, sim, o evento anual de arrecadação de fundos já está oficializado no calendário do Inhotim”, antecipa.

Na opinião de Paula Azevedo, após a doação definitiva de Bernardo Paz – “que, vale ressaltar, é a maior doação privada e individual já realizada no Brasil”, lembra ela  –, Inhotim se tornou um bem de todos. “Isso demonstra a responsabilidade e o comprometimento das pessoas com a instituição”, afirma.

Segundo Paula, com o aumento da visitação e o fortalecimento institucional, a ideia é voltar a abrir gratuitamente pelo menos uma vez por semana, o que está sendo planejado para o mais breve possível.

“Estamos também orgulhosos de trazer no domingo, 11 de setembro, as apresentações de Mateus Aleluia e do Grupo Corpo aos visitantes do Inhotim. Serão gratuitas, inclusas no valor regular do ingresso. Isso é totalmente inédito em eventos desse formato, em que oferecemos ao visitante regular do Inhotim programação como essa, sem acréscimo no valor do ingresso”, observa.


Qual é a importância do comitê formado por Arystela Pazana, Eliza Setúbal, Beatriz Menim, Bruno Setúbal, Camila Mattar e Camila Yunes? O grupo foi formado apenas para o evento Anoitecer Inhotim ou vai continuar atuando?
O comitê foi formado para divulgar e fortalecer o evento e a instituição; essas pessoas aceitaram o convite e abraçaram a causa prontamente. São pessoas incríveis, formadoras de opinião, que apoiam causas importantes e que esperamos que estejam conosco em muitas outras ações relevantes. Juntos somos sempre mais fortes.

Vivemos momento econômico difícil para o país, a área da cultura é uma das mais afetadas. Como vocês e o Instituto Inhotim estão enfrentando esse desafio? 
A cultura não pode ser tratada como elemento secundário, ela é parte fundamental da formação do ser humano. Como diz o grande gestor cultural Danilo Miranda, a cultura está relacionada diretamente à geração do conhecimento e ao exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Além disso, devemos lembrar que cortar recursos do setor não é somente limitar a criatividade e a liberdade de expressão, é também fator de enfraquecimento da economia e do desenvolvimento do país. O grande desafio atual é manter o Inhotim ativo em seus eixos fundamentais de formação e disseminação de pensamento crítico, geração de empregos, viabilizando sua sustentabilidade financeira para que seja uma instituição perene.

O que levou à escolha do Grupo Corpo, do músico Mateus Aleluia e da Orquestra de Câmara Inhotim para compor a programação de 11 de setembro? 
Pensamos a programação do evento em consonância com o programa curatorial em vigência no Inhotim, que traz a presença de Abdias Nascimento – poeta, autor, curador, artista pan-africanista – e as questões referentes à sua obra e ao seu pensamento no projeto Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, realizado pelo instituto em parceria com o Ipeafro. A presença mineira do Grupo Corpo, a ancestralidade musical do pan-africanismo com Mateus Aleluia e o trabalho socioeducativo da instituição, representada na Orquestra de Câmara Inhotim, formam uma programação conectada diretamente com os pilares do instituto e seu atual programa curatorial.

A nova diretoria do Inhotim ainda não completou um ano, mas já é possível fazer o balanço de sua atuação?  
Criamos juntos o projeto O Inhotim de Todos e Para Todos, que se baseia em três eixos fundamentais para o instituto: a nova governança alinhada às melhores práticas de museus internacionais e criação de um novo conselho deliberativo; a doação de Bernardo Paz, que em junho deste ano transferiu de forma definitiva ao Inhotim mais de 330 obras de sua coleção, além de todas do acervo botânico e as galerias; e a sustentabilidade financeira do instituto. Tornamos a programação mais ativa, com ciclos que passam a ser semestrais, em vez de bianuais. Esperamos tornar a instituição mais aberta e permeável, democratizar ainda mais os acessos, retomar a gratuidade semanal, modernizar as infraestruturas, fortalecer ações socioeducativas e manter o colecionismo ativo – ações essenciais para manter o Inhotim no lugar de vanguarda.

Anoitecer Inhotim ficará onde, há muitos anos, foi realizado um grande casamento. Hoje, celebrações ganharam espaço específico no Inhotim. Mas aquele local pode voltar a ser utilizado para grandes eventos?
Anoitecer Inhotim será realizado em um local icônico, cartão-postal do museu, onde recebemos grandes eventos, shows e até casamentos, como você lembrou. O espaço tem fácil acesso de chegada e saída de visitantes e convidados. Comporta um grande número de pessoas, além de ter vista maravilhosa para o lago central, ao lado da obra “Invenção da cor, penetrável Magic Square #5, De Luxe”, de Hélio Oiticica. Vale ressaltar que Inhotim comporta diversos tipos e tamanhos de eventos, que podem ser pensados em diferentes localizações dentro do parque.

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