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Estado de Minas COLUNA HIT

Academia Mineira de Letras vai comemorar os 120 anos de nascimento de JK

Com a presença da filha Maria Estela e da neta Jussarah, Juscelino Kubitschek será homenageado em cerimônia na AML e em missa de ação de graças em BH


31/10/2022 04:00 - atualizado 31/10/2022 09:30

Maria Estela Kubitschek sorri, à noite, tendo ao fundo luzes acesas de um lustre
Maria Estela Kubitschek diz que JK gostava de apresentar as filhas, ainda crianças, aos artistas com quem convivia (foto: Bruno Peres CB/D.A Press)

"No dia em que completei 15 anos, ele assinou a Lei de Adoção Legal. Ele me chamou e disse: 'Minha filha, este é o seu presente de aniversário'."

Maristela Kubitschek, filha de JK

 
Os 120 anos de nascimento de Juscelino Kubitschek serão comemorados na próxima segunda-feira (7/11) por iniciativa da Academia Mineira de Letras, cuja cadeira nº 34 foi ocupada por ele.
 
Na sede da AML, haverá sessão solene com participação dos professores João Antônio de Paula e Maurício Campomori e do acadêmico Angelo Oswaldo. No dia seguinte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também membro da Academia, celebrará missa em ação de graças na Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha.
 
Filha de Juscelino, Maria Estela Kubitschek Lopes estará presente com a filha, Jussarah. “Ao reverenciar os 120 anos de nascimento de meu pai, a Academia Mineira de Letras homenageia o homem que dedicou a vida ao seu povo e seu país. Sinto-me muito honrada e, mais ainda, muito emocionada”, diz.
 
Nesta entrevista, ela conta que no dia da posse de JK na AML, toda a família estava presente. “A emoção dele era tão grande que contagiou toda a plateia. Naquele momento, lembrei-me de que meu pai me havia dito que a leitura e a vida eram os melhores professores.”
 
Maria Estela tem três filhos – Jussarah, João César e Marta Maria – e quatro netos, as gêmeas Mariana e Gabriela, Valentina e Lucas. Márcia Kubitschek (1943-2000), irmã dela, era mãe de Anna Christina, Júlia e Alejandra.

A senhora acompanhou a inauguração de Brasília, disse que a primeira missa na capital federal a deixou emocionada. Durante as comemorações dos 120 anos de JK, haverá missa na Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha. A senhora tem alguma relação especial com essa igreja?
O dia da inauguração de Brasília foi marcante em minha vida, e hoje o mesmo sentimento me envolve. A Igreja São Francisco de Assis, construída durante o período em que meu pai era prefeito de Belo Horizonte, foi beatificada somente quando ele já era presidente da República. Pude sentir o quanto ele sofreu, durante anos, esperando ver a celebração de uma missa e poder rezar na sua capelinha, como dizia.

Qual é a sua relação com Belo Horizonte?
Minhas lembranças de Belo Horizonte são passagens importantes em minha vida. Em BH, conheci Márcia, minha saudosa e querida irmã. Desde o primeiro dia do nosso encontro, unimos nossas mãos e assim vivemos por muitos e maravilhosos anos. A vida no Palácio da Liberdade era uma alegria para as duas meninas, que, sempre que podiam, participavam dos eventos, embora fossem ainda muito jovens. Meus pais eram muito atentos à educação, diziam que não éramos especiais por ser filhas do governador. Éramos iguais a todas as outras crianças. Fizemos o curso primário na Escola 12 de Dezembro. No Palácio da Liberdade, aprendi a nadar, montar a cavalo, dançar e tocar piano. Tínhamos uma governanta francesa para aprender a língua e nos acompanhar.

Como era ser filha de JK?
Ser filha de Juscelino e Sarah foi uma bênção para mim. Nasci em Montes Claros, filha de Oswaldo e Judith Mata. O destino mudou o rumo de minha vida, fui adotada e perfilhada pelo casal Kubitschek, de quem meus pais biológicos eram amigos. Outra preocupação deles era de que soubéssemos que Márcia e eu éramos iguais a todas as outras crianças. A única diferença era que ele seria governador apenas por uns tempos. Postura e educação formal também eram princípios que deveríamos ter sempre na vida, em qualquer circunstância. Porém, muito melhor do que tudo e motivo de muito orgulho, era ser filha de Sarah e Juscelino!

O presidente da AML, Rogério Tavares, disse que JK prestigiou a educação, a cultura, a preservação do patrimônio histórico. No governo dele, trabalharam intelectuais como Alphonsus de Guimaraens Filho, Autran Dourado e Augusto Frederico Schmidt. Qual foi o legado que seu pai deixou para as artes?
Foi um grande admirador e patrocinador das artes. Gostava de estar acompanhado por pintores escritores, escultores, músicos e cantores. Uma característica dos mineiros, em especial dos diamantinenses, “cidade onde os sinos não cantam porque estão sempre virados de boca para baixo”.

Como era a relação de seu pai com artistas e intelectuais?
Embora muito pequena, lembro-me de papai sempre cercado de artistas, escritores, pintores e outros. Quando podia, nos chamava para nos apresentar e explicar quem eram aquelas pessoas. Isso aconteceu durante o período em que ele foi presidente e mesmo depois.

Há alguma lembrança que JK, como pai, deixou e o público desconhece?
Todas as lembranças que tenho de meu pai são muito importantes. Porém, nunca vou me esquecer de que um dia ele me falou que eu parecia com ele em certos momentos – até mais do que a própria Márcia, sua filha biológica. E também do dia em que completei 15 anos e ele assinou a Lei de Adoção Legal. Ele me chamou e disse: “Minha filha, este é o seu presente de aniversário.” Emoção inesquecível!

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