O ano começou animadíssimo no mundo pop com o anúncio da turnê que Madonna fará na Europa e nos Estados Unidos. Apesar de ter deixado o Brasil de fora, pelo menos por enquanto – vai que mais adiante ela decide passar por aqui –, os fãs vibram com a ideia de ter a Material Girl de volta a grandes shows.
Nos anos 1980, o comunicador e mentor Horácio Brandão abriu um dos primeiros fã-clubes de Madonna no Brasil. Em 2008, ele foi responsável pela comunicação social da turnê “Sticky & Sweet”.
Na “MDNA tour”, em 2012, a cantora recebeu das mãos de Horácio a Bandeira do Brasil, com a qual dançou no palco. E deu o microfone a ele, que gritou: “Te amo, você mudou a minha vida!”. A cena, aliás, está registrada no DVD oficial da temporada.
Em 2019, Horácio Brandão também acompanhou a turnê “Madame X”. Porém, foi ali que sentiu, pela primeira vez, certo desencanto com a figura e a performance da estrela. Desde então, garante que se livrou “do vício”.
O que representa para o pop a turnê dos 40 anos de trajetória de Madonna?
Madonna em cima do palco é sempre um acontecimento do mundo pop, ela foi a responsável por teatralizar canções nas performances ao vivo. Esse mérito é dela. Poder vê-la aos 64 anos defendendo seu cancioneiro, com dezenas de hits reunidos em quatro décadas, é sempre o testemunho de uma lenda viva fazendo a história de si e de quem lá estiver.
Como você avalia a carreira de Madonna de meados dos anos 1980 até hoje? Ela conseguiu vencer os desafios da idade e se manter ícone do pop e do movimento LGBTQIA+?
Madonna mudou a cara do pop, trouxe causas, mensagens, comportamento e polêmicas pra cima da mesa. Não há uma artista solo feminina que tenha conseguido produzir a mistura como a que Madonna nos fez provar. Ela tentou se manter relevante com disciplina e muito trabalho. O tempo pode ser cruel para quem se construiu em cima da imagem, da beleza e da forma física. Ela cancelou vários shows em sua última turnê alegando dores nos joelhos, esperamos que dê conta de todas as apresentações. Se não trouxer algo novo, que pelo menos não desfaça a imagem que construiu nos palcos. Madonna sempre será ícone do pop e da diversidade. Como Marilyn, Carmen Miranda e Cher.
Quais são as canções mais importantes e significativas da carreira de Madonna?
Seu último lançamento reúne 50 canções que alcançaram o primeiro lugar das paradas. Ouvi-lo dá a dimensão do que foi feito. Madonna não faz um hit que tenha furado a bolha de seu fandom há quase duas décadas, mas há dignidade em tudo o que fez nesse período. Difícil eleger canções, mas eu destacaria “Like a virgin”, “Like a prayer”, “Express yourself”, “Vogue”, “Music” e “Frozen”.
Qual foi a sua grande loucura como fã para estar próximo de Madonna?
Não sou esse fã doidivanas. Admiro principalmente a força da mensagem e a construção de sua imagem e carreira. Vê-la ao vivo é um ritual, uma espécie de marco da vida. Assisti-a 25 vezes, estive em oito turnês entre 11. Acho que a maior loucura foi me manter fiel ao ídolo de adolescência. Mas em “Madame X”, de alguma forma, o encantamento se desfez. Não sei se viajarei apenas para assistir ao show, como fiz outras vezes. Não quero vê-la desconstruindo o que ela mesma formou em minha cabeça.
Qual seria o set list ideal para os fãs, nesta nova turnê?
Pergunta complexa, mas se ela entregar o conteúdo de sua compilação “finally enough love”, tá bom demais da conta (risos). Acho que deveria ser um show pra cima o tempo todo, tipo bloco de carnaval.
Madonna terá sucessora?
Ela é única. Você pode até tentar produzir alguém em laboratório ou ver alguma artista chegar perto de sua dimensão, mas nunca haverá alguém como ela. Não é só música, mas a atitude, a mensagem, a inteligência, a história. Madonna é ímpar desde que nasceu. O desafio de Madonna é não errar a mão, tentando chamar a atenção no Tik Tok de mãos vazias, sucumbir a se comparar às novinhas, recorrendo a plásticas, ou competir por números sem se esquecer de que foi ela quem fundou o clube.