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Estado de Minas CINEMA

Coluna Hit busca informações sobre atriz mineira dirigida por Orson Welles

Maria Augusta Bicalho participou de 'It's all true', que foi filmado nos anos 1940 e jamais lançado. Welles nunca mais voltou ao Brasil


31/01/2023 04:00 - atualizado 31/01/2023 00:31

Orson Welles olha para a câmera, vestindo terno branco, e é entrevistado por repórter do Estado de Minas em sua visita a BH, em 1942
Orson Welles disse ao repórter do EM, em 1942, que BH era "linda" e "esbatida" pelo sol (foto: Arquivo EM/10/3/1942)

Ainda sob inspiração da Mostra de Cinema de Tiradentes, que terminou sábado (28/1), e na delícia que é se deixar levar pela pesquisa na Gerência de Documentação do Estado de Minas (Gedoc), a coluna recupera uma história curiosa. Há quase 81 anos, em sua única visita ao Brasil, o diretor e ator norte-americano Orson Welles fez o filme “It's all true” (“É tudo verdade”), que nunca foi lançado.

Em 1942, o EM anunciou, em sua edição de 16 de maio, a participação da mineira Maria Augusta Bicalho no longa. “De irradiante beleza, figura insinuante e inteligente lá (no Rio de Janeiro) poderá romper gloriosamente todos os obstáculos na difícil carreira que abraçou”, dizia a reportagem. Segundo a publicação, a atriz foi descoberta por Carmen Santos, pioneira na produção e direção de cinema no Brasil. Fotos da moça foram encaminhadas ao “cinematografista” (o que hoje seria cineasta) J. Silva para o teste de fotogenia, aprovado por Carmen.

Orson Welles com foliões que desejava retratar no filme 'It's all true'
Orson Welles com foliões que desejava retratar no filme 'It's all true' (foto: É Tudo Verdade/reprodução)


Segundo revelou o EM, “o grande diretor norte-americano, à cata de valores, julgou aproveitáveis as qualidades da mineira recém-chegada. Contratou-a à razão de 100$00 diários pelo tempo que esteve no Rio”. A reportagem informa: “Maria Augusta está sendo aproveitada em diversas discussões sobre o carnaval carioca e aspectos românticos. De acordo com a técnica de Orson Welles, não há figura central predominante no filme. Há um tema anexo entre os fatos e cenas fotografados e sincronizados”. Maria Augusta também seria escalada para o elenco de “A Inconfidência Mineira”, projeto que consumiu 11 anos na vida da cineasta Carmen Santos.

 

Orson Welles sorri no salão repleto de foliões durante baile de carnaval
Orson Welles (ao centro, de gravata) em baile de carnaval no Brasil (foto: Mubi/reprodução)
 


A partir daí, pouco se sabe da carreira de Maria Augusta. E a coluna, que gosta de desafios, lança mais este: quem tem parentesco com a atriz, que se mudou de Belo Horizonte para Brasília, pode entrar em contato com a gente pelo e-mail cultura.em@uai.com.br.

EM BELO HORIZONTE

CIDADÃO KANE NO GRANDE HOTEL

O repórter do Estado de Minas entrevistou o cineasta americano em 10 de março de 1942, durante sua visita de dois dias à capital mineira. A reportagem, como era costume na época, não tem assinatura. O jornalista definiu Orson Welles como “pouco solene para um produtor e demasiado dogmático para um ator. Fala de tudo que os olhos veem, discute e doutrina com uma facilidade e um simplicismo verdadeiramente yankee”.

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Sobre seus planos no país, Welles declarou: “Nunca supus que pudesse encontrar tanto material 'filmável' no Brasil. Estou encantado com o Nordeste e os jangadeiros”. O repórter quis saber se Belo Horizonte o impressionara. “Em todos (os aspectos), meu caro amigo. Acho linda esta cidade, sempre esbatida de sol, de uma alegria solene e comunicativa. Vou vê-la melhor agora”, respondeu o ator.

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Logo após a conversa, o diretor e protagonista da obra-prima “Cidadão Kane” partiu “como um furacão”, anotou o repórter do EM.

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