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Estado de Minas COLUNA HIT

Vaquinha e apoio de amigos levam Carlos Nunes à Europa para encenar peça

'Francisco de Assis - Do rio ao riso' foi escrita por Márcio Ares. Ideia do texto veio depois de uma viagem do ator a Assis, a cidade do santo


27/02/2023 04:00 - atualizado 27/02/2023 00:41

Ator Carlos Nunes, sentado em um banco, sorri e segura o rosto com a mão, em cena da peça São Francisco - Do riso ao rio
Carlos Nunes em 'São Francisco - Do riso ao rio'. Segundo ele, ideia para a peça veio 'do sopro divino' (foto: Gláucia Rodrigues/divulgação)


Carlos Nunes está na Europa. Não foi a passeio, mas a emoção de estar lá é tão grande quanto a de um turista conhecendo pela primeira vez as belezas do Velho Continente. A convite de uma produtora brasileira que mora na Suíca, o ator vai apresentar a peça “São Francisco – Do rio ao riso”. É a estreia internacional da montagem escrita pelo mineiro Márcio Ares para contar a história de São Francisco de Assis.
 
A curta temporada europeia marca também os 42 anos de carreira de Carlos Nunes, que está cheio de novidades para quando voltar ao Brasil. Entre elas, pretende retomar a parceria com Ares e produzir uma peça sobre o Alzheimer.


Como surgiu o convite para levar “São Francisco – Do riso ao rio” à Europa?
O Em passagem pelo Brasil, Gorete, empresária do Pará que mora na Europa, foi assistir à peça no Cine Brasil Vallourec, indicada por um amigo que conhecia o meu trabalho. Ao final da sessão, ela me esperou para me cumprimentar e fazer o convite. A princípio, achei que era só fogo de palha, mas ela insistiu em uma conversa mais séria e foi à minha casa acertar os detalhes. Saiu de lá às 2h. Uma semana depois, me ligou da Suíça perguntando se estava tudo certo. Já se vão oito meses desde o primeiro contato.

A partir do convite para a turnê, que preocupações lhe vieram à cabeça?
A primeira preocupação foi como comprar as passagens. Fizemos uma vaquinha virtual e uma festa no restaurante Dona Lucinha, com a ajuda providencial da Marcinha. Toda a renda foi para ajudar na viagem. Minha madrinha Beth Couri saiu a campo pedindo aos amigos que contribuíssem para a vaquinha. Raquel Guerra Bijouterias fez um bazar com renda para ajudar a minha viagem. Foi um mutirão de amigos com o objetivo de levar este sonho adiante. Outra dificuldade foi tornar a peça um monólogo, pois o ator que contracena comigo, Fernando Couto, não pode ir. Ele cuida da mãe, que é idosa.

O jeito foi recorrer aos amigos...
Os custos são muitos, o franco suíço custa R$ 6,10. Vaquinha virtual é meio complicada, tem de fazer cadastro, muita gente desistiu e me pediu a chave do Pix. Acabei arrecadando também no Pix o mesmo valor da vaquinha. O mais legal é que, a todo instante, recebo mensagens incentivando a viajar mais com meus espetáculos. Tenho recebido muito carinho

Qual é a importância desta peça?
A ideia surgiu em uma viagem a Assis, na Itália, cidade natal de São Francisco. Foi um sopro divino na porta da igreja. Adoro o texto do Márcio Ares e a mensagem positiva da peça. Tenho 42 anos de carreira. Falar de Francisco na minha idade é um privilégio para qualquer ator. O último espetáculo de Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura e grande ator italiano, foi sobre São Francisco. Muita gente me cobrava um texto em que eu pudesse falar de coisa séria. Francisco fala de amor, respeito e bondade com muito bom humor, mesmo sendo assunto sério.

Quais são seus planos para este ano?
Há um texto sobre Alzheimer, “O alemão que tá me pegando”, que ainda estou criando coragem para montar, porque é muito forte. Escrevi com o Márcio Ares. Tenho convite para dirigir o espetáculo que se chama “Aí, que pena sereia”, comédia adulta inspirada na Pequena Sereia. A agenda está cheia de temporadas pequenas, inclusive com a peça “Aperte o play e só ria” ao lado de minha irmã e amiga do coração Kayete.

Como você avalia sua trajetória até aqui?
Minha primeira montagem profissional foi “Cristóvão Colombo, o genovês alucinado”, com o grupo de formação de atores do Palácio das Artes, em 1980. Participamos da campanha das kombis na época. Era muito jovem, mas tinha em mim a comédia e a vontade de fazer a plateia rir. Muitos anos se passaram, morei no Rio de Janeiro por quatro anos, voltei para BH e nunca mais parei de fazer teatro. Às vezes, estava com uma peça infantil durante o dia e uma peça adulta à noite. Muita ralação, mas muitas alegrias também. Meu espetáculo de maior sucesso é, sem dúvida, “Como sobreviver em festas e recepções com buffet escasso”, que já estou encenando há 22 anos, com alguns intervalos. Me sinto realizado por ter completado mais de 40 anos de carreira fazendo o que mais me dá prazer nesta vida: teatro. Gratidão a Deus e ao público que sempre me prestigiou

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