Há pouco mais de um ano, o Palácio das Mangabeiras foi aberto ao público. Rebatizado como Parque do Palácio, o espaço exerce fascínio sobre os visitantes. A localização, aos pés da Serra da Curral, é privilegiada.
Leia Mais
A tradicional festa do Oscar não será realizada este ano em Belo HorizonteConcerto de estreia da maestrina Ligia Amadio lota o Palácio das ArtesFigurino de 'Carmen, a grande Pequena Notável' chama a atenção do públicoOrquestra de Câmara Inhotim abre sua temporada de concertos na FEAPampulha Iate Clube promove almoço de confraternização no PIC CidadeOdilon Esteves diz adeus ao personagem Firmino, em novela das 18hParte dessa memória foi revelada no encontro de Luiza Jordá, diretora de comunicação do Parque do Palácio, e Vera Lúcia de Castro Chaves, de 84 anos, que se casou com Israelzinho Pinheiro (1931-2020), filho de Israel Pinheiro (1896-1973), governador de Minas Gerais de 1966 a 1971.
Vera nasceu em Belo Horizonte, foi criada no Rio de Janeiro e conheceu o marido em Brasília, cidade que Israel Pinheiro ajudou a erguer, a convite de Juscelino Kubitschek.
Quando Israelzinho quebrou o pé em um acidente, ele e Vera foram convidados para passar um tempo com o governador e a mulher, Coracy, no Palácio das Mangabeiras. Pouca gente sabe que Roberto Carlos passou por lá. É o que revela a conversa entre Luiza e Vera, que a coluna publica com exclusividade.
Luiza Jordá – Quais são as suas principais lembranças do Palácio das Mangabeiras?
Vera Lúcia – A minha sogra e o dr. Israel eram pessoas muito simples e rigorosas, comandavam a casa com muitas regras. Logo que chegamos, eles cortaram as mordomias, não tinha muito luxo, nem muitos empregados. A governanta e o chefe dos garçons moravam com a gente, os outros empregados iam e voltavam todos os dias, no carro que levava e buscava os funcionários. Piscina, só nos fins de semana, mas a sala de cinema a gente usava todos os dias depois do jantar. Na verdade, esse momento do cinema era com o objetivo de fazer a digestão do dr. Israel. Aos fins de semana, o dr. Israel recebia os outros filhos, que vinham aos sábados e domingos para almoçar e passavam a tarde. Minha sogra jogava biriba aos fins de semana e a família se reunia para jogar.
LJ – Alguma curiosidade?
VL – Uma vez, nós recebemos o cantor Roberto Carlos. Ele era o cantor mais importante da época, e fizemos um evento chamado “Quero que você me aqueça nesse inverno”, projeto social para arrecadar cobertores. Ele fez um show beneficente, depois oferecemos um coquetel para a imprensa no Palácio das Mangabeiras. Foi uma sensação esse evento, mesmo sendo simples, como todos os eventos que minha sogra promovia.
LJ – O projeto do Palácio das Mangabeiras é atribuído ao arquiteto Oscar Niemeyer. Porém, ele nunca o assumiu. Você sabe por quê?
VL – Sei sim! Ele tinha o costume de fazer isso quando alguém mudava, mesmo que pouco, algum projeto dele. Isso aconteceu na construção do palácio também, ele era muito vaidoso, ninguém podia mudar nada dos projetos, senão ele ficava ofendido e dava para a equipe assinar. Isso era típico dele. Meu pai (José Ferreira de Castro Chaves, o Juca) foi muito amigo do Niemeyer, eles trabalharam juntos em muitos projetos, nós fomos para Brasília a convite dele, inclusive.