Um dos espaços mais tradicionais de Belo Horizonte, o Café do Museu está de volta. A partir de quarta-feira (19/4), o restaurante será reaberto no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade. Entre 2000 e 2014, a casa fez sucesso no Museu Histórico Abílio Barreto.
O novo projeto do restaurante é assinado por Cynthia Viana. Para alegria dos saudosistas, o cardápio terá pratos antigos, como o filé com molho de jabuticaba, risoto de brie e alho-poró.
“Era o best-seller no Café do Museu”, conta a empresária Carol Moretzsohn, que comanda a casa. Na entrevista a seguir, ela fala de seus planos:
Seu primeiro passo no mercado da gastronomia teve o apoio do chef Humberto Passeado. Foi ele quem indicou o espaço físico onde o Café do Museu funcionou por 14 anos, no Abílio Barreto. O que Humberto representou para você?
Humberto foi de uma importância sem tamanho. Foi ele quem me introduziu no universo da gastronomia. E não só isso, me fez me apaixonar por esse ramo, abandonar a carreira de arquiteta e enveredar pelos restaurantes. Quem o conheceu sabe a doçura de pessoa que ele era. A forma como ele nos recebia e conduzia nosso tempo era muito especial. Tenho uma gratidão imensa por ele.
No início da década de 2000, Belo Horizonte era carente de espaços como o Café do Museu. Vinte e três anos depois, você chega ao CCBB neste momento em que se observa certa ebulição do mercado da gastronomia. Que características o Café do Museu guarda dos primeiros tempos? Qual será o maior desafio daqui para a frente?
Ao longo dos anos, fizemos vários pratos que ficaram em algum lugar da memória afetiva de muita gente com quem converso. No CCBB, pretendo voltar com alguns do jeitinho que eram, além de revisitar outros trazendo ar mais moderno. O maior desafio é atender a públicos distintos, oferecendo de lanches a jantares interessantes.
Até chegar ao CCBB, o Café do Museu passou pelo Abílio Barreto, Pátio Savassi e Museu Mineiro. O que você guarda de marcante desses espaços?
Foram muitas histórias divertidas. No Abílio Barreto, o Dia dos Namorados tinha filas de espera intermináveis para reserva. Nos dias de jazz ao vivo, recebíamos vários músicos talentosos. Aos domingos, fazíamos um café da manhã memorável. Tenho muitas lembranças boas de lá.
A saída do Café do Museu Mineiro, em 2017, influenciou a criação do Magnólia. Você viveu o desafio de manter o negócio na pandemia. Como ocorreu esse processo?
Na verdade, lá já tinha o nome Magnólia. Foi um período muito difícil, pois ficamos no espaço do Museu Mineiro por pouco tempo, tínhamos feito investimento alto e tivemos que sair. O secretário de Cultura à época entendia que teria destinos mais interessantes para o espaço do que um restaurante. Hoje, sou grata pelo tempo que passamos lá. Estamos atualmente em espaço com estrutura muito maior, que comporta melhor nossa operação. Se não fosse aquele pedido no Museu Mineiro, talvez o Magnólia nem existisse hoje
Você contou que caiu meio de paraquedas no projeto do Café do Museu, em 2000. Como você descreve hoje, quase 25 anos depois, essa transição de arquiteta para dona de restaurante?
Caí de paraquedas porque meu hobby virou a minha profissão. Eu não tinha o preparo necessário para abrir um restaurante naquela época. Mas deu certo. Olho para trás e vejo a trajetória de altos e baixos, muito aprendizado e muitas memórias. Tenho a sorte de sempre ter pessoas comprometidas ao meu lado. O chefe da cozinha, por exemplo, trabalha comigo há quase 20 anos. E não era só ele.
Depois da volta do Café do Museu no CCBB, nesta quarta-feira, você pensa em abrir outro estabelecimento?
Gosto de tomar conta de perto, sabe? Dei sorte, porque o Magnólia e o Café do Museu ficam pertinho um do outro (risos). Pelo menos por enquanto, nem penso em abrir outro. Eu estou muito feliz por ter a oportunidade de abrir no CCBB!