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Coluna Hit entrevista um dos maiores fotógrafos brasileiros

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Walter Firmo é, por excelência, um homem elegante. Pontual nos compromissos, desculpou-se pelos 15 minutos de atraso no encontro marcado com a coluna, nesta sexta (14/7), às 10h30, no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, onde a mostra "No verbo do silêncio a síntese do grito", uma retrospectiva de sua obra, está em cartaz.





Antes do início da conversa, registrada também em vídeo, o fotógrafo recebeu catálogo da exposição para dedicatória. Disse que precisaria ter uma mesa para apoiar o livro e caprichar na caligrafia. Antes de se sentar na única mesa do hall do centro cultural, delicadamente perguntou se poderia ocupar a cadeira da mesa, que só foi ocupada depois do “ok” dos funcionários da instituição que estavam ali por perto.

Walter Firmo é estiloso. Para a manhã fresca de ontem, chegou de tênis, bermuda, camisa de malha estampada. Na cabeça, para se proteger do sol ou só para dar um charme, chapéu de palha. Firmo é amoroso e apaixonado com a mulher, que chama carinhosamente de Lili. Estão juntos há 15 anos, mas moram em casas e estados separados. Ele no Rio de Janeiro; ela, no Piauí, onde espera ficar por mais um ano até a aposentadoria.
 
Bem-humorado, comparou a forma de vida a dois com a dos filósofos (Jean-Paul) Sartre e Simone (de Beauvoir), que estavam juntos, mas cada um em seu canto. Lili diz que não gosta muito da distância, queria ficar mais perto dele por gostar da convivência.





Ela diz que, além da saudade, fica preocupada com ele, se ele está bem. Segundo Lili, Firmo não é chato ou teimoso. Ele só é chato para cortar as unhas, conforme ela diz. O fotógrafo elogia a mulher, dando a ela o título de a que mais o protegeu.

Xangô e Nossa Senhora da Conceição

Walter Firmo é homem de fé. Na mostra, que pode ser vista até 18 de setembro, as imagens inspiradas na religião estão entre as mais emocionantes. Mas, na opinião do fotógrafo, deve haver para mais de 20 deuses. Quando perguntado qual o seu deus, ele diz que, aos 6 meses, foi batizado em uma igreja de Nossa Senhora da Conceição e, desde então, tem a santa como sua mãe. Mas avisa que é da umbanda também. "Sou Xangô." Em uma visão geral, Deus, na avaliação de Firmo, é a natureza.

Walter Firmo é festeiro. Mas para ele não há nada melhor que, aos 86 anos, completados no início deste mês, ter saúde e ter vida independente, sem necessitar da ajuda de ninguém para atividades simples e diárias. Comemora também poder ver a exposição que reverencia a sua carreira. Lembrou o que disse Nelson Cavaquinho , afirmando que, se o quiserem glorificar, que o glorifiquem em vida, porque, depois, serão só flores no caixão.




 
Imagem de Pixinguinha, clicado por Walter Firmo em seu quintal, se tornou um clássico da fotografia brasileira (foto: Walter Firmo/divulgação)
 

O fotógrafo é humilde. Ainda não compreende o assédio do público diante dele, que, é, segundo diz, uma pessoa comum, assim como eu. Respondo que eu não teria o talento para fotografias que emocionam as pessoas por gerações. Ao que, gentil como é, diz que também não saberia fazer as perguntas pertinentes a um repórter. A entrevista completa pode ser acessada no site do Estado de Minas.