Foi curto o tempo entre a publicação nesta coluna do pedido de ajuda para localizar a menina fotografada nos anos 1990 por Walter Firmo – cuja imagem integra exposição do fotógrafo em cartaz no CCBB-BH – e o encontro com Andreia Juliana Alves da Silva. Em pouco menos de 36 horas, a coluna chegou a ela, que está com 37 anos e mora no bairro Bela Vista, no Serro.
"Eu vi a foto publicada no Instagram, mas como minha internet estava ruim, não consegui ler o texto. Minhas amigas me mandaram mensagens", contou.
Andreia lembra com exatidão o que aconteceu naquele dia, dia de Festa do Rosário, no Serro.
"Um fotógrafo (Walter Firmo) chegou até minha mãe (Maria Helena), pediu a ela para fazer fotos minhas e do meu irmão (Onilson). Foi na Igreja do Rosário, no bairro do Rosário." Das fotos, apenas uma, a da garota, pode ser vista na mostra "Walter Firmo: No verbo do silêncio a síntese do grito".
Desempregada, casada, mãe do pequeno Eidryan, de seis meses, Andreia não conhece o acervo em exposição no centro cultural da capital mineira, cidade que não visita desde o seu casamento, há dois anos.
Firmo prometeu que se a "menina deusa", como ele a define na foto, fosse encontrada, faria uma nova fotografia dela. Andreia gostou da ideia, mas, por sua situação financeira difícil, considera remota a possibilidade de viajar do Serro até Belo Horizonte para encontrar o fotógrafo.
Simpática, com um pouco de timidez, ela diz que só viu a foto na rede social. Contou também que sua vida mudou muito dos anos 1990 para cá.
"Rodei o mundo, já fui freira", cita. Mas não frequenta mais as festas religiosas para as quais era levada pela família. "Não sou católica, mas respeito as tradições."