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Peça inspirada em obra de Dostoiévski circula pelo interior de Minas

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Os próximos dois meses serão de trabalho intenso para o produtor e ator Leonardo Horta, que está com dois projetos quase prontos.

No final deste mês, ele estreia o espetáculo "O sonho de um homem ridículo", que ficará em cartaz na Funarte, entre 31/8 e 3/9. A montagem, que já rodou pelo interior do estado, é baseada na obra do russo Fiódor Dostoiévski. 





Em setembro, Leonardo leva para a Pampulha a terceira edição do Circuito Cultural Pampulha, previsto para o período de 18 a 24.

A programação ainda não foi divulgada, mas terá entrada gratuita. Para ele, a Pampulha sempre teve um protagonismo na realização de grandes eventos em BH. 

"Isso se dá principalmente por abrigar o complexo do Mineirão, espaço projetado para receber grandes eventos, esportivos, culturais, religiosos e políticos", diz.

"Aprofundando o olhar e trazendo sob a perspectiva do complexo arquitetônico de Oscar Niemeyer, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, o que se tem é uma profunda dificuldade de realizar eventos mais populares, que atendam prioritariamente às camadas periféricas da Pampulha. Isso se dá muitas vezes pela burocracia empregada na ocupação dos espaços públicos de BH e pela falta de infraestrutura de mobilidade, por exemplo", diz.





Contudo, mantém o otimismo com abertura de diálogo entre o poder público e a cadeia produtiva local. "Porém", afirma, "é necessário ampliarmos o campo do debate e propor uma ocupação que atenda às necessidades da comunidade e, em contraponto, promova a proteção dos equipamentos patrimoniais tombados e ou reconhecidos.

Leonardo destaca o empenho da atual gestão da Secretaria Municipal de Cultura, sob direção da Eliane Parreiras. "Pela primeira vez em mais de seis anos, nós, produtores e artistas, fomos recebidos pela Secretaria, a fim de criarmos juntos um projeto de expansão dos eventos populares na Pampulha, promovendo a inclusão das regiões periféricas e contribuindo com o desenvolvimento da cadeia produtiva local." 


Como a terceira edição do projeto Circuito Cultural Pampulha, em setembro, vai incrementar o movimento cultural da região?

O Circuito Cultural Pampulha foi criado com o objetivo de democratizar o acesso aos equipamentos reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Nós entendemos que uma grade de programação diversificada, 100% gratuita e realizada no entorno dos equipamentos pode surtir o efeito que chamamos de “sentimento de pertencimento”.

Partimos do pressuposto de que oferecendo uma programação de qualidade, um espaço atrativo e aconchegante e confluindo nossos esforços para atuar em perfeita harmonia com o meio ambiente, podemos de fato contribuir para uma maior circulação de pessoas nos equipamentos, provendo a inclusão e oferecendo à população mais uma opção de entretenimento. Vale destacar também os resultados práticos do projeto. 





Quais são os desafios e as facilidades para difundir ações culturais nas regiões que estejam fora do Centro ou da Zona Sul de uma grande cidade como Belo Horizonte?

A descentralização é uma das maiores dificuldades para que um projeto cultural permaneça firme por vários anos. A arquitetura dos grandes centros urbanos foi pensada para promover a centralização das ações, prova disso é a questão da mobilidade urbana.

Enquanto se locomover até a Região Central de BH ficou a cada ano mais fácil, na Pampulha enfrentamos o problema de não termos nenhuma linha de ônibus que circule exclusivamente pela lagoa, atendo os equipamentos - Casa do Baile, Museu de Artes da Pampulha, Casa Kubitschek, Igrejinha São Francisco de Assis, praças Alberto Dalva Simão e praça Dino Barbieri.

É muito importante criarmos com urgência um plano de mobilidade para a região da Pampulha. Com todo o potencial do complexo arquitetônico que é marco da arquitetura modernista no Brasil, não podemos perder a oportunidade de democratizar o acesso e promover a descentralização. 





Alguns dias antes do Circuito, você, como ator, estreia o espetáculo “O sonho de um homem ridículo”, montado a partir de texto de Fiódor Dostoievski. Como a experiência de ator influencia sua trajetória como produtor e vice-versa?

Ser produtor e ser ator são duas faces de um mesmo trabalho. A única diferença entre os dois é o formato de execução de cada função. Como ator, busco ser provocado por aquilo que nos move no dia a dia. Como produtor não é diferente, a cada ano temos a certeza que o processo criativo está muito presente na função da produção. 

Esse espetáculo foi ensaiado ao longo de 18 meses. Deve ser uma experiência rara nas artes cênicas. Como lidou com isso?
A maioria das peças do repertório da Companhia Lúdica dos Atores teve um roteiro parecido de construção. Os processos não chegaram a 18 meses, mas nossa média de montagem é de 12 meses, entre pesquisa, ensaios e estreia.

Entendemos que para se falar bem sobre um assunto é necessário se ter base sobre a discussão em questão. Junta-se isso à epidemia do coronavírus, que proporcionou seis meses a mais de pesquisa por conta das restrições de locomoção, temos um projeto realizado em 18 meses.



Por mais que pareça cansativo, não é. Esse tempo também me ajudou muito no entendimento e na absorção do texto. É um privilégio ter uma obra completa de Fiódor Dostoiévski na cabeça.

Como tem sido a circulação do espetáculo?
"O sonho de um homem ridículo" estreou em Minas Gerais em maio. Passou por Itabira, no Centro Cultural Carlos Drummond de Andrade, com lotação máxima. Participamos depois do Festival de Outono de São João Del Rei.

Embarcamos em seguida para o 8º Festival Nacional de Teatro do Kaos, em Cubatão (Baixada Santista). Depois chegamos à 7ª edição do Festival Nacional de Teatro de Passos.