O tempo apagou algumas referências da moda em Minas Gerais. O Central Shopping, por exemplo, que ocupava o prédio na Avenida Afonso Pena quase com Avenida Brasil, ficou na lembrança de quem viveu o final dos anos 1980 e início dos 1990.
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O que significa para você o convite do mineiro Renato Pagani para trabalhar com ele na Anda Strategy, escritório de moda em Nova York?
Foi um momento mágico. Senti-me honrado, fortalecido e cheio de gratidão. O Renato é um profissional incrível e muito respeitado no que faz. Trabalhar na Anda Strategy é uma forma de me sentir quase realizado.
Como será o seu trabalho?
Serei um braço da Anda Strategy no Brasil. Farei curadoria de marcas e produtos que tenham o perfil que queremos. Vou exercer várias funções, dentre as quais relações públicas, suporte e comercialização dos produtos.
Como vê a produção mineira? Ela vai garantir uma boa curadoria para o escritório?
Minas é celeiro de criadores, o design mineiro é repleto de qualidade, detalhe e criatividade. Cada vez mais, vemos nascer criadores talentosíssimos nas artes, arquitetura, design, joias, bijuterias, gastronomia e vários segmentos. Deparamos com Carlos Penna, Alva Design, Lucas Magalhães e uma infinidade de talentos.
Você arrisca dizer que a moda mineira está em uma de suas melhores fases?
Temos muitos olhares mirando nossa criatividade. Como estamos vivendo instantes de recomeço, enxergo a moda com relevância para a economia. Cada vez mais, vejo marcas já consolidadas encontrando seu nicho específico e se dando bem.
Nos anos 1980, você começou como gerente da Fiorucci, no extinto Central Shopping. Qual é o balanço que você faz da moda? O que você viu, lá atrás, e ainda serve de referência?
O jeans se torna o carnaval da moda, todos querem uma calça azul e desbotada, mas agora com outro status. Surgem as grandes marcas lideradas pela Zoomp, Forum, Fiorucci e tantas mais. A moda passa a ser consumida pensando-se no status que ela vai te dar, em vestir uma peça de etiqueta. Ou seja, popularmente falando, nasce a famosa “roupa de marca”. O glamour começa a tomar conta de todos, que querem parecer bem-nascidos. Dos 80, herdamos o olho clínico para apreciar e distinguir uma peça com qualidade e diferenciação. O uso de cores permanece e o preto é sinônimo de elegância. A década de 80 continua cheia de referências para os dias atuais. Celebramos o estar bem-vestido sem ditar regras. Viva a liberdade e o conforto de vestir!
Você tem mais de 40 anos de mercado da moda, com experiência em vários setores. Quais os momentos mais marcantes dessa trajetória?
Os anos 80 foram a mistura de sonhos e ousadia – década de ouro pra moda, atitude e liberdade. A moda se tornou item necessário e exerceu grande influência nos costumes. Das marcas, cito a Fiorucci, meu batismo na moda; a Salve-Rainha!, da qual fui cofundador, trabalhei com o talentoso fashion designer Martielo Toledo como criador, desbravando espaço para a nova atitude dos anos 90 e recolocando Minas no cenário da moda contemporânea; e a Coven, onde alcancei amadurecimento profissional – vitrine mundial para meu trabalho de direção de comunicação de uma das marcas mais importantes do cenário. Sua diferença é a alquimia do tricô executado pela brilhante designer Liliane Rebehy. Dos projetos, cito o Ponto G Assessoria e Consultoria, primeira franquia do sex-shop que teve vitrines assinadas por Martielo Toledo, loja de rua fixada em ponto nobre. Ter a oportunidade de trabalhar com Lucas Magalhães, sendo inclusive convidado por ele a estrear suas campanhas como modelo e vendo a moda por outro ângulo.