Jornal Estado de Minas

OPINIÃO

Festival Lollapalooza e a liberdade de expressão no meio artístico

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

No festival Lollapalooza, em São Paulo, vimos o TSE proibir comentários políticos durante os shows. A consequência dessa tentativa foi uma chuva de críticas e mais artistas se posicionando politicamente. O jornal New York Times aconselhou seus jornalistas a diminuírem a consulta ao Twitter. Li também uma longa coluna da Mariliz Pereira Jorge, dizendo que o Twitter é uma máquina de moer gente. 




 
O que essas informações têm em comum? Na minha opinião, são reações à falta de organização deste caos de informações em que vivemos.
Um artista externar sua opinião política não pode, mas um político depreciar uma jornalista com um comentário pejorativo nas redes sociais pode?
 
Em meu ponto de vista, as redes sociais foram dominadas pelos vendedores e pelos chatos de plantão. Existe muita informação de qualidade, mas está cada vez mais difícil encontrá-las.
 
Acabou o fator novidade sobre esta quantidade infinita de fotos e selfies. Agora, precisamos decidir se isto é importante para nossas vidas ou não. Durante vários séculos, as informações eram disseminadas pelos poderosos e acatadas pelo povo como verdades absolutas. Os livros de história foram escritos pelos vencedores das guerras e, por isto, não conhecemos a versão dos derrotados.




 
Com a chegada das redes sociais, ganhamos o poder de opinar sem o controle dos poderosos. O famoso “like”, criado pelo Facebook, foi determinante para mudar o sentido das escolhas.
 
Isso tudo vocês já conhecem, mas o que vamos viver nas próximas eleições? Acreditar em que informação? Por que tentar calar a classe artística? Este é um artifício antigo e que conhecemos muito bem. Na história do mundo, isso já aconteceu muitas vezes.
 
Penso que o TSE olhou para o lado errado da situação. Ainda não aprendemos a usar corretamente tanto o poder que nos foi dado. Estamos vivendo um momento muito ácido da humanidade. São vários exageros nas redes sociais, cancelamentos por comentários que não agradam uma parte da sociedade e, também, uma falta de maturidade jurídica para controlar tantas novidades.
 
Chico Buarque e Milton Nascimento já disseram “Afasta de mim este cálice”. Assim como em “Ticket to ride”, dos Beatles, John Lennon lamenta que sua mulher não continue vivendo com ele para que ela seja livre.



A arte instiga e questiona a sociedade e seus valores. A política, seus conchavos e seus desvios também devem ser questionados. Vivemos em um país no qual a capital federal é isolada geograficamente do que acontece no próprio país e se protege para continuar existindo sem mudanças.
 
Acabamos deixando a política para os que aguentam e têm estômago de aço. Se você gosta de redes sociais, assim como eu, não podemos deixar isto acontecer.
 
O desafio é, além de isolar os chatos e exagerados, controlar as mentiras deliciosas que tanto nos agradam por não gostarmos de duras verdades. Vocês estão prontos para viverem com lucidez e intensidade este 2022 e tudo o que envolve o seu pacote completo?