O momento da criação é especial, independentemente do que você faça na sua vida. Pode ser na criação de uma receita de bolo, um novo aplicativo para solucionar algum problema que atrapalha muitas pessoas, um novo drible que dispara milhares de vídeos pelas redes sociais ou compondo uma nova canção.
Estou lendo o livro “Letra, música e outras conversas”, do amigo Leoni, no qual ele conversa com compositores da música pop brasileira e seus caminhos no momento da criação. Não existe regra para compor. Pode-se começar com uma frase ou uma linha melódica. Em alguns estilos musicais, como samba, hip-hop, funk ou música eletrônica, o ritmo é o centro das atenções a ponto de terem criado uma profissão chamada Beatmaker, os criadores de ritmo. Se pensarmos na música clássica a melodia é o fator mais importante. Em estilos mais populares, a letra é um forte elemento contando fatos do cotidiano, descrevendo paixões ou sofrência.
Mas o que é realmente uma criação? No caso da música, a parte autoral gera um bom volume de receita e, por isto, vemos de tempos em tempos um processo de plágio na imprensa. Logicamente que só aparecem processos para artistas que tenham um relativo sucesso. Existe uma frase no mercado que é: “sucesso quer dizer processo”. Se pensarmos que só existem doze notas, haja criatividade para compor novas canções.
Existem algumas sequências de acordes que se encaixam em várias músicas conhecidas. Estas sequências são chamadas de “caminho de casa”. O mais difícil é criar uma música única e que seja simples. Um grande exemplo é Asa Branca. Ela utiliza somente cinco notas em sua melodia.
Normalmente, temos os nossos estilos musicais preferidos e quanto mais escutamos, mais entendemos as diferenças de cada artista e suas canções. Estas semelhanças musicais são muito utilizadas na criação de playlists nas plataformas de streaming e nas rádios.
Custei para entender que as pessoas reclamam de cotidiano, mas também não querem grandes mudanças em suas vidas. Esta é a resposta para encontrarmos tantas coisas parecidas em qualquer área ou segmento. Buscamos padronizar e classificar tudo que consumimos. É uma atitude que nos dá segurança.
Os escritórios de patentes estão aí para proteger as ideias e projetos que possam se tornar muito rentáveis. No mercado musical, quem faz esta função são as editoras.
Hoje em dia, existem empresas especializadas em compor e produzir canções para alimentar nossa sede inesgotável por novidades. Em 2021, eram lançadas, por dia, sessenta mil novas músicas no Spotify. Isto é criação ou variações sobre os mesmos temas?
Há algum tempo o momento da criação perdeu espaço para a eficiência na execução de uma nova ideia. A fábula da cigarra e da formiga é o grande exemplo disto. Enquanto uma fica cantarolando, a outra é o exemplo de eficiência. Mas para que serve a eficiência, sem o prazer ou a beleza?
Voltamos ao início do nosso artigo. Como tudo na vida, o que vale é o equilíbrio. A criação é o início de tudo, mas sem organização e estrutura, dificilmente chegaremos no final da nossa jornada. Qual lado você mais gosta: criar ou executar?