Jornal Estado de Minas

TURISMO E NEGÓCIOS

Vacina e viagem: efeitos políticos e econômicos que influenciam o turismo



E eu, que por alguns meses, achei que bastava a vacina chegar para voltar a viajar normalmente. Ah, esse mundo atual, que não nos permite mais soluções simples e pragmáticas. Na verdade, de tanta praticidade e tanta rapidez tecnológica, criou-se um mercado político e econômico paralelo que não nos deixa ver a realidade nua e crua. A última do setor do turismo é que alguns países estão determinando o tipo de vacina que irá definir quem entra e quem não entra ali.





Seria isso um tipo de nacionalismo de imunizantes que irá ditar o mercado do turismo nos próximos meses? Com o verão chegando no hemisfério norte, a União Europeia planeja permitir a entrada de americanos que foram vacinados com os imunizantes aprovados pelo bloco, segundo a agência de notícias Bloomberg. Ou seja, pessoas vacinadas com as chinesas Sinovac Biothec e Sinopharm provavelmente serão impedidas de entrar nos países que compõem a União Europeia. Já na outra ponta, a China reconhece apenas as vacinas chinesas, e aplica as mesmas regras. 

Então, quando achamos que uma pandemia que afetou em cheio a economia global e cerceou drasticamente a capacidade das pessoas de irem e virem, e que ansiosos pela retomada do setor mais afetado as pessoas estariam seguras o suficiente para voltar a viajar, nos deparamos com mais essa. Uma divisão global, que parece não levar em conta a necessidade médica e a eficácia da vacina. 

E eu confesso que me pergunto diariamente o que será que vamos aprender com isso tudo. O significado de coletividade, prioridade e humildade pelo jeito não é. Falando apenas do turismo, mas com a sensação de que se aplica a muitas áreas, a vacina é uma questão que vai além da medicina e da indústria farmacêutica, que sozinhas já seriam suficientes para uma onda global de solidariedade e luta coletiva pela vida. Não apenas pela nossa sobrevivência, mas para voltarmos a viver. Como já falei aqui na coluna no texto  “Quando eu voltar a viajar”, as pequenas coisas do dia a dia que nos trazem doses homeopáticas de felicidade.





Mas agora, na hora de planejarmos a próxima viagem de férias teremos que incluir no nosso check list o destino que vai nos receber, baseados na nacionalidade da vacina que tomamos. Nesta mesma notícia que citei acima, a matéria narra uma situação. Um casal, onde a mulher é chinesa e executiva que viaja muito pela China e o marido, britânico, que regularmente viaja para a Europa. Ou seja, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza e até que a morte os separe, ou a origem da sua vacina contra o coronavírus. Porque viajar juntos tão cedo eles não vão. Pelo menos nas viagens internacionais.

Não apenas a vacina, mas o reconhecimento dela é fundamental para que destinos dependentes do turismo consigam ver uma luz no fim do túnel. E mais, para que os viajantes não precisem escolher seus destinos, de lazer ou de negócios, baseados numa política que só privilegia poucos, e deixa de fora tanta gente, que além de talvez terem adoecido ou perdido um ente querido, serão diretamente afetados por esse protecionismo já tão fora de moda.

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