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Estado de Minas TURISMO E NEGÓCIOS

O caso Arthur do Val, o Mamãe Falei: turismo sexual não existe!

Entenda porque não se pode chamar de atividade turística uma prática que é, na verdade, crime


08/03/2022 06:00 - atualizado 08/03/2022 07:37

deputado Arthur do Val
O deputado Arthur do Val (foto: Reprodução/Redes Sociais)


O recente fato protagonizado vergonhosamente pelo deputado Arthur do Val, em viagem para a Ucrânia, levantou novamente o termo “turismo sexual”. Em áudios vazados, ele se refere às mulheres ucranianas de maneira vulgar, considerando voltar lá no ano que vem para fazer o que em situação de guerra ele não teve como fazer. É preciso entender que nem tudo é turismo, como as pessoas teimam em acreditar.
 
Qualquer motivo, por mais bizarro ou asqueroso que seja, se transforma em turismo de alguma coisa. Porém, é preciso ficar claro que, o termo “turismo sexual” deve ser abolido do vocabulário mundial, em qualquer idioma. Turismo sexual não existe! O que existe é exploração sexual e nada tem a ver com a atividade turística.

Utilizando a definição da agência da ONU, a Organização Mundial do Turismo – OMT, “turismo é o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”. Esta definição, apesar de explicar em linhas gerais o que é o turismo, deixa por detalhar alguns pontos. Entretanto, basta um mínimo de bom senso, para perceber que o turismo deve ser um conjunto de atividades que acontecem dentro da legalidade e da ética. Também não precisamos pensar muito para concluir que que a última palavra da definição: “outros”, não inclui exploração sexual.

O turismo é sim uma atividade econômica, que obviamente tem por natureza movimentar as práticas comerciais de serviços, estruturas e produtos. Mas deve acontecer dentro das normas comerciais, o que não inclui serviços sexuais. Infelizmente, quase todas as atividades possuem seus desvios, faz parte da natureza do ser humano (alguns deles) estragar o que possui nobreza em sua essência. Quando um médico comete assédio sexual dentro do consultório, ninguém diz que ele está praticando “medicina sexual”. Quando um chefe assedia uma funcionária, ninguém chama isso de “expediente sexual”. Então, porque uma atividade que gera tantos empregos, qualidade de vida, sustentabilidade e renda é tratada em seu desvio como “turismo sexual”?

Não cabe essa terminologia para nominar o que o tal deputado pretendia fazer. O que ele pretendia fazer (ou pretende, sem ser descoberto) é exploração sexual. É inaceitável tratarmos isso como turismo. Apesar da amplitude da definição da OMT sobre o que é turismo, não se pode achar que, qualquer deslocamento, qualquer hospedagem e qualquer programa pode ser tratado puramente como turismo. E ainda, quando atribuímos o termo turismo a um crime, que é a exploração sexual, este crime automaticamente fica menos grave. Afinal, turismo é considerada uma atividade de lazer e prazerosa.
 
Se adicionado a isso ainda temos mulheres em situação de vulnerabilidade, seja ela financeira, já que segundo Arthur do Val elas “são fáceis porque são pobres” ou emocional porque “são supersimpáticas e super gente boa” em uma situação de guerra, o que gente do tipo dele faz é ainda mais grave. Aliás, o mais grave não é o que ele fez (porque por sorte não chegou a acontecer), mas quem ele é. Acabou deixando à mostra uma parte obscura do seu caráter que mostrou realmente quem são tipos de pessoa como ele, que têm a cara de pau de se autodenominar turistas.

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