E se, de repente, o Rio de Janeiro não tivesse mais o Pão de Açúcar? E se o Monte Fuji, que está lá há mais de 100 mil anos, estivesse sob ameaça? E se uma notícia informasse que o Mont Blanc, na França, deixaria de existir em 10 anos? E se a Serra do Curral, em Belo Horizonte, fosse, na calada da madrugada, tomada por um projeto de mineração? Não é difícil saber qual das situações acima corre risco de se tornar realidade. Nesta última semana, os belorizontinos assistiram, incrédulos, a possibilidade que mais nos parecia remota, mesmo após tantos alardes nos últimos anos.
A Serra do Curral muitas vezes é a moldura, outras tantas é a própria protagonista da capital mineira. Por aqui mesmo, já escrevi sobre as janelas de Minas Gerais e como a Serra do Curral pode ser lindamente observada pelas janelas do Novotel BH Savassi.
Ela também pode ser admirada de tantos outros pontos turísticos, como terraços no centro da cidade e ao caminhar entre uma rua ou outra, em diversas regiões da cidade. É emocionante ir subindo a avenida Afonso Pena e ver a Serra se erguendo majestosamente diante dos nossos olhos.
Atrativos desse porte dão personalidade a qualquer destino - afinal, marcam presença. Às vezes, uma cidade poderia ser qualquer uma, mas ela possui aquela característica, aquele monumento que a torna única. Que basta uma foto para sabermos de onde estamos falando.
Alguns atrativos edificados conseguem fazer bem esse papel, mas o os naturais... ah! Esses têm personalidade própria. Foram plantados e moldados pela natureza, são genuínos. São atrativos que enchem de orgulho seus moradores e acolhem os visitantes. São pontos de fotografias e de história. Não apenas a história do atrativo em si, mas carregam a história de todos que passaram por ali. Será que nós, belorizontinos ou turistas na capital mineira, gostaríamos de um dia apontar em uma direção e dizer:
'Sabe ali? Antigamente tinha uma serra que emoldurava a cidade. Olha só, tenho uma foto de recordação'.
Até quando teremos que lutar pelo óbvio? Até quando teremos que colher assinaturas de milhares de pessoas para desfazer a insanidade de meia dúzia? Não faz mais sentido explicar o óbvio, já deveríamos saber disso e fazer o que deve ser feito. Já não cabe mais pensar num horizonte de 4 ou 8 anos, precisamos de um horizonte maior e que se sustente. Não podemos querer um futuro ou resultados diferentes apostando em commodities de curto ou médio prazo. Nossa economia precisa urgentemente ser mais criativa, nossas alternativas precisam ser pensadas mais rapidamente e implantadas na mesma velocidade das revoluções industrial e tecnológica.
Já passou da hora de uma unanimidade para perceber que nem sempre podemos colocar preço naquilo que tem valor. Qual o valor da Serra do Curral para Belo Horizonte e seu entorno? Será que é possível colocar preço na identidade da capital mineira? Mais do que reflexão é necessário ação. Ações de inovação e criatividade garantem o futuro e protegem o passado, e assim possibilitam que muitas gerações, de moradores e visitantes, possam desfrutar de Belo Horizonte horando o nome que batiza a cidade.
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