Jornal Estado de Minas

TURISMO E NEGÓCIOS

Expectativas para o turismo em 2023

Já sabemos que turismo é muito mais do que o ato de viajar, mesmo que a viagem em si seja a protagonista do setor. Ano novo sempre nos gera expectativas, tanto para quem viaja, quanto para quem trabalha com turismo. O futuro do setor, no curto e no longo prazo, atinge a vida de muita gente. Seja nas políticas públicas, seja no mercado, seja para o consumidor. Considerando ainda que, temos novo Governo Federal, novos governos ou novas gestões estaduais, mercado do turismo com diversas realidades e novos comportamentos do turista pós pandemia. Então, hoje é dia de refletir um pouco sobre o turismo em 2023: o que podemos esperar?

Começando pelo setor público, quase sempre iniciamos em déficit. Pois apesar dos esforços de diversos gestores, o turismo ainda não é uma prioridade para o país. Os altos investimentos ainda são pequenos, diante das enormes proporções e possibilidades do país. Já os pequenos empreendimentos, na maioria das vezes, ainda não conseguem atuar da maneira técnica e profissional que o turismo, e os turistas, precisam. Não sabemos bem ainda o que esperar do novo cenário econômico do país, são muitas variáveis que podem interferir na tomada de decisão dos grandes investidores do turismo. Entretanto, historicamente, o novo governo já nos mostrou maiores e melhores iniciativas ligadas às políticas públicas de turismo e cultura. O Programa de Regionalização do Turismo que já foi uma referência de política pública, pode voltar mais forte. Ou pelo menos, assim esperamos.





De acordo com Fabrício Amaral, Secretário de Estado de Turismo de Goiás e Presidente do Fornatur – Fórum Nacional dos Dirigentes Estaduais de Turismo, “as expectativas para o turismo em 2023 são boas! O Fornatur está participando da transição do Ministério do Turismo, no intuito de fortalecer Ministério e, consequentemente, os estados. Além da retomada dos convênios com os estados e do Programa de Regionalização do Turismo, o fórum irá atuar também apoiando o fortalecimento da Embratur, para a promoção internacional do Brasil. O turismo no Brasil precisa de união, e é nesse sentido que o Fornatur pretende atuar em 2023”, destaca.

A sustentabilidade no turismo também continua em destaque no próximo ano. O termo, que em algum momento, foi apenas uma “modinha”, vem ganhando solidez. Projetos estruturados dão nova cara ao termo, que tende a deixar de ser moda e se tornar uma realidade em destinos e empreendimentos. Um exemplo é o empreendimento que fica em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, o Quinta da Estância. Com o gestor Rafael Goelzer à frente do empreendimento que foi fundado pelos seus pais lá na Eco 92, o Quinta da Estância foi o único empreendimento do Rio Grande do Sul a conquistar o 10º Prêmio Nacional Braztoa de Turismo Sustentável e ESG. Eu já estive por lá, e pude conferir de perto como o empreendimento tem não apenas um empreendimento sustentável, mas uma cultura de sustentabilidade que reflete em toda a experiência turística que acontece lá. Além do Quinta da Estância, receberam o prêmio também o Programa de Capacitação em Turismo Sustentável, da CVC Corp, o Projeto Yaripo – Ecoturismo Yanomami, do Amazonas, o Programa Parques do Paraná, o roteiro Quilombo Cultural de São Luiz, no Maranhão, o Turismo de Base Comunitária Valorizando a Cultura Caiçara, de São Sebastião, em São Paulo, o Cafezal em Flor Turismo e Cafés Especiais, em Monte Alegre do Sul/SP), o Florin Experience em, Domingos Martins, Espírito Santo, o Programa de Turismo Regenerativo Biofábrica de Corais e a Estância Mimosa Ecoturismo, em Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Aliás, Bonito sempre faz bonito. E nessa última semana o município foi certificado como o primeiro destino do mundo em carbono neutro. A entrega foi feita pela Green Initiatives, uma das 30 empresas certificadoras reconhecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e responsável pelos levantamentos de índices e do diagnóstico de toda a emissão de gás carbônico do município e pontualmente da atividade turística. Ou seja, sustentabilidade no turismo não é a bola da vez, é uma realidade, e certamente os turistas colocarão na balança de decisão os destinos que fazem esse tipo de investimento. 





Os eventos parecem ter voltado com força total em 2022, e em 2023 os destinos e empresas devem voltar a investir nas feiras do setor com o objetivo de promoção e comercialização do turismo brasileiro. Um exemplo foi o Festival de Turismo de Gramado deste ano, que chegou com o dobro de tamanho e se colocando como um dos mais estratégicos do setor. Mas, como sabemos que o turismo trabalha em rede, é importante mantermos a engrenagem funcionando, e, infelizmente, terminamos o ano com a greve de pilotos e comissários de voo. O transporte aéreo é um dos grandes desafios do turismo no Brasil, que por suas dimensões continentais depende muito das companhias aéreas, que são poucas. E não é segredo para ninguém que baixa concorrência inflaciona o mercado. Junta-se a isso, a insatisfação do capital humano, temos aí um grande problema de curto prazo, e que chega rapidamente no turista. A abordagem da advogada e colunista Luciana Atheniense, explica os impactos para passageiros. Este é um dos investimentos que deveria ser trabalhado em diversas esferas, a fim de aumentar a concorrência e melhorar a circulação aérea pelo país. O assunto deveria ser uma prioridade para o Brasil, e com a devida atenção que merece, para evitarmos outro fiasco, como foi o caso recente da Itapemirim.  

Infraestrutura e estrutura turística, políticas públicas, inciativa privada atuante e qualificada, e promoção de destino, em perfeita sintonia seriam nosso sonho dourado. O Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, tem feito um trabalho que alia cultura e turismo em Minas Gerais, entendendo a importância que um tem para o outro. A transição do novo governo apontou corte de 98% em infraestrutura turística e preocupa. Para ele, “é histórico a parca imagem do Brasil no exterior como destino turístico. Em 30 anos, quase nenhuma alteração no número de entrantes, que continuam no patamar dos 6 milhões de turistas internacionais. Isso se deve a quase que total falta de política de promoção dos destinos, sejam eles para o próprio país ou para o exterior. Vende-se um país estereotipado, vende-se praia e sol esquecendo-se de que o brasil é um fenômeno cultural diferenciado, do qual a própria praia é paradigmática para o mundo. Os cortes previstos dentro de um cenário já dilacerado, mostra o não entendimento de que é o turismo o maior gerador de emprego no mundo, e o Brasil uma potência que, ao que parece, continuará sem importância nos próximos anos. Perdemos todos”.

Fato é que entre tempestades e bonanças precisamos reconhecer que o setor vem caminhando. Seja com o olhar atento, e até mesmo indignado, de alguns gestores, seja com a iniciativa privada tomando a frente para que as coisas aconteçam. Minas Gerais, fez bonito também este ano. Voltou a participar de feiras e tem tido um olhar estratégico para o turismo. O grande aprendizado para o setor, quem nos trouxe foi, certamente, a pandemia. Que tirou o turismo do fim da fila. Inicialmente, mostrando a fragilidade do setor. E agora, já mais maduros, percebemos todos que, “o que não mata, fortalece”. O turismo quer continuar no início da fila, desta vez gerando fluxo, renda, emprego e claro, muitos sonhos e experiências para os turistas. 


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