Este texto não é sobre política. Aliás, muito pelo contrário. Ontem, foi a anunciada aquela que vai ocupar a cadeira mais importante do turismo no Brasil. A nova ministra do Turismo, Daniela do Waguinho.
Sim, o "sobrenome" é o nome do marido, prefeito de Belford Roxo. Uma das cidades nada turísticas do estado do Rio de Janeiro. O currículo dela passa por Secretaria Municipal de Educação, Secretaria de Assistência Social e Cidadania, com formação em pedagogia.
E, na política, como deputada federal pelo Rio de Janeiro, desde 2018. Este ano, Daniela do Waguinho, foi a candidata mais votada à Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro, defendendo a pauta de defesa da mulher, da criança - com ênfase nos autistas - e do idoso.
Neste breve resumo da carreira da nova ministra, qualquer leigo pode perceber a péssima escolha do novo
governo para o Ministério do Turismo, para os próximos anos. Mas convido a uma reflexão mais profunda sobre os riscos para o setor do turismo, que muitos dizem ser o futuro, o mais promissor e, também, o mais afetado pela pandemia do corona vírus.
Se, na semana passada, eu escrevia sobre as expectativas para o setor em 2023, hoje vejo um futuro mais incerto. Pode ser uma grata surpresa? Pode. Mas, sinceramente, e tecnicamente, temos tantos "se", que o futuro do turismo como setor de desenvolvimento social e econômico do país, parece mais uma vez ter sido preterido.
Se, na semana passada, eu escrevia sobre as expectativas para o setor em 2023, hoje vejo um futuro mais incerto. Pode ser uma grata surpresa? Pode. Mas, sinceramente, e tecnicamente, temos tantos "se", que o futuro do turismo como setor de desenvolvimento social e econômico do país, parece mais uma vez ter sido preterido.
Se a nova Ministra do Turismo montar uma equipe técnica competente, se criar uma boa interlocução com o trade, com os estados e municípios, se entender de maneira quase instantânea o que acontece com as políticas públicas do turismo pelo menos nos últimos 20 anos, se ela não for apenas uma pessoa que viaja e acha que opiniões são suficientes para transformar o setor.
E por fim, se ela souber articular não apenas no congresso, mas no mercado com os principais players. Porque turismo é atividade de mercado, e quem não sai do gabinete para saber o que acontece nas transações comerciais, não há política pública que sustente o setor.
O fato é que, existem muitos, mas muitos nomes que poderiam ocupar a cadeira dando mais segurança para o setor, e até mesmo garantindo as necessidades políticas do novo governo. Políticos que defendem a pauta do turismo ou gestores públicos que já possuem uma carreira no turismo, seriam capazes de dar resultado e esperança ao setor. Falamos regularmente dos números que o turismo é capaz de movimentar no mundo.
Repetimos, a cada ano, os 89 milhões de turistas que visitam a França, sendo 33 milhões só em Paris, contra os parcos 6 milhões anuais do Brasil inteiro. Repetimos a pouca concorrência aérea, repetimos que temos potencial de crescimento no turismo, que temos as melhores praias, as mais lindas cidades históricas, e o povo mais acolhedor. Mas não conseguimos fazer isso tudo virar desenvolvimento em grande
escala. E assim, não crescemos. Continuamos a ser apenas, o país das commodities.
A cada ano vemos estrangeiros investindo no setor privado do turismo no Brasil, e os próprios brasileiros cada vez com mais dificuldade de empreender.
A informalidade que pouco melhora, e a carreira no turismo sendo apenas um degrau para alguma profissão mais glamorosa. E quando achamos que, após a pandemia, o turismo seria visto com mais seriedade e profissionalismo, recebemos a troca de um "sanfoneiro" que não tinha ideia do que acontecia no turismo brasileiro, pela moeda política mais rasa e que mais prejudica o desenvolvimento de um país.
Nos resta rezar para a economia caminhar bem, pois assim, pelo menos as pessoas continuam viajando, os
investimentos privados acontecem e estados e municípios com gestão competente conseguem "tocar o barco".
Será que, no fim das contas, na melhor das hipóteses, vamos nos contentar com uma ministra que tem uma excelente equipe técnica, e que assina o que tem que assinar e sorri nas fotos? Ficam órfãos os eleitores dela que acreditaram numa plataforma voltada para a defesa da mulher, da criança - com ênfase nos autistas - e do idoso, e fica o setor do turismo com a madrasta, que pelo menos na maioria dos contos de fadas, chega ocupando o lugar da mãe, que resolveria todos os nossos problemas.
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