No fim de 2022 eu fui convidada para a “árdua” missão de ser jurada na 1ª edição do Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Alagoa e Mantiqueira de Minas, organizado pela Emater – MG. No mesmo dia também aconteceu o 15º Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal. Mas calma! Vamos entender, ainda neste texto, a diferença entre os dois, e o porquê de o concurso separá-los. Em um delicioso dia de degustação, cheguei a conclusão que o queijo é o novo ouro de Minas. Mas o melhor é que nossa mina não ficará exaurida, muito pelo contrário. A cada ano, podemos perceber, e degustar, que a qualidade do queijo mineiro aumenta, tal qual sua produção, o que faz com que o gostinho de Minas possa atravessar fronteiras.
A gastronomia de Minas Gerais já é consolidada como uma das melhores do mundo. E muito deste título se dá, acredito, não apenas pelos sabores deliciosos dos pratos e especiarias, mas também pela cultura e história que cada um carrega. Por isso, o arroz com feijão é diferente, a couve é mais fininha, o café tem mais aroma e sabor, a cachaça desce macia... E o queijo? Ah, o queijo! Lembra casa de vó, até para quem não teve a vó presente. Porque a casa de vó está no imaginário de todo mundo, e o queijo de Minas Gerais consegue tornar físico aquilo que sentimos, lembramos ou imaginamos.
E com essa pegada emocional, mas extremamente técnica, a Emater – MG vem conseguindo apoiar os pequenos e médios produtores de queijo artesanal a colocarem sua produção no mapa da gastronomia mundial. Junto com a produção de queijo, os municípios se transformam em destinos turísticos. Afinal, a gente quer saber de onde vem o novo ouro de Minas, não é?
O Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal completou sua 15ª edição. Mas a grande novidade do Concurso Estadual do Queijo foi a realização da primeira edição do Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Alagoa e Mantiqueira de Minas. “O que permitiu fazer uma edição especial do queijo Alagoa e Mantiqueira de Minas é porque agora têm um regulamento. E o Queijo Minas Artesanal (QMA) e o Alagoa têm perfis diferentes. O QMA é um queijo com leite cru, que não passa por nenhum processo de aquecimento. Já o Alagoa é de leite cru também, mas a massa passa por um processo de aquecimento. Então o modo de fazer, a textura e a consistência são diferentes, por isso não podemos julgá-los em categorias iguais“, explica a coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues.
Então, vamos conhecer os vencedores e os destinos dessas delícias mineiras? No 15º Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal, o grande vencedor foi o “Queijo da Cristina”, produzido por Maria Cristina Costa Faria. O queijo é produzido no município de Vargem Bonita, que fica na região da Canastra. A região que carrega o nome de um dos queijos mais famosos do estado também oferece muitas atrações turísticas. Vargem Bonita é uma cidade pequena, simples e hospitaleira. Por estar localizada próxima ao Parque Nacional Serra da Canastra é o destino de quem busca tranquilidade, sossego, harmonia com a natureza e ainda quer conhecer a nascente do Rio São Francisco, que segue dali até sua foz, no estado de Alagoas, onde encontra o Oceano Atlântico. A cidade fica entre duas portarias do parque. A Portaria Casca d’Anta é o acesso mais fácil à cachoeira de mesmo nome, dotada de mirantes e piscinas naturais. Com 186 metros de altura, é considerada o cartão postal da região. Pela Portaria São Roque de Minas, o turista tem acesso a outros pontos do parque, como o Chapadão da Babilônia, o Paredão da Canastra, a Nascente do Rio São Francisco, o Curral de Pedras, a Fazenda dos Cândidos, a Garagem de Pedras e a Torre Serra Brava, com 1.496 metros. Além das Cachoeiras da Chinela, da Lavra, Lavrinha e Sebastião, sendo as duas últimas opções para trilhas de aventura.
O segundo lugar ficou com o “Queijo Bicas da Serra”, do produtor José Orlando Ferreira Júnior. O queijo é produzido no município de Carrancas, na região Sul de Minas Gerais. A cidade é dos destinos de ecoturismo mais procurados no estado, por seu número de cachoeiras, serras verdes, poços e grutas. Em terceiro lugar, ficou o “Queijo Tropeiro”, que é produzido por João José de Melo, na Fazenda Pavão, no município de Serra do Salitre. O município fica na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Além do queijo premiado, o município também tem grande produção café, a combinação perfeita para nosso cafezinho da tarde. Trilhas e a cachoeira da Peta completam o passeio.
E agora vamos entender um pouco mais sobre os Queijos Artesanais de Alagoa e Mantiqueira de Minas, os quais eu tive o prazer de degustar amostras de 18 produtores. Também com nível altíssimo, apesar do concurso estar na primeira edição. Deste queijo espera-se uma similaridade com o queijo parmesão, com uma cor uniforme, de branca a amarelada, formato cilíndrico, com crosta fina e sem trincas. A consistência deve ser semidura, quase dura, que obviamente vai variar de acordo com o período de maturação. Esta estrutura fará você se deliciar com um sabor lático, ligeiramente ácido, moderadamente salgado, podendo ser um pouco picante. E o grande vencedor desta categoria foi o Queijo Fazenda Entre Morros, do produtor Marcelo Fonseca de Andrade. O segundo lugar ficou com o Queijo Sabor de Alagoa, do produtor Antônio de Barros Júnior. Ambos do município de Alagoa, que fica localizado entre as montanhas da Serra da Mantiqueira ao Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Aiuruoca e Itamonte. Pequena e tranquila, a cidade preserva nos seus costumes, a culinária, as tradições, as festividades, a arquitetura colonial e a cultura do homem do campo do Sul de Minas Gerais.
Já o terceiro colocado foi o Queijo Almeida Guimarães, que fica na cidade de Itanhandu, região da Mantiqueira de Minas. A região contempla diversos municípios charmosos que produzem o queijo típico: Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto. A região, que possui um inverno rigoroso, atrai casais e aqueles que buscam turismo de aventura. Afinal, são diversas cachoeiras, picos e tipos de vegetação. Não existe combinação melhor que natureza, frio e queijo!
A riqueza de Minas Gerais está no dia a dia. Naquilo que se come, se bebe e nas pessoas ao redor da mesa. Nas caminhadas pelos diversos tipos de vegetação que o estado possui. Para nosso novo ouro prosperar, é preciso que ele seja reconhecido como mais do que um alimento, como um retrato dos nossos costumes. Os produtores de queijo têm avançado a cada produção. E cabe aos destinos trabalharem os queijos de Minas Gerais como parte da cultura local. Afinal, é isso que os turistas buscam, muito mais que cidades e comidas, buscam experiências!
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