COLUNA DO JAECI

Erros crassos me levam a defender o fim do VAR

O grande problema é que, com a implantação do VAR, nenhum árbitro assume mais a responsabilidade. Prefere jogar para quem está no caminhão, saindo do estádio como o 'bonzinho'

Jaeci Carvalho
O VAR foi adotado no Campeonato Mineiro e no Brasileiro desta temporada - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 20/4/19


O árbitro de vídeo é o grande vilão do futebol brasileiro. O dispositivo, criado para diminuir ou acabar com os erros dos árbitros em campo, tem sido um suplício para quase todos os clubes brasileiros. O árbitro de campo tem frações de segundos para decidir um lance. Com o VAR, são inúmeras câmeras, que deveriam ajudar os árbitros que ficam no caminhão a auxiliar o que está em campo. O que temos visto, porém, são erros crassos. O pênalti no Ganso, no jogo com o CSA, foi dos erros mais absurdos que já vi. Como pode um cara com tantas câmeras e vários ângulos à disposição não enxergar a penalidade? Outra coisa importante: o pênalti foi descarado, não precisava nem árbitro de vídeo. Bastava o árbitro em campo ver e assinalar.
O grande problema é que, com a implantação do VAR, nenhum árbitro assume mais a responsabilidade. Prefere jogar para quem está no caminhão, saindo do estádio como o “bonzinho”. O torcedor vai reclamar do VAR, e não do árbitro de campo.

Sempre fui a favor de tal dispositivo, mas da maneira que está sendo usado, prefiro que acabem com ele. A demora nas marcações dos lances polêmicos é absurda. Já tivemos jogo com 5 minutos de paralisação. O torcedor não sabe se comemora ou se espera pelo VAR. O narrador não sabe mais se narra o gol, pois pode acabar com sua corda vocal e não ter valido nada. Leonardo Gaciba, chefe da arbitragem da CBF, disse que o tempo vai baixar e que o ideal é uma demora de 1min20. Acho uma eternidade para um jogo de futebol. Na Inglaterra, os clubes estão chiando e não seria novidade se a Premier League extinguir tal dispositivo. E, pra falar a verdade, a polêmica aumentou de maneira assustadora. Em todo jogo há dúvidas, reclamações, interpretações equivocadas. O futebol está chato e os erros não acabaram.
Ao contrário, aumentaram!

Gaciba disse que estuda pôr mais um árbitro em campo, para auxiliar o árbitro principal, como no basquete. Discordo veementemente. Vai virar um samba do crioulo doido. Um árbitro em campo e um de vídeo já não está dando certo. Imaginem mais um em campo? Ou os árbitros de vídeo são treinados de verdade, ou então é melhor acabar com eles. É inadmissível o cara ver o lance por vários ângulos, em câmera lenta e, ainda assim, errar. Não acredito em má-fé nem tampouco em árbitros venais. O problema é a interpretação. Para alguns, a bola bateu na mão, é pênalti. Para outros não é.
Cada um interpreta de uma maneira. E o árbitro de campo sempre foi o responsável pelas decisões. É isso que determina o chefe da arbitragem, mesmo com o VAR. Porém, com medo, eles preferem transferir a responsabilidade, lavando as mãos, como Pôncio Pilatos. Na Copa do Mundo o VAR foi um sucesso, pois o nível dos árbitros europeus sempre foi ótimo. No Brasil, como a arbitragem é horrorosa, das piores do mundo, vamos ter a fama até no VAR. Que coisa horrorosa! Conversando com meu amigo Arnaldo Cezar Coelho, ele me disse que sempre foi contra a implantação do VAR, mas que o problema é que na Europa os árbitros são respeitados e suas decisões, ainda que equivocadas, não são contestadas. “No Brasil, o árbitro não é respeitado por ninguém”, diz ele. Porém, Arnaldo acha difícil acabarem com o VAR. Acha que o dispositivo chegou para ficar e que a questão é de adaptação e correção. “Com o tempo, tudo vai se equalizar e dará certo.” Arnaldo foi o melhor juiz da história do nosso futebol, e apitou a final da Copa de 1982, entre Alemanha e Itália, ficando na história por erguer a bola do jogo no apito final.

Rogério Ceni

Mandei mensagem ao novo técnico cruzeirense, recebendo dele a reciprocidade. Disse que o futebol precisa de gente séria e competente como ele e que vou apoiar seu trabalho, pois os jovens treinadores, que pensam futebol como arte, drible e gol, precisam do apoio de todos, principalmente dos torcedores. Ceni jogou mais de mil partidas pelo São Paulo, viu os jogos ali de trás e conhece esquema tático como poucos. Será preciso dar a ele tempo para trabalhar e, principalmente, apoio nos momentos difíceis que poderão vir. Rogério tem a cara do Cruzeiro, que tem um DNA ofensivo. A estreia contra o Santos foi excelente. Que os bons ventos voltem a soprar pelos lados da Toca 2, e que Ceni seja um grande vencedor, já que, como jogador, é o maior ídolo da história do São Paulo, um dos ídolos do Brasil.

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