O atacante português Cristiano Ronaldo, eleito o melhor do mundo por cinco vezes, deu um grito com relação às transações no futebol mundial: “Qualquer jogador que não provou nada vale 100 milhões de euros”. Ele está completamente certo. É uma vergonha o que temos visto nas janelas europeias, quando os clubes se reforçam. Qualquer jogadorzinho é vendido por 70, 80, 100 milhões de euros. Jogadores desconhecidos, que jamais ganharam nada. Lembro-me quando o Liverpool comprou o goleiro Alisson, da Roma, por 75 milhões de euros, a negociação mais cara em se tratando de um goleiro. Alisson já havia fracassado na Copa da Rússia e só conseguiu ganhar a Champions League na temporada 18/19. É só um dos muitos exemplos que temos visto mundo afora. Quando o PSG pagou 222 milhões de euros por Neymar, que também não provou nada no futebol, o mercado se desestabilizou e virou essa bagunça. Neymar não foi eleito o melhor jogador do mundo, não ganhou Copa do Mundo e não ganhou Champions League como protagonista. Ganhou em 2015, mas com Messi comandando o Barça. Hoje, o clube francês percebeu que comprou gato por lebre e quer recuperar o investimento feito. Só que ninguém quer pagar. Os clubes o querem na base de trocas e de quantia bem inferiores a que foi paga por ele. Realmente é uma vergonha!
O futebol mundial está nas mãos de dois empresários: o português Jorge Mendes e o iraniano Kia Joorabchian. São eles quem negociam os principais jogadores dos clubes europeus e determinam o preço do mercado. Estão fazendo o trabalho deles. São credenciados para isso. Porém, os clubes deveriam se unir e dar um basta a esses números exorbitantes. Por mais que o futebol renda bilhões e bilhões de dólares para clubes e federações, os salários são irreais e as negociações, fantasiosas. É inadmissível um jogador de futebol ganhar 30 milhões de euros por temporada. Messi e Cristiano Ronaldo merecem, mas jogadores comuns, jamais. Lembro-me do galáctico time do Real Madrid, com Zidane, Ronaldo Fenômeno, Beckham e Roberto Carlos. O salário anual era de 6 milhões de euros. Hoje, qualquer jogador comum, em vários clubes europeus, ganham 10 milhões de euros anuais. Um descalabro. Ronaldinho Gaúcho, que construiu a história do Barcelona de 2005 para cá, dando outra visão de futebol, ganhava 9 milhões de euros por ano. Messi, que era seu discípulo e reserva na conquista da Champions em 2006, em Paris, hoje ganha 35 milhões de euros anuais. Mesmo sendo gênio da bola, é um salário irreal.
No Brasil, a coisa é pior ainda. Clubes quebrados, na lama, pagando salários mensais de R$ 1,5 milhão a jogadores medianos. O Flamengo e o Palmeiras têm patrocinadores fortes. O clube paulista tem uma mulher, apaixonada, que banca tudo. É dona de uma empresa que empresta dinheiro a juros. O que entra fácil, sai do mesmo jeito. O Flamengo, com receitas astronômicas em arrecadações, pois o Maracanã vive lotado em seus jogos, tem uma folha salarial mensal de R$ 25 milhões, um completo absurdo para um país com a economia quebrada, sem perspectiva. Pior é saber que os clubes repatriam “ex-jogadores em atividade”, ganhando fortunas. Por isso, estão todos de pires na mão, mendigando cotas de TV antecipadas para sobreviver. Na terça-feira, os jogadores do Figueirense deixaram de entrar em campo, protestando contra atrasos de salários. O clube perdeu por WO. Não há como dissociar a crise econômica do país dos salários irreais que são pagos. Nenhum clube consegue sobreviver com despesas mais altas que as receitas. Técnicos enganadores ganhando fortunas, sem dar o menor retorno. Realmente, o futebol chegou a números inimagináveis.
Cristiano Ronaldo está certo em sua colocação. É preciso um basta. Se alguns países europeus têm dinheiro para isso, problema deles. Na América do Sul, todos os países estão quebrados, com a economia em frangalhos. Não se pode pagar tais salários. Isso é uma loucura dos dirigentes, que não têm responsabilidade fiscal. Peguem os salários de jogadores medianos ou medíocres em Atlético e Cruzeiro, por exemplo. Não há nenhum que ganhe menos de R$ 200 mil mensais. Ou os clubes enxergam a realidade do Brasil, país quebrado e sem rumo, ou em breve isso que chamam hoje de futebol vai acabar. A conta de uma empresa não fecha se o orçamento não for cumprido. A maioria dos dirigentes só sabe inflacionar a folha dos clubes, contratando, sem ter dinheiro, e pagando salários acima do teto determinado. Se continuarem assim, vão acabar com um dos poucos lazeres que sobraram para o povo brasileiro, humilhado por um salário-mínimo de fome. O dólar disparado, a Bolsa em queda e os clubes vivendo no mundo da fantasia. A conta vai chegar!