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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Vem aí o teto para salários de jogadores e técnicos no Brasil

Para secretário-geral da CBF, Walter Feldman, clubes terão de se readequar à nova realidade financeira. Limite é discutido pela entidade


postado em 28/05/2020 04:00

Para o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, clubes terão de se readequar à nova realidade financeira(foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP - 16/12/15)
Para o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, clubes terão de se readequar à nova realidade financeira (foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP - 16/12/15)


O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que garantiu que é mentira que o Cruzeiro perderia a taça da Copa do Brasil de 2017-18 e teria que devolver o dinheiro, tocou num outro ponto que venho batendo há tempos: o futebol brasileiro precisa limitar orçamentos para os clubes e salários para técnicos e jogadores. Com uma gestão muito responsável e capaz, o presidente Rogério Caboclo e seu secretário-geral têm traçado planos para modernizar o futebol, e um dos pontos primordiais é essa reestruturação financeira e redução significativa de salários. Feldman concorda que, num país com economia quebrada, em frangalhos, sem credibilidade do investidor de fora, não é mais possível os clubes viverem no mundo da ilusão. “A CBF está se enquadrando no que há de mais moderno no mundo. Já há três anos a diretoria de registro se ampliou. Todos os clubes profissionais do Brasil vão ter que se enquadrar do ponto de vista técnico, esportivo, jurídico, financeiro, administrativo, de infraestrutura, para ter uma gestão absolutamente profissional, que não comprometa gestões futuras, prestando contas, sendo responsáveis e gastando aquilo que se pode gastar. A história do futebol brasileiro, infelizmente, não tem essa trajetória. Em algumas reuniões do conselho técnico da CBF, tanto da Série A, quanto da B, já têm sido levantados a possibilidade de um teto salarial, pois o nosso futebol não pode suportar valores salariais tão elevados. A pandemia do coronavírus está contribuindo para esse momento razoável de compreensão da nossa realidade”, garante Feldman.

Desde que o futebol foi paralisado, a CBF tem trabalhado com clubes e federações, com a comissão nacional de clubes, formada pelos dirigentes das quatro séries. Questões como calendário, mecanismos para a solução financeira dos clubes. Está em marcha a aprovação de um projeto de lei na Câmara Federal que dará o alívio com relação às dívidas e passivos dos clubes, equacionando e suspendendo parcelas de pagamentos do Profut. Além disso, a CBF avançou no contrato com a Globo, conseguindo o recebimento de uma parcela do que havia sido contratado para os meses de maio, junho e julho. Mesmo sem transmissão dos jogos, essa quantia ajudará substancialmente as instituições de futebol. O presidente da CBF está finalizando também negociações com linhas de crédito para complementar esses valores que estão faltando para que os clubes possam pagar suas responsabilidades. Se tudo isso der certo, o futebol brasileiro passará por esse turbilhão e se recuperará do ponto de vista financeiro.

Há muito eu sonho com a responsabilidade fiscal dos dirigentes. O modelo atual é propenso à corrupção, pois os próprios conselheiros aprovam as contas dos clubes, algumas com balanços maquiados. Há casos comprovados de corrupção, como ocorreu com os dirigentes acusados da formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e outras coisas mais no Cruzeiro, e já houve em outros clubes também. Não justifica um presidente dizer que trabalha 24 horas por dia para o clube e nada recebe de salário. Isso leva alguns a cometerem atos ilícitos, se enriquecendo às custas dos clubes. Não dá também para o governo federal ficar perdoando dívidas das agremiações, pois se o povo brasileiro, pobre e pagador de impostos, não é perdoado, por que os clubes têm esse privilégio? Chega! Basta! Já passou da hora de os clubes terem donos, leia-se clube-empresa, com CEOs remunerados, com orçamento, planejamento e metas a cumprir. Dar lucro e taças. Esse modelo de mecenas bancando os clubes não é correto. É amador e não é saudável.

Outra coisa: gastar o que tem e o que não tem para ganhar taças é uma irresponsabilidade que acaba estourando lá na frente. Clube tem que ter orçamento e gastar menos do que arrecada. Essa bola de neve tem de acabar. Eu critiquei quando o Cruzeiro gastava o que não tinha para ganhar títulos. Outro dia, alguns seguidores me disseram que trocariam os Brasileiros de 2013-14 e as Copas do Brasil ganhas de lá para cá pela manutenção do clube na Série A. Um chegou a me dizer que ficava P da vida quando eu criticava esse tipo de gestão, mas que hoje reconhece que eu estava certo. Assim como ele, muitos torcedores estão dando a mão à palmatória. Ganhar taças, deixando o clube quebrado, como está o Cruzeiro, além da roubalheira da última gestão, não vale a pena. Que o futebol brasileiro seja mesmo repensado, mais profissional e coerente. Chega desses dirigentes amadores, que largam suas funções para gerir os clubes sem nada ganhar. Isso é uma grande balela! Não dá mais. Ou o futebol brasileiro se moderniza ou vai acabar em breve!


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