Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Dirigentes do Rio não respeitam nem hospital de campanha no complexo do Maracanã

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O Campeonato Carioca recomeça hoje, mesmo sendo o Rio de Janeiro o estado com o segundo maior número de casos da COVID-19, e tendo ao lado do Maracanã, palco do jogo Flamengo x Bangu, às 21h, um hospital de campanha dentro do complexo do estádio. Isso é um desrespeito aos familiares dos mortos e aos pacientes. Que tipo de gente é essa que está comandando o futebol nos clubes? Pelo menos os dirigentes de Fluminense e Botafogo são contra o retorno do futebol agora, e prometem recorrer à Justiça, para não jogar.



Já os presidentes de Flamengo e Vasco só pensam no cifrão. Quanto ao presidente do Flamengo, o fato de ele não dar importância ao ser humano, não é novidade. Vimos isso quando 10 garotos morreram queimados no Ninho do Urubu, e até hoje, mais de um ano depois da tragédia, apenas quatro famílias tiveram acordo com o clube rubro-negro. Se ele não se importou com a morte de jovens, que ele conhecia, imaginem com a vida de desconhecidos. Vivemos num mundo onde o dinheiro fala mais alto. Onde o egoísmo está acima de tudo. Espero que alguma autoridade competente diga não à volta dos jogos, neste momento grave pelo qual passa o país, pois a pandemia do coronavírus ainda não atingiu seu pico, segundo as autoridades médicas e sanitárias. Eu sou a favor da volta do futebol, mas não neste momento. Vamos salvar vidas em primeiro lugar!

Vale lembrar que os jogos serão disputados sem a presença do torcedor, e, como o Flamengo não fez acordo com a Globo, não terá seus jogos transmitidos. Isso significa dizer que ninguém poderá assistir aos jogos do rubro-negro no Carioca, a não ser que a TV Flamengo possa transmiti-los. Não sei como funciona essa questão. Imagino que a TV Globo, detentora dos direitos, deve ter exclusividade. Então, eu pergunto: a quem vai interessar colocar em risco a vida de jogadores, familiares, dos próprios dirigentes e de todo o pessoal que trabalha no entorno do futebol?

Sinceramente, não entendo. Eu acho que as coisas têm que voltar, pelo menos perto da normalidade. Entretanto, no momento adequado. Os presidentes de clubes estão usando a pandemia do coronavírus para dizer que seus clubes estão quebrados e que isso ocorre por causa dos três meses parados. Mentira! Estão quebrados por gestões amadoras, algumas fraudulentas, caso comprovado do Cruzeiro. Os clubes não se emendam, com Refis e mais Refis, dando calote aqui e ali, contratando jogadores e técnicos com salários que não podem pagar.

Confesso que estou morrendo de vontade de ver meu Flamengo jogar, do Grêmio, do Palmeiras, únicas equipes que praticam futebol de verdade. Não tenho visto jogos do Campeonato Alemão, cujo Bayern de Munique sagrou-se campeão pela oitava vez seguida, nem outro jogo da Europa. Futebol sem torcida é esquisito e sem propósito. E olha que no Velho Mundo a pandemia está se dizimando. Por essas bandas de cá, está matando muita gente, transformando o Brasil no segundo país com o maior número de casos e mortos. Um número vergonhoso, que mostra a falta de habilidade das pessoas que comandam a nação.

O povo não tem uma diretriz. Cada um fala uma coisa e o “gado” vai pra lá a pra cá, sem saber para onde ir. A economia se recupera em algum momento. As vidas, jamais. Se os jogos do Flamengo não vão passar na TV, os patrocinadores não estarão expostos. Então por que tanta pressa no recomeço do Campeonato Carioca? Na Holanda, o governo decidiu pelo fim do campeonato e declarou o campeão. No Brasil, os governantes e dirigentes têm medo de fazer o mesmo com os Estaduais, e decretar os campeões. Uma competição falida, sem apelo técnico ou financeiro, criticada por jogadores e pelos próprios dirigentes.



Os dirigentes deveriam ter consciência e só recomeçar o futebol em agosto, quanto a pandemia estiver sob controle. Aí, sim, começaríamos o Brasileirão, que, com certeza, invadirá 2021, pois os jogadores tiveram férias em janeiro e abril, e não vão querer outras férias em janeiro próximo. Deve haver um recesso no Natal e Ano-Novo, e segue o baile. É o mais sensato a se fazer. Não justifica disputar finais dos Estaduais ou classificação para elas, num momento em que as pessoas choram a perda dos entes queridos, e que o Brasil se transforma num dos campeões de mortalidade pela COVID-19, um número triste, um recorde negativo, que jamais deveria fazer parte da nossa história.