Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Minas vê o Atlético nas alturas e o Cruzeiro à beira do abismo

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O Galo é líder absoluto e isolado do Brasileirão. Rubens Menin, o grande responsável pelas contratações, está feliz da vida, assim como boa parte de Minas Gerais. Se será campeão ou não, é muito cedo para dizer, mas que é um dos favoritos, não há dúvidas. O campeonato está nivelado por baixo, com os times apontados como favoritos com futebol abaixo da crítica. E o Galo, que não tem nada com isso, mesmo com um time mediano, vai atropelando os adversários. Méritos para o técnico Jorge Sampaoli, que inventa muito, que é instável, mas que tem uma vantagem: põe seu time pra frente, em busca pelo gol de forma incessante. Por outro lado, há uma parte das Minas Gerais que está triste e arrasada: a torcida do Cruzeiro. O time está nas últimas colocações da Série B, maltratado, com a autoestima lá embaixo e sem perspectiva de subir. Isso mesmo. Disputada a metade do turno, o time azul sofre, amarga derrotas para adversários inexpressivos e deixa sua gente sem um rumo. Eu aviso, desde janeiro, que esse time é fraco, que não sobe. Porém, muita gente quis tapar o sol com a peneira e o resultado está aí. Um time que ninguém respeita, que sucumbe, que agoniza numa série em que o futebol é fraquíssimo. Esse não é o Cruzeiro reconhecido nacional e internacionalmente.





É preciso que duas medidas sejam tomadas. A primeira, contratar cinco ou seis jogadores de nível, que entendam o que é a Série B. A segunda, tentar recuperar o produto do roubo – o dinheiro desviado pelo ex-dirigentes, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha –, feito por gente que tem a cara tão deslavada que fica tomando cerveja em botecos de BH, como se nada tivesse ocorrido. É preciso celeridade nas ações e tentar recuperar ativos roubados. A situação é muito grave, de insolvência mesmo. Há quem sugira fechar as portas e voltar com outro nome, na Quarta Divisão. O torcedor azul jamais admitirá essa possibilidade. A não ser que haja um grupo chinês disposto a investir no clube, pagar suas dívidas e contratar, não vejo solução a curto prazo, e o momento exige rapidez nas tomadas de decisões. Um clube sempre organizado, invejado no país, com uma gestão fraudulenta transformou-se num saco de pancadas para adversários que jamais ousaram encará-lo.

Querer culpar jogadores que ficaram realmente por amor é crueldade. Porém, sem um grupo qualificado, fica difícil. E, como escrevo todo dia, não se pode imputar aos jovens essa responsabilidade. Quem faz time subir é jogador cascudo, rodado, mas que tenha um mínimo de qualidade. Não adianta querer fazer uma maquiagem num time ruim. Esse Cruzeiro é dos piores que já vi. Um time sem corpo, sem alma, sem amor e sem futebol. Sei que o clube está impedido de contratar, por dívidas na Fifa. Sei que a entidade maior do futebol lhe tomou 6 pontos, também por irresponsabilidade de quem não pagou dívidas. Porém, não há mais desculpas. Quando o presidente assumiu, sabia disso e conhecia os desafios que teria pela frente. Não é com mecenas que vai salvar o clube. Por mais que Pedro Lourenço seja um parceiro e torcedor do time azul, ele não vai pôr em risco seu patrimônio. Ajuda como pode, mas não é salvador da pátria nem bilionário. Que garantias teria de receber o dinheiro de volta?

Ano que vem é o centenário do clube. Imaginem esse gigante continuar na Série B ou, o que seria pior, cair para a C. Sim, tudo é possível, Ele está coladinho na turma do rebaixamento, distante, longe dos ponteiros. Para alcançá-los, terá de fazer média de campeão e, com esse time, é impossível. Não adianta o técnico contratado dizer que o grupo é bom. Isso é iludir a si próprio e ao torcedor. A situação é gravíssima, e a cada rodada se torna mais dramática. Não adianta o torcedor ir à porta do CT para agredir e xingar os jogadores. Lugar de protesto, em época de pandemia, é nas redes sociais, com educação e discernimento. É a hora de o torcedor mostrar seu verdadeiro amor pelo clube, buscando uma forma de ajudar e, não de pôr fogo no barril de pólvora. Muito triste ver um gigante agonizando, no CTI, quase um paciente terminal!

Avisei lá em janeiro. Não acreditaram! O resultado está aí. Para salvar o clube do desastre, será preciso agir rapidamente, buscar dinheiro no mercado, contratar atletas de qualidade. E o Cruzeiro esbarra no teto salarial. Ninguém quer jogar por R$ 150 mil mensais. Sim, este baita salário é recusado pelos jogadores, que acham que é pouco. O futebol é um mundo à parte e de ilusão. Uma pena que em Minas quase sempre é assim. Um clube está no céu e o outro no inferno. Gostaria de ver os dois na cabeça, como em 1987, na Copa União, quando ambos chegaram às semifinais. Perderam para Flamengo e Inter, mas chegaram. Ou como em 2014, quando decidiram a Copa do Brasil, o Galo foi campeão, e Minas Gerais virou o centro do futebol no país, pois o Cruzeiro ainda foi bicampeão brasileiro. Bons tempos, que, parece, não voltarão tão cedo.