Conheço Daniel Nepomuceno há um bom tempo. Tive a honra de conviver com seu pai, Doutor Nepomuceno, jurista renomado, que nos deixou muito cedo. Daniel sempre foi esse garoto bom, honesto e atleticano, acima de tudo. Há uma década, pelo menos, lembro do dia em que conversamos e que ele me disse que seu sonho era construir o estádio do Galo. Participou da gestão de Alexandre Kalil e foi eleito, por ele, o presidente mais jovem da história do clube. O sonho do garoto estava prestes a se realizar. Antes, porém, sem parceiros ou dinheiro emprestado ou doado, levou o Galo ao vice-campeonato brasileiro e boas campanhas em sua gestão. Por não ser vaidoso e querer cuidar da família, abriu mão do segundo mandato, mas não do sonho do estádio. Foi graças a ele que o estádio saiu do papel e teve os votos dos conselheiros. Está virando realidade e, vale lembrar, que foi ele, quando deixou a presidência, o responsável por tudo o que girava para que o estádio andasse e que nada faltasse. O estádio está sendo construído, mas duvido que alguém do Atlético tenha chamado Daniel para a inauguração da Pedra Fundamental. A vaidade impera e é claro que ninguém vai deixá-lo aparecer. É mais fácil ocultar e esconder o grande idealizador da obra.
Mas eu não. Acompanhei essa história bem de perto e vejo que o sonho do menino está se transformando em realidade. Claro que não será Daniel a inaugurar o estádio. Outro vai estar lá em 2022, e, com certeza, vai posar de dono da obra. É sempre assim. Mas, pelo que conheço de Nepomuceno, sei que não se importará. Os atleticanos de verdade, que acompanham o clube sem ter amor pelo dinheiro ou pelo momento, saberão valorizar quem realmente idealizou tudo. O Atlético terá receitas fabulosas, pois o estádio será seu, e tudo o que girar em torno do espetáculo, também. Não é estádio construído e doado pelo governo, como outros por aí. É um estádio particular, que terá um dono e esse dono chama-se Clube Atlético Mineiro. Daniel Nepomuceno foi o responsável por idealizar, planejar e não abrir mão do sonho. Ele foi o sucessor de Kalil, uma responsabilidade gigante, pois o antecessor foi o maior ganhador de taças do clube. Porém, fez as coisas da sua cabeça e seguiu a linha que planejou. Entre as coisas planejadas, estava justamente a construção do estádio.
É bem provável que nem seja convidado para a inauguração. Mas isso não vai tirar o mérito por ter bancado o projeto, ter acreditado e proposto aos conselheiros tal construção. Espero que os conselheiros, pelo menos, não esqueçam desse rapaz. Ele anda ocupado, em Brasília, trabalhando muito e vendo a família só nos fins de semana. Com certeza, não perde um jogo do Galo, pela tevê, e deve estar feliz com a boa fase no Brasileiro. Conhecendo-o como conheço, sei que ele jamais torceria nem contra seu maior inimigo. Já foi traído por aqueles que se diziam seu amigo. Porém, quem nessa vida nunca foi traído? O traidor de hoje será o traído de amanhã. O universo se encarregará de cuidar desse ser desprezível. O Estádio do Galo não tem volta. Está sendo construído, os torcedores podem acompanhar a obra, virtualmente, e tudo acontece de acordo com o planejado. Recursos próprios do clube, conseguidos com a venda de parte do shopping DiamondMall. Meu caro Daniel, você foi genial na sua proposta e na sua convicção. Sei que o estádio se chama Elias Kalil, numa justa homenagem ao maior presidente da história do clube. Também sei que você concordou com isso. Aliás, homenagem feita pelo ex-presidente do Conselho, doutor Rodolfo Gropen, com o apoio unânime dos conselheiros. Não se sinta desprestigiado, caso não seja convidado para a inauguração, ou mesmo se tentarem ocultar seu nome dessa grandiosa conquista. Quem é de verdade sabe quem é de mentira. Você sabe o que representa para o Clube Atlético Mineiro, assim como sabe também o que essa obra grandiosa vai representar para seu clube do coração. Tenho a certeza de que isso lhe basta. Você foi visionário, corajoso e sagaz, quando ninguém acreditava. Bancou o projeto, a obra, o sonho. Ele vai se realizar. Valeu a pena ter sonhado, menino!
Hoje vejo gente que nem sequer sentava 30 segundos com o Daniel, se vangloriando em redes sociais o fato de o Atlético estar construindo seu estádio. Sim, é hora de aparecer, de dizer que trabalhou para isso. Balela, Daniel Nepomuceno foi contra muitos, até mesmo o ex-presidente, Alexandre Kalil, que não pensava em estádio. Daniel foi um gigante solitário nesta luta, que fez a gente do Galo entender a grandeza da obra e a necessidade de ter a casa própria. O sonho dele está pertinho de se realizar. Fico imaginando o que vai passar na cabeça dele quando o Atlético fizer seu primeiro jogo lá. Sei que muitos dirão no futuro: “Eu estava lá!”. Talvez Daniel não esteja, mas, com a toda a certeza, seu coração vai estar no centro do gramado, afinal, o idealizador e batalhador da maravilhosa obra pode até estar ausente, fisicamente, porém, jamais estará distante para os que sabem a verdade da construção do estádio alvinegro. Se existe alguém que sonhou, idealizou e trabalhou para isso, e vai ver o sonho realizado, esse alguém se chama Daniel Nepomuceno.