Enquanto o presidente do Cruzeiro está nos Emirados Árabes Unidos, em busca de um parceiro para investir e de outros negócios, em BH há um investidor disposto a colocar R$ 500 milhões no clube e se tornar um dos sócios, caso o Cruzeiro vire clube-empresa. A notícia me foi dada por um grande amigo de Sérgio Santos Rodrigues, que não quis dar o nome do possível sócio.
“Estamos na esperança de o senador, Rodrigo Pacheco, conseguir a aprovação do clube-empresa para que o Cruzeiro possa dar esse passo gigante. Não há outra solução para o futebol brasileiro. O Cruzeiro tem uma folha de R$ 6 milhões, envolvendo todos os funcionários, e aí incluímos os jogadores. Como conseguir isso todo mês com essa crise, sem torcida, sem bilheteria, com patrocínios que não cobrem os custos?” A mesma fonte já admite que o Cruzeiro não vai subir e que o presidente contratou Felipão justamente por saber disso. O projeto Felipão foi montado pelo diretor de futebol Deivid, que ajudou a convencer o treinador da importância dele para fazer o Cruzeiro voltar à elite. O problema é que a pontuação baixa e a remota possibilidade de acesso vão fazer com que Felipão trabalhe forte em 2021, ano do centenário, fazendo um trabalho de recuperação do time, tornando-o forte e vencedor.
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Realmente os dirigentes do Cruzeiro têm de encarar a nova realidade. A fonte concorda comigo quando digo que Clube-Empresa tem que dar lucros e taças, com o CEO, remunerado, tocando os destinos do clube. É assim na Europa, e dá certo há décadas. O futebol brasileiro não pode ficar refém das cotas de TVs, não pode se dar ao luxo de pagar R$ 600 mil a um técnico ou jogador, não pode mais viver no mundo da ilusão. A fonte revela que, com esse parcelamento conseguido pelo presidente, a dívida caiu em 50%, e sugere o mesmo quando o clube virar empresa.
“É só pegar esses R$ 500 milhões do investidor, que já disse estar disposto a empregar esse dinheiro, chamar a união e a dívida de R$ 600 milhões, por exemplo, poderá ter um desconto de 50%. Com isso, paga-se os R$ 300 milhões, a dívida some, e o clube ainda fica com R$ 200 milhões em caixa, para tocar sua vida. É um projeto fantástico que o governo precisa aprovar logo”. Ele tem razão. Esse projeto vai favorecer não só o Cruzeiro, como a maioria dos clubes brasileiros, quebrados e de pires na mão. Clubes com dívidas astronômicas como Botafogo, Vasco, Fluminense, Corinthians, Atlético, Flamengo e tantos outros
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O futebol brasileiro não pode mais viver no mundo da fantasia e ilusão. É preciso seriedade e responsabilidade. Não pode mais ficar reféns das tvs, que põem os jogos em dias e horários indecentes. Sábado, 21h. Domingo, 18h30. Isso é um absurdo. Os jogos nos dias de semana deveriam ser realizados às 20h, como na Europa, onde a maioria dos países têm metrôs e transporte público à porta dos estádios. No Brasil, país violento, com transporte público de péssima qualidade e insuficiente, querem fazer jogos nesses horários imorais. Chega! Basta!
A pandemia do coronavírus, que quebrou a economia mundial, expôs ainda mais a grande ferida dos clubes, que, sem a receita das bilheterias, não conseguem quitar seus compromissos. Ficaram parados por 6 meses, e isso alterou, significativamente, suas receitas. Vamos encarar a realidade e transformar os clubes em empresas. Ninguém vai torcer para a empresa. O Cruzeiro continuará Cruzeiro. O Vasco continuará Vasco. Apenas serão geridos de forma profissional, sem dirigentes amadores, que fazem loucuras com o dinheiro que não lhes pertence. Eles acham que são donos dos clubes, quando, na verdade, estão presidentes, até que outros o sucedam.
O futebol brasileiro está decadente, tecnicamente, e fora de campo é uma vergonha a forma como esses dirigentes amadores, alguns venais, trabalham. É inadmissível o cara dizer que trabalha 24h por dia, à disposição do clube, sem nada ganhar. A maioria é vaidosa e quer aparecer, dar entrevista em rede nacional, alguns para tevês a cabo, de pouquíssima audiência. Aqueles 10 minutos de fama para eles é o máximo. Outros são venais e roubam de forma descarada. Os exemplos estão aí, no próprio Cruzeiro, com o indiciamento dos ex-dirigentes, acusados de corrupção e outras falcatruas.
Não há como uma economia quebrada, onde o salário mínimo é de fome, um jogador ou um técnico receber valores absurdos, que nem na Europa se paga mais. Estamos na contramão da história, e é preciso dar um basta nisso.
Ou os clubes se transformam em empresas, o mais rapidamente possível, ou, várias instituições, se não acabarem, ficarão como zumbis, do meio da tabela para baixo nas competições, pois não há como formar um time de qualidade, num clube sem dinheiro, sem organização, sem um CEO para geri-lo. E não adianta pseudos diretores de futebol, pois esses, quebram os clubes ainda mais, com contratações com as quais não podem arcar, gerando dívidas na Fifa.
O Cruzeiro é um exemplo. Tem várias pendências na Fifa por conta de contratações para o bicampeonato brasileiro, em 2013-2014, que não conseguiu honrar. Assim, qualquer irresponsável pode ser diretor de futebol. Clube-empresa já. O futebol brasileiro vai agradecer!