O senador mineiro Rodrigo Pacheco é o precursor do projeto clube-empresa no Senado e espera aprová-lo no fim deste ano, ou, no máximo, até fevereiro do ano que vem. Ele entende que essa é a única forma de salvar os clubes brasileiros, com dívidas astronômicas, pagando salários irreais a técnicos e jogadores, completamente fora da realidade econômica do país.
“Veja bem, Jaeci, nós temos dois projetos, caminhando, no Congresso. Um na Câmara dos Deputados, com a relatoria do deputado Pedro Paulo (RJ), com participação efetiva e já aprovado. E o meu, apresentado no Senado. O da Câmara diz que o clube deve ser empresa com sociedade anônima, Ltda e por aí afora. O meu, cria a modalidade empresarial de sociedade anônima específica para o futebol. Ambos os projetos são muito parecidos e desaguam no mesmo objetivo”.
O senador diz que os clubes não serão obrigados a se transformar em empresas. “Não vamos impor nada. Essa é a essência do projeto”. Rodrigo Pacheco diz que o projeto não avançou por causa da pandemia do Coronavírus, que fez o Congresso ter outras prioridades.
“Nós entendemos que o momento dos clubes também era grave, sem receitas e sem jogos, mas tínhamos que cuidar da população, pensar em salvar vidas, e essa foi a prioridade. Por isso, deixamos o projeto do Clube-empresa para este fim de ano, com as coisas mais tranquilas, embora ainda estejamos vivendo a pandemia”.
O senador vai chegar em Brasília na quinta-feira para retomar o projeto. A ideia dele é ouvir o maior número de pessoas ligadas ao futebol para formatar um grande projeto. “Quero ouvir vocês, jornalistas, presidentes de clubes, jogadores, ex-jogadores, advogados, enfim, quero que esse projeto seja completo, sem falhas, para que realmente possamos deixar nossos clubes superavitários, com todos em condições de disputar uma competição para ganhar. Do jeito que os clubes estão não há mais condições de continuar. Pagando salários irreais, contratando sem ter dinheiro para pagar, trocando os pés pelas mãos. É preciso responsabilidade fiscal, ter um presidente remunerado, como acontece na Europa”. Na verdade, com os clubes se transformando em empresas, os dirigentes terão responsabilidade fiscal. E esse negócio de diretor de futebol ou presidente, fazer negócio escuso, dividindo comissão com empresários, vai acabar. Essa será uma das grandes vitórias dos clubes. Os dirigentes terão responsabilidade fiscal, pois dirigirão uma empresa.
Um fato tem chamado a atenção dos torcedores e o senador esclarece. É com relação a alguns entenderem que o clube vai se transformar em empresa e terá que começar na Série D. “Isso não existe. É o mesmo clube, só vai mudar a natureza jurídica dele. Deixa de ser clube e passa a ser uma empresa, uma sociedade comercial, sociedade anônima. Haverá regras de governança pública, fiscalizações, executivos remunerados, fiscalização do Ministério do Trabalho. O clube é o mesmo, o símbolo é o mesmo e todos permanecerão nas Séries em que estão.”
Rodrigo Pacheco tem a certeza de que todos os senadores vão aderir ao projeto e que o presidente da República irá sancioná-lo, com certeza. “Confesso que nesse período de pandemia, pouco falamos do assunto. Mas, darei o start, em Brasília, na quinta-feira. Se houver possibilidade, votaremos ainda este ano. Caso contrário, se não houver recesso em janeiro, o faremos naquele mês, ou, mais tardar, em fevereiro. Esse será um grande projeto e a salvação do nosso futebol. Muita gente trabalha e vive do esporte bretão. Todos serão beneficiados com o Clube-empresa, suas regras e sua licitude. Isso é fundamental. Funciona na Europa há décadas, e muito bem. Não há como não funcionar no Brasil”, diz o senador.
Com esse modelo, conforme muito bem colocou o senador Rodrigo Pacheco, tenho a certeza de que o nosso futebol cairá numa nova realidade, e a gestão do clube é quem vai dizer se é possível contratar, quem contratar e quanto vai custar essa contratação. Como em toda empresa, o CEO terá que dar lucros e taças. Caso contrário, será demitido e a empresa procurará outro no mercado. É assim que funciona nas grandes empresas. Esse negócio de dirigente dizer que trabalha 24 horas do dia, de graça, para os clubes, vai acabar. E a promiscuidade de quem mexe com milhões e milhões, também. Não haverá espaço para dirigentes, que enriquecem às custas dos clubes. Sempre sonhei com o Brasileirão por pontos corridos, e ele se tornou uma realidade. Meu sonho do Clube-empresa parece estar mais perto do que nunca. Obrigado ao senador Rodrigo Pacheco por liderar essa iniciativa e por falar primeiro conosco do Estado de Minas, o Grande jornal dos mineiros. Com certeza, ele estará marcando um gol de placa na sua trajetória política. Não acredito que algum clube ficará de fora desse projeto. Todos vão querer adotá-lo, pois a grande maioria está de pires na mão, devendo os tubos, e sem perspectiva de quitar tais dívidas. O clube-empresa vai chegar para mudar a cara do nosso futebol”.