O melhor treinador sul-americano, em nível dos grandes da Europa, dirige o River Plate e é desejado por vários clubes brasileiros. Flamengo, São Paulo, Grêmio e tantos outros. Gallardo ganhou duas Libertadores com o River em seis disputas e chegou em todas às semifinais. Como jogador, foi campeão uma vez, também pelo clube argentino. É um treinador bastante moderno, cuja equipe joga futebol bonito e consistente, sem estardalhaços à beira do campo, mas com um comando ímpar. O São Paulo acabou de procurá-lo. Ele pediu US$ 1 milhão mensais, algo em torno de R$ 5,5 milhões. Números totalmente fora dos padrões brasileiros, mas é o custo para ter esse grande treinador. Infelizmente, a maioria dos técnicos brasileiros não evoluiu e os esquemas táticos pobres estão levando nosso futebol ao fundo do poço, haja vista que nas últimas quatro edições de Copa do Mundo fomos eliminados pelos europeus.
E, vale lembrar, que na final de 2019, contra o Flamengo, o River Plate foi melhor e só não levou o troféu por desatenção do zagueiro Pinola, que falhou nos dois gols de Gabigol. Gallardo deu uma aula de tática em cima do português Jorge Jesus. Na semifinal contra o Palmeiras, no Allianz Parque, deu um show, humilhando o adversário, fazendo os três gols de que precisava, mas o VAR tirou-lhe da final, anulando gol e penalidade. Não vou discutir se foi certo ou não. O VAR erra tanto, a tal linha pontilhada é tão subjetiva, que prefiro me limitar ao que vi em campo. Um River gigante e um Palmeiras atordoado, sem saber onde estava. Claro que os torcedores dirão que quem chegou à final e foi campeão foi o Porco. OK! Mas isso não diminui o belíssimo trabalho de Gallardo, que é o tema desta coluna. Ele conhece futebol como poucos, sabe comandar os jogadores e é adorado por eles.
Não à toa, dirige o River há mais de cinco anos e, claro, sonha sair para o outro centro. É muito jovem, 45 anos, completados em janeiro, e tem a intenção de dirigir times na Europa. Mas não descartaria o futebol brasileiro.
Gallardo foi um belo volante. O vi jogar várias vezes. Sempre foi muito técnico e emprega isso no time que dirige. Futebol sem beleza plástica para mim não serve. Sou da escola de Telê Santana, Carlos Alberto Silva e Vanderlei Luxemburgo, técnicos que visam a arte, o gol, a tabela, o drible, mesmo que isso custasse uma taça. O futebol, do jeito que está no Brasil, é chato, monótono e todos os clubes com o mesmo esquema tático ultrapassado, salvo o Grêmio, de Renato Gaúcho, que, para mim, pratica o melhor futebol do país. Se Gallardo custasse menos, com certeza seria um prazer vê-lo trabalhando em terras brasileiras. Com certeza, iria influenciar a nova geração de treinadores, buscando passar o melhor. Precisamos ousar mais, tabelar mais, driblar mais. Esquecer retrancas e jogos em que um time fica atrás, à espera de uma bola para vencer a partida. Chega dessa mesmice.
Marcelo Gallardo é meu sonho de consumo, dirigindo o Flamengo. Com o grupo qualificado que tem, o rubro-negro seria quase imbatível. Porém, o destino dele deve ser a Europa. Por enquanto, o River o tem e está muito satisfeito com seu trabalho. Vejam bem: ele não é campeão todo ano, mas o trabalho é maravilhoso. Numa temporada, a bola bate na trave, na outra, entra no gol e o caneco é a consequência. Gallardo é o sonho da Seleção Argentina, mas a AFA, que entende ser o país economicamente fraco, não consegue contratá-lo. E ele, é claro, valoriza seu “passe”, já que, como treinador, sobra na América do Sul. Com certeza ele voará mais alto, lá pelas bandas da Europa, e fará sucesso. É um baita treinador e já mostrou isso ao longo de sua curta carreira. Nasceu para vencer e tem a minha admiração.