O Atlético começou o Brasileirão como um furacão, como um leão que caça o veado e não lhe dá a menor chance. Quase imbatível no Mineirão, foi acumulando pontos, disputando apenas uma competição, depois da humilhante eliminação na Copa do Brasil para o Afogados da Ingazeira. Eu avisava que o Atlético deveria somar pontos, se distanciar dos concorrentes e acumular gordura, para queimá-la na reta final. Porém, o técnico argentino Jorge Sampaoli, com sua empáfia, irresponsabilidade, instabilidade e teimosia, não conseguiu isso. Ao contrário, foi perdendo pontos para times da parte de baixo da tabela e deixando os concorrentes sempre próximos. Chegou a liderar a competição por algumas rodadas, mas não conseguiu se manter lá, nem tampouco acumular a gordura necessária.
Num campeonato irregular, com equipes bem fracas, inclusive as que disputavam a taça, o Galo montou um time mediano, mesmo gastando R$ 200 milhões em contratações e R$ 30 milhões em salários do treinador. Zaracho, Bueno, Sasha, Vargas, Borrero, Alan Franco, Hyoran, Nathan, enfim, jogadores absolutamente medianos. Porém, a competição é fraca, e mesmo com essas peças dava para vencer. Mas a cada rodada o treinador inventava. “Zagueiro virava centroavante.” “Lateral virava meio-campista.” “Atacante virava volante.” Dessa forma, o Galo foi se desconstruindo e irritando sua fiel torcida. E, para piorar, tirou o melhor goleiro, Rafael, para pôr o fraquíssimo Everson.
E, ainda assim, o Atlético disputou o título até a 36ª rodada, quando o empate com o Bahia lhe tirou qualquer possibilidade. O problema agora é manter pelo menos o quarto lugar, já que está ameaçado pelo Fluminense, que, se vencer o Santos hoje, chegará aos 63 pontos e, caso o Galo perca para o Sport, o ultrapassará. O time mineiro cairia para o quinto lugar e não estaria mais na fase de grupos da Libertadores e, sim, na pré-Libertadores. De candidato ao título a quinto lugar seria uma grande vergonha para quem gastou tanto em reforços inoperantes. Mas o futebol é assim. “A bola pune” quem não consegue ganhar os jogos, principalmente contra adversários que brigam na parte de baixo da tabela. Foi o caso do Galo, que perdeu quase 20 pontos para equipes da rabeira.
Por causa disso tudo, o torcedor foi à porta do CT de Vespasiano protestar, há alguns dias. Acho um absurdo isso, pois ali é o local de trabalho dos jogadores. Sampaoli teria ficado irritado e planejado deixar o clube tão logo a competição acabe. Na verdade, isso serve apenas como desculpa, caso ele realmente saia, pois foi assim por onde passou. Sua instabilidade e sua forma de tratar as pessoas, sem respeitar hierarquia, fazem dele uma pessoa difícil, e os dirigentes acabam ficando irritados e rompendo com ele. E, vale lembrar: quando assina seu milionário contrato, exige multa rescisória alta. Como briga com todo mundo, fica à espera da demissão para faturar um “troco” a mais. Isso é bem da personalidade dele.
O torcedor, em sua maioria, quer vê-lo longe do Galo e o aponta como o principal responsável pelo fracasso. Ele não falou com o presidente Sérgio Coelho ou com Renato Salvador e Rodrigo Caetano sobre sair. Mas também não disse que não iria. Acho que nem ele mesmo sabe o que quer. Pra mim, não deveria ter sido nem contratado. Muita marra e pouca bola. Ele empolga no começo e vai perdendo o gás do meio para a frente da competição. O grande problema é que, se ele sair, vai deixar uma herança maldita para o próximo treinador, pois avalizou a contratação de dezenas de jogadores medianos. A esperança do torcedor é que o Galo vença o Sport e fique entre os quatro primeiros. Se isso não ocorrer, Sampaoli, caso não queira sair por conta própria, levará um chute na bunda. O torcedor do Galo não é bobo e não vai aceitar a manutenção de um técnico perdedor, que ganha milhões de reais e que tem muito marketing, mas pouca eficiência do ponto de vista técnico. Sampaoli, para mim, não passa de uma grande ilusão.