O técnico Felipe Conceição diz que “o Cruzeiro está em bom nível para a estreia na Série B”. Ele conhece a competição, mas, discordo de forma veemente. O time azul tem sérios problemas para a disputa da competição, e, se não contratar jogadores de nível A, não conseguirá o acesso.
Concordo que houve uma melhora, com organização em cada setor do time, mas é preciso qualidade. Time grande, que não está acostumado com a B, sofre mesmo. Vasco e Botafogo caíram 4 e 3 vezes, respectivamente. Já conhecem os atalhos. O Cruzeiro caiu uma única vez, mas tem a mancha em seu currículo, de não ter voltado nesta temporada. São dois anos de vergonha na B, e eu temos que esse tempo fique maior.
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O Cruzeiro virou terra arrasada pelos desmandos e falcatruas da última gestão, segundo investigação policial e o Ministério Público. Eu escrevi há um ano, que, conversando com um economista, ele me disse que se o Cruzeiro pagar todas as suas dívidas em 15 anos, de forma regular, sem atrasar nada, pode pensar em voltar a ganhar taças lá pelo décimo sexto ano. E o torcedor, tão acostumado aos títulos, vai se contentar e aceitar isso? Se não houver outro caminho, com certeza.
A atual diretoria faz o que pode. Tenta buscar dinheiro com os parceiros, sua para pagar salários em dia, luta para achar um Norte. O clube-empresa será adotado pelo Cruzeiro, tão logo seja aprovado no senado. É um caminho que poderá encurtar o sofrimento, já que há bilionários em Minas Gerais, que poderiam injetar R$ 500 milhões no clube, virar sócio e ajudá-lo a voltar aos tempos de glórias.
É triste ver um clube tão vencedor, nessa situação. Fábio, o Paredão Azul, é um dos destaques na reformulação do clube. Como um bom vinho, quanto mais velho, melhor. E seu amor pelo Cruzeiro ecoa no vestiário, antes de o time entrar em campo. É de jogadores assim que o time precisa para voltar ao seu lugar de origem: a elite.
Num ano em que Vasco e Botafogo estão juntos na Segundona, Coritiba, Goiás, Ponte Preta, Guarani, não será fácil voltar ao grupo da elite do nosso futebol. Mas o Cruzeiro terá que encontrar uma fórmula para isso. Vejo muitos criticando o técnico Conceição, alegando que ele não é o cara ideal. Vejo diferente. É um rapaz trabalhador, sério, que tenta impor sua filosofia, com dedicação, ajustando a equipe com o que tem. Mas ele precisa dizer, em público, que realmente precisa de reforços de nível.
O torcedor, passional que é, tenta se iludir e não aceita críticas ao time. Quer que a gente diga que o Cruzeiro está pronto e que vai subir com os pés nas costas. Vale lembrar que este mesmo Cruzeiro teve dificuldades quando enfrentou equipes de qualidade duvidosa no Campeonato Mineiro e Copa do Brasil. Imaginem quando pegar adversários mais qualificados? Eu não iludo ninguém. Acho esse grupo fraco, para dizer que voltará à elite com tranquilidade. Queria ter a certeza do treinador, mas, confesso que não posso. Entre querer que o time volte e ele voltar, há uma distância grande.
A estreia será contra o Confiança, em Sergipe, dia 28 ou 29. Ou seja: o Cruzeiro tem 16 ou 17 dias para abrir a temporada do Brasileirão da B. Levando-se em conta a eliminação da disputa do título mineiro, serão 21 dias parado, sem ritmo de jogo. Isso pode ser um complicador. O importante é o torcedor apostar, acreditar, mas, acima de tudo, exigir contratações de nível. Temo que esse grupo não seja forte o suficiente para voltar ao lugar de onde jamais deveria ter saído. No Brasil, somente Flamengo, Santos e São Paulo jamais caíram para a Segundona. O Cruzeiro fazia parte desse seleto grupo, até que foi jogado aos leões.
VALORES INVERTIDOS
Vi algumas mães, chorando, na porta da TV Globo, dizendo que seus filhos foram assassinados pela polícia, no Jacarezinho. Uma delas disse que o filho era sim traficante, mas que deveria ter sido preso e não morto. Ela esqueceu de lembrar quantos jovens o filho dela, traficante, matou, ao vender drogas, e quantas famílias destruiu. E que o filho, bandido, recebeu os policiais com fuzis e granadas nas mãos, atirando neles. Não vimos essas mães chorarem, quando seus filhos, traficantes e bandidos, assassinaram policiais ou outros inocentes. Aliás, uma pergunta de um leitor: “essas mulheres são sustentadas pelo dinheiro do tráfico?” “A lei permite isso?” Como digo sempre, o Brasil está na contramão da história. É sabido que só com educação se combate a miséria e o crime, mas os policiais estavam defendendo a sociedade de bem, enquanto os governantes, não investem pesado na educação. Aliás, eles fazem o contrário: a primeira verba a ser cortada nos orçamentos é a da educação. Está tudo errado!