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COLUNA DO JAECI

Contra jejum de 50 anos, Galo terá de matar um leão por jogo

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O Atlético Mineiro estreia hoje no Brasileirão, contra o Fortaleza, no Mineirão, em busca do sonho que virou um pesadelo de meio século: a conquista do Campeonato Brasileiro. Com investimento de quase R$ 300 milhões desde a temporada passada somente em jogadores, o alvinegro, que tem um grupo numeroso, busca a melhor formação para tentar se aproximar dos favoritos ao título: Flamengo, Palmeiras, Grêmio e São Paulo. É sabido que alguns jogadores deverão ser negociados – entre eles, Savarino, que já tem proposta. Porém, os dirigentes estão se movimentando e deverão contratar três de alto nível.



Conversando com um amigo que é atleticano roxo, mas muito consciente, ele concorda comigo: o grupo atual é mediano. Tirando Nacho Fernández, realmente diferenciado, e Hulk, que tem nome e começou a fazer gols depois de fase terrível, o Galo tem mais uns três atletas de bom nível. Guga é um lateral-direito fraquíssimo. Igor Rabello até melhorou com Cuca, e Junior Alonso é muito bom pelo chão, mas deficiente nas bolas aéreas. Arana talvez seja o melhor lateral-esquerdo do país. No meio-campo Tchê Tchê não me agrada, Jair toca muita bola para o lado, Zaracho é uma incógnita. Savarino é mais do mesmo, e Keno faz bons e maus jogos.

Entre titulares e reservas juntam-se Mariano, Allan, Alan Franco, Nathan, Hyoran, Sasha, Vargas e Marrony. De todos, o atacante citado por último é o melhor. Vejam que o Galo tem um grupo numeroso, mas muitos jogadores iguais tecnicamente. De médios para baixo. E há mais um detalhe: Cuca vai perder vários para as seleções Brasileira e outras da América do Sul. Será que essas peças da reserva suprirão as ausências a contento?

Vejo Cuca com um excelente trabalho, ainda com o time em formação, entendendo suas ideias. A torcida o rejeitou e pediu sua demissão. Será que ainda pensa assim? Quando pedi a rescisão do contrato de Hulk porque ele não estava fazendo gols, os passionais me criticaram. O cara ganha R$ 1,3 milhão por mês e não conseguia fazer gols nem no Mineiro. E o que eu disse, mantenho: ele era um jogador de velocidade e explosão. Perdeu isso com a idade e por jogar tanto tempo na China, onde não há competitividade. Aí, ele, malandramente, se pôs como centroavante. Mas bastou ele fazer gols contra equipes de qualidade duvidosa para os incultos médios me mandarem mensagens no Instagram. Felizmente, agora não leio mais. Perder meu tempo com imbecis eu não vou. Tomara que Hulk faça muitos e decisivos gols, afinal, fui eu quem o indicou ao meu amigo Sérgio Coelho em conversa amistosa, lá atrás. Por isso mesmo, fiquei envergonhado ao não vê-lo fazer gols e sugeri sua rescisão.

Gosto muito de Cuca e de seu trabalho. Ele tira leite de pedra. Tenho visto colegas dizendo que o Atlético está no mesmo nível de Flamengo e Palmeiras. Discordo completamente. Mas Cuca vai achar sua melhor formação, principalmente com os reforços que poderão chegar e, aí, sim, o Galo vai disputar quase de igual para igual. Com o grupo numeroso de hoje, não acredito muito. Mas o torcedor, passional e cego, já vê seu time como o melhor, com a mão na taça, desbancando equipes do eixo Rio-São Paulo.



Só espero que o Atlético não perca pontos para equipes que não irão disputar a taça. São esses pontos, irrecuperáveis, que fazem a diferença no fim. Com todo respeito ao Fortaleza, mesmo sendo estreia, é para o Galo faturar os 3 pontos – de preferência, com vitória convincente. Mas o futebol nos reserva surpresas. Não adianta: se o Atlético Mineiro quiser reviver o ano de 1971, quando conquistou seu único caneco do Brasileirão, terá de matar um leão por jogo e encarar cada partida como uma decisão. É essa a receita para um campeão. Perder ou ganhar jogos contra equipes de seu tamanho não fará a diferença. Mas perder para equipes que ficarão do meio da tabela para baixo com certeza o manterá na fila de meio século!

audima