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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

No Cruzeiro não há mais lugar para amadorismo

'Não há mais tempo para discursos vazios ou propostas que não vão se concretizar. É hora de agir'


08/06/2021 10:25 - atualizado 08/06/2021 10:45

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O Cruzeiro está no fundo do poço, agonizando, precisando encontrar uma forma de subir e voltar aos seus melhores dias. Quando o clube começou a desabar por problemas de corrupção, conversei com três economistas, pois sou leigo no assunto, e todos foram unânimes em dizer que se o Cruzeiro conseguisse escalonar sua dívida, e pagasse tudo direitinho, poderia voltar a sonhar com taças em 15 anos.

Eu disse isso ao atual presidente, durante uma live que fiz com ele, ano passado. Ele disse que 'não, que o clube conquistaria taças, mesmo vivendo momento conturbado', e deu como exemplo clubes da Série B que haviam conquistado a Copa do Brasil.

Experiente que sou e vivido nesse meio onde trabalho há 40 anos, eu acreditava nos economistas e hoje percebo que realmente eles tinham razão. O Cruzeiro entrou num caminho sem volta, onde só há duas soluções: fechar as portas, esquecer o passivo e fundar um novo clube com outro CNPJ, ou se transformar em clube empresa, com alguém poderoso e milionário, que arque com as dívidas atuais, as sane, e toque o clube, pondo-o, novamente, na vitrine.

Entendo as boas intenções do atual presidente, cruzeirense apaixonado, que sempre sonhou com o cargo. Porém, o futebol é feito para quem conhece suas entranhas, para quem não vive de ilusões. Ele pegou uma herança maldita, com dívidas impagáveis, jogadores de nível ruim, e no momento mais grave do país e do mundo, por causa da pandemia do coronavírus. Além disso, cercou-se de gente que não entende nada de gestão. O resultado estamos vendo no campo.

Na temporada passada os torcedores deram um desconto, pois ele havia assumido, tentando controlar o avião em queda. Mas a permanência na Série B foi um golpe mortal para o torcedor, acostumado a títulos e conquistas. E pelo desenho do time nesta temporada, a gente percebe que o caminho é o mesmo de 2020, com um grupo pouco confiável e jogos do mais baixo nível. Em duas partidas na Série B, são duas derrotas. Se ano passado ele começou a competição com menos seis pontos, punido pela Fifa, nesta já perdeu a chance de conquistar seis pela ineficiência e falta de qualidade.

Não adianta culpar técnico ou jogadores. O técnico trabalha com o que tem, e os atletas não têm culpa de não conseguirem render mais. São limitados, exceção feita a Fábio, gigante no gol, Marcelo Moreno, preterido pelo atual técnico, e Rafael Sóbis, que tem se empenhado e se dedicado. Os demais são realmente limitados. A culpa é de quem contrata, de quem monta o grupo, de quem lidera o clube.

Sugeri que o atual presidente fosse nos seus pares, nos grandes clubes, e pedisse jogadores emprestados, que não estejam sendo utilizados na Série A. Há clubes que emprestam e ainda pagam os salários. Ele não deu ouvidos. Contratou jogadores de Série B ou C, e, dessa forma, condenou o Cruzeiro a mais um ano de permanência na B.

Uma coisa é você ter times acostumados a competição, com jogadores nível B. Outra coisa é uma equipe que não está acostumada a jogar esse tipo de torneio, caso do Cruzeiro. Ele sim, precisa ter jogadores nível A. Coritiba, Goiás, Vitória, Ponte Preta, Guarani e outros menos votados, não precisam, pois são uma espécie de gangorra, subindo num ano e caindo no outro. Não é o caso desse gigante chamado Cruzeiro.

Não entro nessa questão levantada pelos torcedores de que o 'presidente usa gel no cabelo, se é almofadinha ou coisa parecida'. Minha função é analisar sua gestão no futebol, e, nesse quesito, ele tem deixado a desejar. Não porque queira assim, mas porque acho que ele não tem a experiência necessária, principalmente no pior momento da história do clube.

Não há mais tempo para discursos vazios ou propostas que não vão se concretizar. É hora de agir, antes que seja tarde. E não será apenas uma mudança de treinador que irá resolver o problema. A coisa é gravíssima. O Cruzeiro caminha, a passos largos, para a Terceirona, o que seria realmente um desastre. Agir significa buscar jogadores de Série A, para dar corpo e alma a esse time. Jogadores comprometidos com o projeto, que entendam o tamanho do Cruzeiro. Não há outro caminho. Com esse grupo que lá está, não há como subir.

Se cercar de gente vencedora é um dos caminhos. De gente que conheça futebol em termos de gestão. Conheço muito ex-jogador que foi craque, mas que não sabe gerir absolutamente nada. O torcedor está inconformado, maltratado, desanimado. Vê o avião caindo e percebe que não há mais solução. E olha que o Brasileirão começou agora, e ainda teremos 36 rodadas pela frente!

Tenho ouvido que grandes e milionários cruzeirenses querem se unir em prol de um projeto salvador. Que bom que o Cruzeiro tem em suas fileiras gente que ama o clube e que se dispõe a por dinheiro para salvar o que está praticamente perdido. Porém, pelo que chegou até mim, eles só aceitariam em caso de renúncia do atual presidente. Não acredito que ele iria cometer tal ato. Acho que o melhor caminho é os tais empresários se unirem a ele e ajuda-lo a salvar o Cruzeiro.

Cruzeirenses apaixonados, amigos meus, já desistiram do clube. Alguns não assistem mais aos jogos, e não querem nem ouvir falar do clube. Já tem gente comparando o Cruzeiro à Portuguesa, dizendo que o caminho para o fim está próximo.

Eu não penso assim. Um gigante, tantas vezes campeão, pode estar na lona, mas sempre haverá uma saída para que se recupere e volte ao seu lugar de origem. Porém, é preciso agir, imediatamente. Não há mais tempo para amadorismo. O Cruzeiro escolhe entre voltar a ser time da elite ou se refundar como instituição. A aposta no clube empresa será acertada, mas, para isso, será preciso quitar dívidas, andar na linha, e, acima de tudo, ter um time competitivo, de credibilidade, que possa sonhar com as taças, novamente.

É muito triste ver um clube tão invejado, no passado, viver em ruínas, sem credibilidade, sem ser respeitado até por equipes de Série C. Vergonha é o sentimento dos mais de 9 milhões de cruzeirenses espalhados pelo mundo.

Humilhação e desdenho andam juntos no clube, atualmente. Que o torcedor cobre, com respeito, educação, de forma pacífica e ordeira. E quando falo de torcedores, estou dizendo sobre os anônimos e não sobre esses grupos que se unem para atacar, quebrar e matar. O verdadeiro torcedor azul é aquele das arquibancadas, que não pede nada em troca a não ser um time decente e um clube organizado, dando amor em retribuição.

Que os atuais dirigentes deixem a vaidade de lado e busquem soluções imediatas, ainda que para isso tenham que dar lugar a quem queira e possa realmente transformar o Cruzeiro e recoloca-lo no seu devido lugar. O que não dá mais é para ver o time virar saco de pancadas de equipes de segunda linha, que não o respeitam mais.

Chega! Basta! O Cruzeiro é maior do que qualquer dirigente, jogador ou técnico. Esse gigante, chamado Cruzeiro, precisa ser respeitado, revigorado, ressurgir das cinzas, como a Fênix. É isso que o verdadeiro torcedor espera. 

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