Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Respeitem o Cruzeiro ou deem a vez a outro

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Eu poderia estar fazendo uma análise do jogo de ontem, entre Cruzeiro e Goiás. Porém, o momento grave pelo qual passa o clube determina que façamos um diagnóstico mais profundo de uma crise sem fim. Os motivos pelos quais o time azul chegou ao fundo do poço todos conhecemos, e cabe à Justiça tomar as medidas necessárias. Mas o torcedor quer saber de que forma se encontra seu clube e se há uma solução a curto prazo.



O Cruzeiro caminha, passos largos, para a Terceira Divisão e não há uma expectativa positiva para mudança de rumo. Entra técnico, sai técnico, jogadores de qualidade duvidosa chegam a todo o momento e a inércia é a mesma.

Quando o atual presidente assumiu, fez promessas mirabolantes, que não conseguiu cumprir. Questionado por mim numa live que o Cruzeiro demoraria 15 anos para voltar a ganhar taças, segundo economistas com os quais conversei, ele disse que “isso era balela, pois vários times da Série B haviam ganhado a Copa do Brasil”.

Eu cravei que aquele time ruim não subiria e sugeri a contratação de Felipão bem no começo da competição. Soberbos, os dirigentes deram de ombros.

Quando foram buscar Felipão, já era tarde, mas pelo menos ele salvou o time de cair para a Terceirona. Não é que eu saiba mais do que alguém, mas, trabalhando no futebol há 40 anos, acompanhando gente vencedora, a gente vai aprendendo a diagnosticar uma crise.



Pelas informações que tenho, até mesmo Pedro Rodrigues, dono do Supermercado BH e grande parceiro financeiro do clube, se afastou do atual presidente.

Contrariado com contratações esdrúxulas e técnicos sem competência, Pedrinho teria se afastado. Se com ele pagando salários e bancando muita coisa já estava difícil, imaginem agora sem ele? Na vida, ninguém suporta arrogância, gente que acha que sabe tudo.

O Cruzeiro é gerido por gente de bem, que quer o melhor para o clube, não tenho dúvidas disso, mas, gerido de forma equivocada, pois quem o comanda não é do ramo. Se fosse, com a toda a crise, teria buscado um técnico competente, de muita qualidade, e jogadores de Série A, conforme sugeri.

Não é vergonha chegar em Flamengo, Palmeiras, Inter, Grêmio, e pedir seis jogadores de nível, emprestados, talvez com esses clubes até pagando o salário. Jogadores reservas, que não estejam sendo utilizados.



Tenho certeza de que os coirmãos ajudariam o Cruzeiro a se levantar. Entretanto, a falta de humildade dos dirigentes impediu que fizessem isso. Contrataram péssimos jogadores, que servem muito bem para compor grupo na B, mas que jamais farão o clube voltar à elite.

Fábio, esse ídolo maior, gigante debaixo dos paus, está sofrendo, pois é um campeoníssimo e conhece futebol como poucos. Em 15 anos, enxergando o jogo ali de trás, sabe o caminho para as vitórias e conquistas.

Ele foi mais um a concordar comigo, no post que gravei na sexta-feira. Ele poderia ter abandonado o barco e ido para grandes clubes da Série A, que o queriam. Porém, seu coração e respeito ao Cruzeiro, falaram mais alto, e ele resolveu ficar para a reconstrução.



Entretanto, os dirigentes tomaram um caminho errado e sem volta, cujo destino é a queda para a Série C. A culpa não é de técnicos ou dos próprios jogadores. Eles não conseguem fazer mais do que isso que têm mostrado.

A culpa é de uma diretoria amadora, soberba, que de futebol conhece muito pouco e que não se aproxima de quem poderia ajudá-los. A arrogância impede que façam mea-culpa e percebam que não há mais solução.

Devem estar se agarrando no projeto clube-empresa, que foi aprovado pelo Senado, mas que ainda demora, exigindo uma série de situações. Não é do dia para a noite, como uma vara de condão. Demanda tempo, trabalho e respeito a todos os envolvidos.



Ano passado, conversando com um conselheiro milionário, ele me garantiu que havia empresários tão ricos quanto ele dispostos a pôr R$ 500 mil no Cruzeiro, caso virasse empresa. Então, chegou a hora de esse empresário aparecer, dar as caras e ajudar o clube, claro, tornando-se dono de 49% das ações. A hora é essa.

Não há mais tempo para amadorismo! Não se deve procurar culpados, fazer caça as bruxas ou coisa parecida. Um gigante está afundando, como aconteceu com o Titanic, e o torcedor cruzeirense, aquele acostumado com taças, vê um buraco negro à sua frente.

O momento é de decisão. Se o atual presidente e sua diretoria ainda se sentem em condições de salvar o Cruzeiro, que permaneçam, arregacem as mangas e comecem um trabalho forte de recuperação do time, pagando salários em dia, contratando jogadores de nível.



Se não for assim, que desistam, deem vez a outro, que possa mudar esse quadro. Vaidade e arrogância não levam ninguém a lugar nenhum.

Não se esqueçam que a imprensa do eixo Rio-SP, que vocês privilegiaram com entrevistas exclusivas, no começo da gestão, é a que mais bate e talvez até torça para o fim do Cruzeiro Esporte Clube.

Já a imprensa mineira, aquela que vocês desdenharam, é a que mais torce e tenta ajudar esse gigante a se manter de pé. Sabemos que o estado precisa do Cruzeiro forte, gigante, disputando taças.

Não fosse ele, o Brasileirão por pontos corridos, instituído em 2003, só teria campeões paulistas e cariocas. Só o Cruzeiro furou essa regra, ao ganhar a competição em 2003, 2013 e 2014.

Portanto, senhores dirigentes, não existe nada maior que o Cruzeiro Esporte Clube. Nem vocês, nem os jogadores ou técnicos poderão se sobrepor a esse gigante. Respeitem-no ou deixem-o!

audima