Jornal Estado de Minas

JAECI CARVALHO

Culpar o doutor Gilvan é covardia!

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis



O Cruzeiro vive seu inferno astral na Série B, nos últimos lugares da tabela, buscando um horizonte. Contratações serão fundamentais se pensar em subir. Com o grupo que tem, não acredito que caia, mas voltar à elite, esqueçam.



Acusações de um lado e de outro, torcida pedindo a renúncia do atual presidenteempresários engajados em salvar o clube. O que falta mesmo é jogador de qualidade. Não adianta tentar fazer uma limonada com limões ruins. Os jogadores que lá estão não têm culpa. Eles não conseguem produzir mais do que isso. São limitados. Tirando o goleiro Fábio, um gigante azul, Rafael Sóbis e Marcelo Moreno, os demais se esforçam, mas não exijam algo que não podem entregar.

Vi gente acusando o doutor Gilvan de ter ajudado a pôr o Cruzeiro nessa situação. Uma covardia com um homem íntegro, sério e dos mais corretos que já conheci no futebol. Ele deu poderes para montarem times campeões em 2013 e 2014, com o bicampeonato brasileiro, e a conta chegou. Gilvan geria o clube mas deixava o futebol a cargo de outras pessoas. Eu sempre disse que pagar salários de Europa no Brasil é um crime, e que a conta chega. Ela chegou. Garanto que qualquer torcedor do Cruzeiro trocaria os títulos de 2013 e 2014 para permanecer na elite.

Os exemplos estão aí. Todos que contrataram jogadores “europeus” pagam caro. O Fluminense paga R$ 1 milhão mensais a Ganso. O São Paulo, R$ 1,5 milhão a Daniel Alves, se bem que na verdade, deve uma fortuna ao jogador. O Palmeiras não aguenta pagar os R$ 400 mil dólares (cerca de R$ 2 milhões) mensais a Dudu. Lucas Lima ganha outra pequena fortuna, e por aí vai. Irresponsabilidade de dirigentes que querem fazer média com torcedores, sem se preocupar se a conta vai chegar ou não. O futebol brasileiro, numa economia quebrada como a do Brasil, não pode e não deve pagar salários de Europa a nenhum jogador. Nossa realidade é outra.





Mas os clubes de futebol insistem nisso. Vejam as folhas salariais. O Flamengo gasta cerca de R$ 25 milhões mensais. Palmeiras, perto disso, Atlético Mineiro, também, e por aí vai. Vejam o caso do Galo, não fosse o mecenas, que banca praticamente tudo, e não teria dinheiro nem para pagar os salários. Vocês acham justo Vargas ganhar R$ 1 milhão mensais? Hulk receber R$ 1,3 milhão mensais? Gabigol ganha R$ 1,5 milhão, Arrascaeta, perto disso, e por aí vai. O futebol brasileiro segue na contramão da história e a conta sempre chega.

É sabido que o Flamengo arrecada muito, pois montou time forte e tem patrocinadores que bancam boa parte da estrutura. Além disso, quando havia público nos estádios, a cada jogo no Maracanã, havia 60 mil torcedores, o que garantiu R$ 100 milhões em arrecadação no ano de 2019. O Galo com certeza teria o Mineirão lotado a cada jogo, na temporada passada, quando disputou o título nacional até a última rodada.

Porém, nada disso justifica salários fora da realidade econômica do país. Todos os dirigentes sempre pagaram salários irreais e fizeram média com os torcedores. Agora, então, que as redes sociais mandam e desmandam nos clubes... É preciso que a lei do clube-empresa seja aprovada, o mais rapidamente possível, para que os clubes tenham orçamento, e sigam rigorosamente aquilo que está planejado. Dirigentes devem ter responsabilidade fiscal, pois o clube e o dinheiro não são deles. Um CEO será contratado para gerir.





Todos sabemos que os problemas do Cruzeiro passam pela última gestão, que, segundo investigação policial, deixou terra arrasada. O atual presidente pegou o clube à deriva, tentando fazer o melhor. Mas é visível que de futebol ele entende pouco, embora seja um cara correto e que realmente gosta do clube. Se ele não tiver a humildade de levar para junto de si os grandes empresários, cruzeirenses, que realmente amam o clube, não há salvação. Ninguém gere nada sem dinheiro, com dívida monstruosa. E não há desculpas, pois quando ele assumiu, sabia exatamente onde estava entrando.

Aquiles Diniz, empresário, milionário e conselheiro, tem o caminho das pedras. Ele se reunirá com o presidente, na quinta-feira. Porém, não se iludam. Ninguém vai emprestar dinheiro ao Cruzeiro, uma instituição falida, sem dinheiro e credibilidade no mercado. A ideia é criar um fundo, no qual empresários botem seu dinheiro e ajudem a salvar o clube. E a gente sabe que o processo clube-empresa demanda tempo, e não acontecerá da noite para o dia. E até lá, o que será do Cruzeiro????

audima