Estou focado na Eurocopa e desinteressado pela Copa América, assim como 99% dos meus leitores e leitoras. Meu público é inteligente e não perde tempo com um futebol medonho, medíocre e sem inspiração praticado na América do Sul. Estou escrevendo esta coluna no momento em que acabei de assistir a França 2 x 2 Portugal, quando Cristiano Ronaldo, que fez os dois gols, chegou à incrível marca de 109 pela Seleção de Portugal, igualando-se ao atacante iraniano Ali Daei. Ambos são os maiores artilheiros da história. Falar de Cristiano Ronaldo é uma honra. Profissional exemplar, um gênio da bola, dedicado, focado, mesmo aos 35 anos, e já tendo conquistado cinco Champions League, uma Eurocopa e uma Liga das Nações pela sua seleção. Um exemplo para a juventude.
Confesso que não sei quem é melhor: Cristiano Ronaldo ou Messi. Eu dou empate. Messi é mais técnico, mais artista. CR7 é mais artilheiro. Li que o Barcelona pensava em contratar CR7 para a próxima temporada. Seria um sonho e um colírio para os amantes do futebol.
Tenho uma passagem curiosa com Cristiano Ronaldo. Em 2007, o Brasil jogou contra Portugal um amistoso no Emirates Stadium, em Londres. Eu estava cobrindo o jogo para o Estado de Minas e para a rádio Jovem Pan, de São Paulo. Portugal venceu por 2 a 1. O time luso era comandado por Felipão, e o brasileiro, por Dunga. Na zona mista, Cristiano Ronaldo, ainda não tão badalado, vinha saindo. O chamei e disse: “Cristiano, o Brasil não tem hoje um centroavante com a sua qualidade”. Ele respondeu: “Ora, pois, pois, fico feliz de ouvir isso de você. O Brasil tem os melhores atacantes sempre, e você me dizer isso é uma honra”. Ele era jogador do United. Depois disso, todos conhecem sua história. Cinco vezes campeão da Champions (uma pelo United e quatro pelo Real Madrid), campeão europeu em 2016 por Portugal, campeão da Liga das Nações em 2019, cinco vezes o melhor jogador do mundo, recordista de gols na Uefa Champions League, recordista de gols por uma seleção, enfim, falar desse gênio da bola é chover no molhado. Gênio!
Voltando a falar da diferença das seleções europeias para as sul-americanas, a gente percebe as equipes bem treinadas, com esquemas táticos definidos, valorizando jogadores que são titulares em seus clubes. Aí, pegamos a Seleção Brasileira. Alisson fez péssima temporada no Liverpool. Danilo é fraquíssimo, assim como Alex Sandro. Os zagueiros Militão e Thiago Silva são fracos. Casemiro é um ótimo volante. Fred é jogador mediano. Neymar é craque, nosso único talento, mas bem abaixo de alguns europeus. Gabriel Jesus é reserva no City há quatro anos, Richarlison é excelente jogador. Firmino vive fase ruim, mas é artilheiro. Diz a máxima que a Seleção Brasileira deve ter os melhores jogadores da atualidade. Não é o que percebemos!
Nas competições sul-americanas, o Brasil sobra, embora na Copa América de 2019 tenha empatado com Venezuela e Paraguai, fazendo a final contra o Peru. Alguém viu os jogadores desfilando em carro do Corpo de Bombeiros? Claro que não. Copa América não vale absolutamente nada. Copa do Mundo, sim, e nesse quesito estamos indo para 20 anos sem ver a cor da taça. Eliminações em 2006, para a França, nas quartas de final. Em 2010, para a Holanda, nas quartas de final. Em 2014, para a Alemanha, nas semifinais, os 7 a 1. E em 2018, para a Bélgica, nas quartas de final. Em 2022, no Catar, alguém quer apostar em que etapa voltaremos para casa?
Sinceramente, depois de 35 anos cobrindo a Seleção Brasileira, com 73 países visitados e 274 coberturas internacionais, me sinto triste e desmotivado. Muita marra, pouca bola e uma máscara sem tamanho. “Geração nutella”, que quer ser mais celebridade do que atleta de futebol. O futebol sul-americano agoniza, estrebucha, está no fundo do poço. Mas preferimos nos iludir até que a Copa do Mundo nos mostre a realidade nua e crua!