Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Tanto no futebol quanto na vida, o Brasil tem andado para trás

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


O torcedor brasileiro, assim como o povo, gosta de viver na mentira e de ser enganado. Fico vendo as críticas da geração “nutella” aos jornalistas mais experientes e mais velhos, como eu, que dizem que o futebol brasileiro está na lama e agoniza. Para essa geração que aí está, que não lê um livro, não arruma uma cama, não lava o próprio tênis, que quer tudo na mão a tempo e a hora, e que consome tik-tok e outras bobagens, o que vale é o hoje, o momento, esquecendo-se de um passado tão rico do nosso país. Tínhamos compositores do mais alto nível, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros. Hoje temos Anitta e Ludmilla. Tínhamos líderes políticos fantásticos, hoje temos isso aí que a gente tá vendo, com raras exceções. Já tivemos Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, e hoje, nem um piloto na F-1. Tivemos Pelé, Zico, Reinaldo, Éder, Joãozinho, Dirceu Lopes, hoje temos esses jogadores com fama, fortuna e pouco futebol.



Por que Gabigol e tantos outros jogadores não deram certo na Europa, mas arrebentam no Brasil? Porque temos um futebol medíocre, sem plasticidade, tabelas, dribles e gols. Temos a linguagem dos técnicos que é: “mata a jogada, pega, não deixa ele passar!”. Na Europa, os treinadores mandam driblar, tabelar, dar “caneta”, lençol, fazer o gol. Os jogos por lá têm oito faltas em 95 minutos, contando o tempo extra. No Brasil, mal a saída é dada, e as faltas vão ocorrendo. No Brasil, com esses zagueiros, os atacantes deitam e rolam. Gabigol manda no Flamengo só porque é ídolo. Na Europa, tem obrigações e deveres a cumprir. Se fosse pego em período de pandemia num cassino clandestino, teria sido suspenso, multado ou talvez até o contrato rescindido. No Flamengo, nada ocorreu. Como dizem os jovens, a diretoria “passou pano”.

Por isso o Brasil está na contramão da história em todos os aspectos, e não seria o futebol diferente. Um país com a economia quebrada, quase 100 milhões de pessoas na linha da miséria, com milhões de desempregados, e os jogadores ganhando R$ 1,5 milhão mensais. Clubes quebrados, de pires na mão, assumindo compromissos que não podem honrar. Pagando salários de Europa a jogadores medianos. Deveria haver uma lei que impedisse esses salários absurdos.

Mas o torcedor é também culpado. O cara deixa de comer para gastar seu minguado salário mínimo, lotando o Maracanã para ver o Flamengo. Uma loucura. Vejo os torcedores do Atlético empolgados por ter um time que, segundo eles, é muito bom, com folha salarial das mais altas do país. Um clube que deve R$ 1,2 bilhão, que tem em Rubens Menin o seu grande salvador. Não fosse ele, nem os salários estariam sendo pagos. O torcedor deveria fazer uma estátua para ele em frente ao estádio que será inaugurado.



O Brasil vai na contramão da história e os clubes também. O Flamengo foi bicampeão brasileiro em 2019 e 2020, porém seu time não é referência. Instável, mesmo com alguns jogadores de muita qualidade. Craque não tem. Aliás, no futebol brasileiro essa palavra craque está em extinção. Temos Neymar, que joga no PSG, mas que não tem um comportamento à altura de sua imagem.

Não temos líderes políticos, não temos grandes jogadores, não temos grandes times, não temos um futebol condizente com o único país pentacampeão do mundo. E, ainda assim, o povo quer “pão e circo”. Vamos refletir, gente! Quando vejo que um ex-presidiário está na frente das pesquisas para a Presidência, e que o outro, que pode ter todos os defeitos, mas é honesto, está em segundo lugar, percebo que o Brasil não tem mesmo solução. Na época dos militares havia uma frase emblemática: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Décadas depois, resolvi seguir à risca essa frase e deixei-o. Nunca deixarei de amar o país onde nasci, mas quero algo melhor para meus filhos. Não vejo solução no país da corrupção, onde o poste continua a mijar no cachorro todos os dias!

audima