A Olimpíada de Tóquio terminou e revelou para o mundo e para nós, brasileiros, vários atletas que nunca tiveram espaço, projeção e patrocínio. De repente, descobrimos que há vários talentos no skate, no boxe, no judô, no atletismo, enfim, em todas as modalidades há sempre um atleta brasileiro pronto para brilhar. Minha queixa é o fato de só valorizarmos esse pessoal a cada quatro anos, durante os 15 dias dos Jogos. Imaginem se investíssemos no dia a dia desses atletas, se déssemos o espaço que damos ao futebol? O Isaquias, por exemplo, um fenômeno na canoagem. Saiu do Brasil dizendo que ganharia o ouro e não tomou conhecimento dos adversários.
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Clube-empresa é a solução para o futebol brasileiro A cobrança de empresários de Dedé ao Cruzeiro é vergonhosaO gigante das Gerais está ressurgindo das cinzas!Há atletas que pagaram passagem do próprio bolso, que investiram nos seus treinamentos para chegar em Tóquio e representar o nosso país. País esse que não dá apoio, não dá patrocínio. E nem por isso os atletas deixam de desfilar com a bandeira brasileira. É preciso que as empresas, principalmente a iniciativa privada, invistam mais nesses talentos, preparando-os para se tornarem potência. Foi a nossa melhor Olimpíada em termos de medalhas, mas podemos ir além. Podemos melhorar nossa colocação no quadro geral. O Brasil é gigante na produção de grandes atletas. Então, vamos tirar um pouco o espaço do futebol e abrir para os outros esportes. Essa juventude provou que merece muito mais.
O momento é de reflexão, de investir desde agora, para que cheguemos em Paris, daqui a três anos, em condições de brigar por mais medalhas, por triunfos. Material humano de qualidade a gente tem. Falta investimento, apoio, patrocínio. Eu não conhecia a Raíssa, Pedro Barros, Kelvin, medalhistas do skate. O Ítalo, medalha de ouro no surfe. O Hebert, do boxe. A Ana Marcela, da natação, Beatriz Ferreira, do boxe. Enfim, eu não conhecia vários atletas que estavam em Tóquio, assim como grande parte da imprensa. Conhecer de nome é uma coisa. Outra, bem diferente, é acompanhar a carreira.
Temos muitos talentos para 2024, em Paris, a Cidade Luz. O investimento tem de ser feito desde já. É para ontem. O fracasso do vôlei masculino foi a grande decepção. Por conhecermos o DNA vencedor da equipe, apostávamos na final Olímpica, mas ela não veio. Nem o bronze conseguimos. Eu acho esse Bruninho muito marrento. Se acha o maioral. Assisti a todos os jogos, mas não gostei da Seleção de Renan Dal Zotto, que foi um craque. Cobri vários jogos dele, em clubes e Seleção, na época em que eu trabalhava na TV Globo. Porém, ele teve COVID-19, quase morreu e é um milagre estar vivo. Ele mesmo disse que viu o outro lado. O vôlei brasileiro reinou durante décadas, é preciso uma renovação melhor.
Por fim, o ouro no futebol masculino. O segundo e consecutivo. Demoramos mais de um século para consegui-lo na Rio'2016 e chegamos ao bicampeonato em Tóquio. Eu estaria lá, não fosse a COVID, que me pegou no dia 12, às vésperas da viagem. Parabéns aos desconhecidos atletas brasileiros, medalhistas ou não. Só em terem disputado a Olimpíada já são vencedores, haja vista que nosso país não investe neles. Temos encontro marcado em Paris'2024. É hora de investimento, é hora de lapidar essa geração para que possamos crescer no quadro de medalhas. Obrigado a cada um dos atletas que disputaram a Olimpíada de Tóquio. Uma Olimpíada sem público, no auge de uma pandemia, mas que nos revelou muito suor, talento e alma. Parabéns, atletas brasileiros. Vocês honraram o nome do nosso país!