Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

EXCLUSIVO: ''O Cruzeiro não terá solução se não virar clube-empresa''

O projeto clube-empresa sofreu alguns vetos por parte do presidente da República, o principal deles, com relação aos benefícios tributários. Por isso mesmo, o Congresso está votando, hoje, a retirada desses vetos, para que os clubes possam caminhar no projeto de tornar-se empresas. O advogado, Bruno Volpini, que está à frente como responsável pela transformação do Cruzeiro em clube-empresa, conversou comigo e falou sobre a viabilidade do projeto.





EM - Quando o Cruzeiro vai se transformar em clube-empresa?

BRUNO VOLPINI - Tão logo o Congresso retire os vetos do presidente, com relação a questão tributária. Os clubes são associações civis, que tem benefícios tributários. Com os vetos do presidente, inviabiliza qualquer transformação dos clubes em empresas. O benefício fiscal é fundamental para transformarmos o Cruzeiro Esporte Clube e Sociedade Anônima do Futebol.

EM - Conseguindo os vetos, qual o próximo passo?

BRUNO VOLPINI - Aí vamos nos estruturar para a transformação do Clube em empresa, até o fim do ano. O Cruzeiro está disputando uma competição nacional, e, só após seu término, a Fifa, Conmebol e CBF serão notificados da mudança. Isso não pode acontecer com o campeonato correndo. Como o Cruzeiro não está em nenhuma disputa internacional, apenas comunicaremos à Fifa e Conmebol. Isso só poderá acontecer em dezembro.

EM - Com o Cruzeiro na Série B, como conseguirão aporte de peso?

BRUNO VOLPINI - O Cruzeiro do jeito que está, ninguém vai investir um centavo. Como clube, não. O presidente sai a cada 3 anos, os conselheiros mudam, e ninguém vai por dinheiro num clube, sem qualquer garantia. No caso do clube-empresa, que será tocado por um CEO, quem vai mandar é ele e o grupo que será formado. O presidente será como uma rainha da Inglaterra, não vai apitar nada. No caso do clube-empresa, a XP está encarregada de formar um poderoso fundo, que irá investir no futebol, pagar as dívidas e tudo o mais. Claro que se o clube estivesse na Série A, o aporte seria bem maior, mas, se mantendo na B, nosso projeto vai vingar. Se cair para a C, aí será uma tragédia.





EM - Quais são as empresas envolvidas no projeto de transformação do clube em empresa? 

BRUNO VOLPINI - Alvarez Marsal, XP Investimentos, Ernest Young e Volpini e Batista Sociedade de Advogados, que é a minha empresa. Todos estamos trabalhando, dia e noite, em cima do projeto, mas, dependemos da derrubada dos vetos do presidente. Sem resolver a questão dos tributos, não há vantagem da transformação dos clubes em empresas. Eu coordeno a parte jurídica da transformação do clube em empresa.

EM - O Cruzeiro está quebrado. Como alguém vai investir num clube assim?

BRUNO VOLPINI - Se não fosse o Pedro Lourenço, o clube já teria fechado as portas. É ele quem paga os salários dos jogadores, do técnico, e ajuda no que pode. Mas, é claro, ele tem suas limitações, não é como no Atlético que tem um bilionário bancando. Eu faço um trabalho com o profissional, mas, além disso, como torcedor do clube, olho com o coração e o sentimento. É muito riste perceber a situação em que o clube está. Se não houver a transformação em empresa, não há solução. Estamos trabalhando. O torcedor pensa que estamos parados. De jeito nenhum. Porém, dependemos dessa derrubada do veto, e hoje está na pauta do Congresso.

EM - O planejamento é todo para a Série B, no ano que vem?

BRUNO VOLPINI - Sim. Trabalhamos com essa realidade. Se cair para a C, como eu disse acima, será uma tragédia. Todo o nosso projeto é para a Série B em 2022 e a volta à elite em 2023. Não há outro caminho. A diretoria passada antecipou cotas de TV até 2023. O clube não tem receita nenhuma. Uma vergonha!

EM - O Cruzeiro tem muitos ativos para captar recursos?

BRUNO VOLPINI - Sim, o Cruzeiro tem. E, nós, temos autonomia para tocar o projeto, sem interferência de presidente ou conselheiros. A coisa é bem profissional e não há política envolvida. O clube tem capacidade de atingir um patamar de solvência dentro das dívidas e captação de investimentos. O Cruzeiro tem história, tradição e tudo o mais.





EM - O tamanho da dívida é monstruoso. Ainda assim é viável paga-la?

BRUNO VOLPINI - Sim, a dívida é gigante, mas é viável pega-la. Se virar empresa, a coisa será solucionada em médio prazo. Muita gente vai querer investir num fundo de captação, que tirará o clube do buraco e irá torna-lo sustentável. Não há outro caminho.

EM - O torcedor não aguenta mais essa indefinição. Ele quer uma solução.

BRUNO VOLPINI - Nós também queremos. Assim que os vetos forem derrubados, a gente vai continuar o projeto, mas, é preciso deixar bem claro que só após o fim do campeonato deste ano, poderemos entrar com a mudança de clube para SAF. O torcedor terá que ter um pouco mais de paciência. Eu sou torcedor, e estou tão ansioso como qualquer outro. O Cruzeiro tem solução e isso passa, definitivamente, pelo clube-empresa.

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