Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Vamos repaginar e modernizar o futebol brasileiro?

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Quatro times brasileiros vão decidir a Copa Libertadores da América e a Copa Sul-Americana, em confrontos marcados para 21 e 27 de novembro, em Montevidéo, no Uruguai, no lendário estádio Centenário. Flamengo x Palmeiras, pela Libertadores, e Bragantino x Athletico Paranaense, pela Copa Sul-Americana. Isso significa que a supremacia brasileira na América do Sul é evidente, e que a distância do nosso futebol para os outros nove países é bem grande. Porém, não nos permite nos compararmos com o futebol europeu, que está anos-luz à nossa frente, com distância realmente abissal.





O futebol sul-americano agoniza com esquemas táticos ultrapassados, técnicos prolixos e desatualizados, arbitragem caótica, número excessivo de faltas, gramados ruis e dirigentes amadores. Esses fatores juntos, não nos permitem evoluir. Segundo os europeus, o único time sul-americano em condições de competir de igual para igual com os grandes de lá é o Flamengo. Será? Tenho minhas dúvidas, já que Gabigol fracassou por lá, Arrascaeta nunca encheu os olhos de clubes gigantes do Velho Mundo, assim como Bruno Henrique e Everton Ribeiro. Para o futebol da América do Sul, realmente fazem a diferença, não sei se para a Europa fariam.

O que se discute é a necessidade de o futebol brasileiro evoluir, dentro e fora das quatro linhas. Esse modelo de gestão amadora, no qual o presidente diz ficar 24 horas do dia por conta do clube, é balela. Algum proveito ele tira, seja por aparecer na mídia e tornar-se conhecido, ou por outro motivo. Já passou da hora de os clubes terem CEOs em seus comandos, gente do mercado, que entenda de futebol e que dê lucros e taças, por isso é fundamental a transformação dos clubes em empresas. Não há outro caminho.

O projeto, já aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República, sofreu vetos por parte dele. E voltou ao Congresso, para que esses vetos sejam derrubados. O principal é a questão fiscal, pois os clubes, para se transformarem em empresas, necessitam que o governo reveja tais dispositivos tributários. A carga não pode ser elevada, pois isso tornaria inviável o projeto clube-empresa.





Nas quatro linhas, nossa evolução precisa começar nas divisões de base. Os garotos necessitam se conscientizar - e aí caberá aos treinadores mais jovens - de que o passe é mais importante que a marcação. De que a tabela e o drible têm que superar a força, e de que o gol é o momento maior do esporte bretão. Hoje o que se vê são esquemas táticos absolutamente retrógrados, jogadores que não sabem dominar uma bola e pancada para todo lado.

A bola no futebol brasileiro rola 45 minutos em 95, com o tempo extra. A Fifa exige o mínimo de 70 minutos. Técnicos que mandam dar porrada, matar a jogada, não cabem mais no nosso futebol. Aprendi com os saudosos Telê Santana e Carlos Alberto Silva, que a arte tem que se sobrepor à força. Como suas equipes jogavam bonito e ganhavam taças. Na última decisão da Libertadores, entre Santos e Palmeiras, vimos um dos piores jogos dos últimos tempos, com as duas equipes demonstrando o medo de perder, e perdendo a vontade de ganhar.

E olha que o técnico do Palmeiras é europeu, o português Abel Ferreira, e deveria ter outro conceito de futebol. Ele é jovem e me seduziu com seu começo de trabalho. Porém, caiu na rotina e copiou os piores técnicos brasileiros. E olha que o Palmeiras tem uma garotada talentosa.





Precisamos ouvir ex-jogadores, técnicos vencedores e aposentados, jornalistas, executivos sérios do futebol. É preciso uma grande conscientização para que possamos voltar aos nossos melhores tempos. Muitos dizem que o futebol mudou. Sim, mudou, no Brasil para pior, na Europa para melhor. Os europeus copiaram tudo que de melhor havia no nosso futebol, e nós, involuímos, paramos no tempo e no espaço.

Se não houver um trabalho de base, vamos viver da Copa do Mundo de 2002, quando conquistamos o penta, e apenas do nosso passado glorioso. A engrenagem tem que voltar a funcionar com qualidade, zelo e muito cuidado com a garotada que está surgindo. Nossos clubes não podem mais viver repatriando ex-jogador em atividade, pagando salários irreais. É preciso criar jogadores em casa, lapidar a garotada e entregar aos profissionais um atleta com qualidade.

Talento nunca nos faltou ou faltará. Na verdade, hoje o que falta é gente qualificada, para conhecer a joia na sua essência (o jovem), e trabalhar essa joia para torná-la vencedora. Os clubes precisam olhar com mais carinho para as divisões de base. São elas as grandes responsáveis pelo futuro do nosso futebol. Não a deixem morrer. Os clubes têm que investir de forma pesada nas categorias inferiores, para colher os frutos lá na frente. Sempre foi assim, não vejo motivo para ser diferente. As decisões da Sul-Americana e Libertadores por 4 clubes brasileiros, não podem nos iludir. Estamos ladeira a baixo e o futebol dos países vizinhos, não pode ser referência. Temos que copiar o modelo europeu, hoje, o melhor futebol do mundo. Somos os melhores na América do Sul, mas já não somos do mundo.




audima