Sempre falo das seleções do passado, pois, além de saudosista, sou fá do verdadeiro futebol, que me inspirou e me motivou a ser jornalista e buscar o esporte como minha área. Até fui um excelente jogador, mas meu pai, militar severo, mandou que eu parasse de sonhar com a carreira de jogador e optasse por me formar em jornalismo, que sempre foi meu sonho. Ordem dada é ordem cumprida. Quem éramos nós para desrespeitarmos pai e mãe. Sou de uma época em que respeitávamos os mais velhos, e, lá em São Cristóvão, subúrbio do Rio de Janeiro, onde fui criado, carregávamos as sacolas de feiras das senhoras, nossas vizinhas, pois era assim a nossa educação. Até hoje, com 61 anos, chamo gente mais nova que eu de senhor e senhora. O respeito, acima de tudo.
Lembro-me da Seleção de 1970, de Pelé, Gérson, Rivelino, Jairzinho e cia, bastante questionada. Nos classificamos para a Copa do México em um jogo contra o Paraguai, gol de Pelé, no Maracanã entupido de gente. Mais de 150 mil pagantes. A imprensa criticava o time brasileiro sim. O tempo foi passando e a Seleção de Telê Santana, de 1982, uma das mais importantes de todos os tempos, também foi muito criticada. Lembram-se do “bota ponta, Telê”, uma sátira que o comediante Jô Soares fazia em seu programa semanal? Pois é, os técnicos brasileiros nunca tiveram vida fácil. Zagallo, Parreira, mesmo campeões do mundo, sofriam críticas quando o escrete canarinho jogava mal. Faz parte da nossa função, elogiar e criticar, na mesma medida.
Entretanto, nada se compara ao atual técnico, Tite, odiado pela torcida brasileira e por grande parte da mídia séria. Ninguém odeia a pessoa dele e sim o treinador, que é a maior mentira do nosso futebol. Sim, Tite é aquele que rebaixou o Atlético Mineiro em 2004, que fez a Seleção jogar feio na Copa da Rússia, e que foi um desastre no jogo contra a Bélgica, que nos mandou para casa mais cedo. Bélgica, apenas uma seleção mediana da Europa.
Não importa ao povo brasileiro se a Seleção Brasileira quebrou recordes e ganhou jogos e mais jogos pelas Eliminatórias. O que vale mesmo é perceber o quão pobre é o time dirigido por Tite, o quão feio joga, o quão sem credibilidade é. De 2018 para cá, a seleção piorou de forma significativa. Ganhar de seleções de segunda linha, como essas da América do Sul, de nada adianta. Quando chegamos na Copa e enfrentamos europeus, já sabemos o que vai acontecer. Ninguém nos respeita mais. Viramos saco de pancada.
E não adianta o treinador fazer jogo de cena, via imprensa, e cobrar amistosos contra europeus. Jogamos contra alguns europeus antes da Copa da Rússia, Alemanha, Croácia, não perdemos para nenhum deles, mas, no Mundial tivemos dificuldades para vencer Suíça, Sérvia, e Costa Rica, essa última, derrotada com dois gols nos acréscimos. O problema não é encarar seleções europeias e sim o quanto mal treinado é o nosso time. E perceber que o filho de Tite, que não tem história nem histórico para ser auxiliar técnico, dá instruções a quem vai entrar, à beira do gramado. É demais para nós, jornalistas sérios e para o torcedor brasileiro. Só é normal para a geração nutella de jornalistas – se é que podemos chamá-la de jornalistas –, que baba o ovo do treinador e puxa seu saco. Outro dia comentei sobre isso com um amigo das antigas, do grupo Globo, e ele concordou comigo. Disse que hoje funciona assim. Um monte de garoto, que de bola nada entende, achando que Tite é a oitava maravilha do mundo.
Não tenho a menor ilusão de conquista de Copa do Mundo sob o comando dele. Claro que o Brasil é favorito, junto com Alemanha, Itália e Argentina, em qualquer Mundial, mas entre ser favorito e ganhar, há uma distância abissal. Nosso futebol é pobre, sofrível, e a um ano da Copa, Tite não tem um time preparado. Fez mais de 50 experiências e manteve os fracassados de sempre, cujos nomes me cansei de expor. O torcedor sabe muito bem quem são eles.
Com a prerrogativa de quem acompanha a Seleção Brasileira, nos quatro cantos do mundo, há 35 anos, fico triste ao perceber que perdi o tesão de acompanhar esse time medíocre, que ora temos. Assisto aos jogos, por ossos do ofício, mas sem o menor prazer, sem emoção, sem vibrar nos gols brasileiros. O time é um bando em campo, muito ruim. Jogadores dos headphones, de cabelinhos pintados, de secadores e de redes sociais. Se fizessem tudo isso e jogassem futebol de primeira linha, não teria o menor problema. Romário, Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, faziam gandaia, aprontavam, mas em campo resolviam com tabelas, dribles, passes e gols.
Já essa geração nutella fala muito e joga pouco. Torcedores apostam em qual fase da Copa o Brasil será eliminado. Não tenho o menor medo de dizer que se pegarmos um grupo com Dinamarca, República Theca, por exemplo, passaremos aperto. Seleções medianas, que deram aula na Eurocopa. Técnicos inteligentes, com esquemas bem definidos e qualidade, mesmo não tendo em mãos um craque. Tite só tem um craque, Neymar, mas nem mesmo ele é capaz de resolver as coisas quando encaramos seleções de primeira linha. Aparece, de vez em quando, contra Bolívia, Equador e Venezuela. Parece um leão em campo. Contra os europeus, é apenas um gatinho, manso e bem mimado. Triste realidade!