A Praça Sete, a Savassi, as ruas de BH ficaram pequenas para esse mar de gente, comemorando o bicampeonato brasileiro pelo Clube Atlético Mineiro. Um título merecido, da equipe mais regular da competição, com pontuação expressiva e um grupo forte, treinado por um cara religioso, amigo e profundo conhecedor de futebol. Há muitas coisas que ficam nos bastidores, e que garanto a vocês um dia contarei no meu livro.
Por enquanto, guardo a sete chaves, na minha cabeça e no meu computador. Minhas conversas com Cuca, desde que ele estava para assumir até o título consumado. Sim, ele pensou em não assumir o clube, por conta daquela onda de torcedores que protestavam, de forma injusta, contra seu nome. Mas, homem de família e fé, não titubeou e resolveu encarar o desafio, pois o destino estava reservando para que ele ficasse na história como o maior treinador do clube, em todos os tempos - com uma Libertadores, um Brasileiro, e, quem sabe, uma Copa do Brasil. Cabelo, barba e bigode.
Até nos momentos mais difíceis, ele soube afastar uma possível crise, como no "duelo" com Hulk, que lhe cobrou, publicamente, um lugar no time. Percebi o quanto ele ficou magoado, mas também entendi sua forma de trabalhar em silêncio, resolver a questão internamente, e dar ao "desafeto" um lugar na equipe, onde pudesse se destacar. Dali em diante, ele conquistou Hulk e o grupo.
O bom futebol logo começou a aparecer, com um ajuste aqui e ali. Na retaguarda, tinha o apoio do maior executivo do país, Rodrigo Caetano. E o casamento entre ambos foi perfeito. Claro, sempre respaldado pelo seu fiel escudeiro, o irmão, Cuquinha. Cuca sofreu com a internação da sua mãe, por causa da maldita COVID-19. Ela venceu e ele ficou mais calmo, mais tranquilo para desenvolver seu trabalho.
Tudo conspirou a favor e, no Brasileiro, ele jamais correu riscos. Foi pontuando, disparando como um belo cavalo árabe e o resultado está aí.
Vai se dar ao luxo de poupar vários titulares, descansá-los e prepará-los para os duelos de 12 e 15 deste mês, pela Copa do Brasil. Sabe a importância de uma vitória por placar elástico no Mineirão, para chegar a Curitiba com uma boa vantagem.
Estrategista que é, o melhor técnico brasileiro na atualidade, está empenhado em buscar mais uma taça. Missão dada é missão cumprida.
Cuca sabe muito bem o que será necessário para derrotar o Athletico, que é uma boa equipe, bem treinada, atual campeão da Sul-Americana. Passo a passo, foi seu discurso no Brasileirão. Agora, em tiro curto, irá galopar pelo bi da Copa do Brasil.
Que os "deuses do futebol" estejam do seu lado. Trabalho, disciplina e conhecimento de futebol: esses são os segredos de Cuca. Ah, não podemos esquecer: sua religiosidade, o apoio da família e a camiseta com a imagem de Nossa Senhora. Cuca é um grande técnico, e, acima de tudo, um homem de fé.
Hoje o Mineirão, terreiro do Galo, onde ele é soberano, estará mais uma vez transbordando de gente. Uma torcida fiel, fanática e apaixonada, como poucas no país. Alguns garantem que não torcem por títulos e que só o fato de ser atleticano já os contenta. Realmente, é uma torcida diferente, sofrida, resignada e muito, mas muito apaixonada.
Que venham Bragantino, Bayern de Munique, Barcelona, Real Madrid. Não importa o adversário para essa gente. Uma gente que torce até "contra o vento", quando o manto sagrado está pendurado no varal, é realmente diferente.
Serão mais de 60 mil vozes a gritar "é campeão" do começo ao fim do jogo com o Bragantino, hoje, no Mineirão. E milhões, mundo afora, orgulhosos dessa camisa, desse time, dessa conquista.
Quando alguém perguntar: "e o Galo?" Alguém certamente responderá: "o Galo ganhou"! Não precisa dizer mais nada. Bicampeão de fato e de direito. Parabéns ao alvinegro das Minas Gerais.