Diários argentinos, entre eles o Olé, chamam de “renovação do futebol brasileiro” as voltas de Filipe Luís, David Luiz, Hulk, Diego Costa, Felipe Melo, Douglas Costa, Renato Augusto, Paulinho e, possivelmente, de Marcelo, do Real Madrid, que promete voltar ao Fluminense em 2022 para brigar por vaga na Seleção Brasileira de Tite. Realmente, o futebol brasileiro está tão por baixo que todo jogador repatriado da Europa ainda tem bola para jogar nos campeonatos que a CBF promove. Em seus seis anos no comando do time Canarinho, Tite usou a maioria deles, contando com Paulinho, Renato Augusto, Fernandinho, Thiago Silva e outros menos votados.
O futebol brasileiro não revela mais ninguém, embora, nos últimos jogos, tenhamos vibrado com a convocação de alguns jogadores com muito potencial e que disputaram o ouro olímpico. E, é claro, já estão jogando na Europa, pois com o euro a R$ 7 não há como os clubes brasileiros recusarem uma proposta. Os argentinos não deixam de ter razão. Fico vendo o Flamengo. Repatriou o péssimo David Luiz. Rejeitado na Inglaterra, o torcedor do Arsenal fez festa e soltou foguete quando ele saiu do clube. É inaceitável um clube como o Flamengo não conseguir formar dois grandes zagueiros. Rodrigo Caio, contratado ao São Paulo, Gustavo Henrique, contratado ao Santos, e Léo Pereira, contratado ao Athletico, são fraquíssimos. E agora se junta a eles David Luiz, o zagueiro que ajudou a entregar o Brasil nos 7 a 1.
Hulk era um desconhecido no futebol brasileiro. Foi xingado e vaiado nos 7 a 1 para a Alemanha – sim, ele estava no time e jogou no Mineirão. O torcedor tem memória curta. Foi ídolo no Porto, jogou no Zenit e na China, onde amealhou milhões de dólares com seu suor e trabalho. Chegou aos Atlético Mineiro aos 35 anos, foi eleito o melhor jogador do Brasileirão, artilheiro com 19 gols, e tornou-se ídolo do torcedor, pelo título brasileiro, e pode ser ainda mais, caso o Galo ganhe a Copa do Brasil. Ou seja, aos 35 anos, Hulk foi mais efetivo e eficiente que todos os atacantes que atuam no país, o que mostra que realmente não existe renovação no nosso futebol.
Douglas Costa voltou ao Grêmio, de onde saiu garoto. Jogou em times de ponta da Europa, como Bayern de Munique e Juventus. Ganhou milhões de dólares também, e resolveu jogar no Grêmio. Nas vezes em que conseguiu atuar, fez boas partidas, mas problemas musculares sucessivos o têm deixado de fora. E o Grêmio poderá ser rebaixado hoje. Renato Augusto ajudou o Corinthians a entrar na Libertadores. Não tenho dúvidas de que Marcelo será útil ao Fluminense e que, muito provavelmente, Tite o olhará com outros olhos. Sem chances no Real Madrid – jogou cinco partidas este ano –, no Flu será titular e ídolo. Será que o Fluminense, em suas categorias de base, em Xerém, não consegue formar um grande lateral-esquerdo? Está tudo errado no futebol brasileiro. Quando voltaremos a ser celeiro de craques e quando voltaremos a formar grandes jogadores, pelo menos dois em cada posição, nos clubes? Com a política do imediatismo de títulos, nunca mais!
O torcedor, passional como é, não quer saber se o cara foi repatriado, se não tinha mais mercado lá fora, se tem idade acima dos 34 anos. Ele quer é comemorar taças e, para isso, não se importa se um jogador é contratado com o salário europeu no Brasil, de economia quebrada e de pires na mão. Se o clube ficar endividado, dane-se. O que vale para ele é a taça, ainda que seu clube fique anos e anos em uma fila de espera. Por isso, o futebol brasileiro está na contramão da história e nossas chances de ganhar uma Copa do Mundo sejam remotas.