Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Falta autoridade disposta a extinguir torcida organizada

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O futebol, uma paixão nacional, deixou de ser amor, lazer e emoção para se transformar em violência entre gangues. Até mesmo num jogo da Seleção Brasileira, bandidos travestidos de torcedores digladiaram no Mineirão, e uma facção da torcida do Atlético está proibida de frequentar os estádios por seis meses. Recentemente, uma facção da torcida do Cruzeiro também estava proibida de ir aos estádios, mas, salvo engano, foi essa mesma facção que esteve envolvida nos incidentes no jogo da Seleção contra o Paraguai.




 
A verdade é uma só: não há uma autoridade no país disposta realmente a acabar com as chamadas torcidas organizadas. As matanças continuam, de norte a sul, e as cenas são recorrentes. Em tempos de ódio, onde “gostar do A significa ser inimigo do B”, as pessoas têm de se retrair. Muitas já desistiram de ir a um estádio, mas há aqueles que amam o esporte bretão e, mesmo sabendo que a violência anda solta, se arriscam.

Recebi centenas de mensagens questionando o motivo de as autoridades não extinguirem as facções organizadas no futebol. Não tenho essa resposta, e a deixo para as próprias autoridades. Certa vez, conversando com um dos homens que comandava o policiamento no Mineirão, ele me disse que “era melhor ter os nomes e os registros dos componentes das facções”, pois assim poderiam controlá-los melhor. Pelo jeito, o argumento não deu certo, pois a cada ano, a cada temporada, a cada jogo os registros de brigas, violência e matança só aumentam.

Outro ponto a ser levado em conta é que qualquer um, nos dias atuais, tem canal de YouTube, blog e outras redes sociais. Gente despreparada, sem curso superior, sem saber falar o português correto, sem preparo para a vida e até sem educação e berço. O exemplo mais recente é o caso do tal Monark, de quem eu jamais tinha ouvido falar, e do canal Flow, que eu também não conhecia. O cara fez apologia ao nazismo, segundo o próprio MP, que provavelmente vai indiciá-lo. Segundo o sócio dele no canal, ele foi demitido e terá sua parte na empresa comprada. Pelo que li nos sites sérios e nos jornais, não é a primeira vez que o canal se mostra racista. O tal Monark alegou estar “bêbado”. Isso não justifica defender o nazismo e as atrocidades cometidas por Hitler, matando mais de 6 milhões de judeus em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. A sociedade de bem espera que o tal Monark vá para a cadeia e que o canal sofra as consequências impostas pela lei. Sou a favor do fechamento, pois um veículo desses não agrega valor.





Este é o mundo no qual estamos vivendo. Canais de gente despreparada, atrelados aos clubes, com milhares ou milhões de seguidores e inscritos. A frase do saudoso poeta e escritor italiano Umberto Eco está cada vez mais atual. Disse ele: “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”. A prova está aí. O jornalismo sério, criterioso, com gente formada, bem preparada, premiada, é o que deveria prevalecer, mas num mundo tão odioso e num país onde o “poste faz xixi no cachorro”, não poderíamos mesmo exigir algo melhor. Uma pena que a juventude esteja se perdendo, sem ler um livro, sem lavar uma louça, sem nenhum tipo de conhecimento da história. Ler é fundamental para a vida. Esse tal Monark exaltar o nazismo, para mim, foi a pá de cal. Com certeza ele não sabe o que foi o Holocausto e nunca visitou os monumentos em homenagem às vítimas do Holocausto. Estive em Berlim algumas dezenas de vezes, e em todas elas fiz questão de visitar o Memorial do Holocausto. Estive na Polônia e fui visitar o antigo campo de concentração de Auschwitz. Confesso que fiquei três noites sem dormir. Vamos refletir e buscar um mundo melhor para nossos filhos e netos. Um mundo onde ser seja verdadeiramente melhor do que ter. Onde os valores sejam livros, estudo, educação, berço, respeito ao ser humano e à história. É isso o que levamos para o resto de nossas vidas.