Ronaldo Fenômeno, dono e presidente do Cruzeiro, pensa em construir um estádio para o clube. Claro que não a curto prazo, mas, sim, quando a casa financeira estiver arrumada e o clube de volta à elite. O “patrão” tá sentindo no bolso o que é jogar no Mineirão, com suas altíssimas taxas. Como dono de um clube europeu, o Real Valladolid, ele sabe que um estádio para 45 mil espectadores é o que há de mais moderno, mas o custo é bem alto. Ronaldo pensa como empresário e não fará loucuras. Porém, está pensando grande e tem planos até de contratar jogadores importantes, caso o clube atinja a marca dos 50 mil associados sob sua gestão. Esse é o caminho sem volta. Vale lembrar que o Gigante da Pampulha vai acabar virando um elefante branco, pois o Galo terá seu estádio em breve, e o Cruzeiro pensa nessa possibilidade. Uma pena que os gestores do Mineirão não enxerguem que sem Cruzeiro e Atlético não haverá como arrecadar e a morte do Gigante pode ser iminente.
Vejam que a figura do outro presidente é apenas decorativa. Vai cuidar da massa falida e do cloro da piscina. Talvez esteja aí o segredo de alguns dirigentes relutarem para que seus clubes virem empresas. Quando isso ocorre, eles saem de cena, e quem aparece na vitrine são os novos donos. Pelo menos nesse aspecto, parece que o ex-presidente do clube Cruzeiro (futebol), agora apenas do clube social, não teve vaidade e buscou o melhor caminho para salvar o que parecia sem solução. O torcedor ainda pode questionar o motivo de a tal empresa que arrumou o comprador não ter mostrado as outras 15 propostas que dizia ter. Será que tinha mesmo? Alguém vai precisar esclarecer isso. Ronaldo ainda não efetivou a compra, o que deverá fazer nos próximos dias, mas, pelo visto, não vai desistir do negócio. O futebol é uma fábrica de dinheiro. Bem administrado, não tem erro, e nisso Ronaldo é também um Fenômeno.
Palmeiras sem MundialA derrota do Palmeiras para o Chelsea por 2 a 1 na prorrogação apenas comprova o que venho dizendo há tempos: a distância do futebol europeu para o sul-americano é abissal. E olha que esse Chelsea nem de longe lembra o time campeão europeu da temporada passada. O time alviverde jogou dentro das suas limitações, na retranca, sem pressionar o goleiro Mendy. Aliás, ele não fez uma defesa difícil sequer, prova de que o ataque palmeirense não incomodou. O Chelsea também não foi brilhante, mas mostrou que, mesmo em queda na Premier League, ainda tem forças sobrando para duelar com qualquer time dessas bandas de cá.
Não acho que o torcedor deva ficar arrasado. Triste, sim, pois todos querem vencer, mas reconhecer a diferença que impera entre as equipes é ser inteligente. Em 2019, fui ao Catar cobrir a final do meu Flamengo. Perdemos para um grande Liverpool na prorrogação, por 1 a 0. Saí de lá satisfeito, pois vi meu time ser vice-campeão lutando e fazendo o que dava, o que sua capacidade técnica permitia. Será sempre assim, enquanto tivermos o futebol pobre que temos apresentado, sem investir nas divisões de base, sem formar craques. O que nos distinguia dos europeus era a técnica, o improviso, o drible, a tabela. A gente não vê mais isso no futebol brasileiro, que vai morrendo a cada temporada, investindo em jogadores veteranos como a solução dos problemas. Enquanto isso, a gente vê uma Espanha renovada, uma Itália com jovens valores e uma Inglaterra voando. Os tempos são outros e as últimas quatro edições de Copa do Mundo nos mostraram o quão estamos precisando reformular nosso sistema de jogo e a formação de nossos jovens. Temos uma boa safra de jovens atuando na Europa, Tite já olha para eles com outros olhos. Pode ser um bom caminho para não fazermos feio no Catar.