Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Na era da violência, futebol também não escapa do ódio


A bomba atirada na quinta-feira no ônibus do Bahia, que feriu jogadores, é uma agressão ao futebol, às instituições, ao torcedor do bem. Estamos vivendo tempos de ódio, que culminaram numa guerra entre Rússia e Ucrânia. Uma guerra entre povos que já foram um país só, pois a Ucrânia formava uma das 15 repúblicas que da ex-União Soviética. Em agosto de 1991, tornou-se uma nação independente e juntou-se às potências ocidentais. E, segundo o próprio Vladimir Putin, o fato de a Ucrânia querer entrar para o Otan é o principal motivo para matar inocentes, gente do seu próprio sangue. Não à toa, está sendo comparado ao sanguinário Adolf Hitler. Que tristeza!

Voltando ao nosso futebol, quem atirou bomba no ônibus do Bahia não é torcedor, e, sim, bandido travestido de torcedor. Venho batendo nessa tecla há tempos, mas parece que as autoridades não estão interessadas em acabar com determinadas facções, que se infiltram entre os chamados “torcedores organizados”. São os mesmos que andam ameaçando jornalistas Brasil afora. Semana passada, o comentarista de TNT Vitor Sérgio foi ameaçado de morte por ter criticado Gabigol. O ameaçador disse que “encheria a cara de tiros”. O jornalista registrou queixa na polícia.





O companheiro Mauro Cezar Pereira, repórter dos bons e que trabalha sempre com a verdade, é ameaçado por dirigentes, que jogam os torcedores contra ele. Que mundo é esse? Na hora em que um fato se consumar, com certeza a Justiça terá de ir atrás do dirigente que incitou o ódio e a violência. Parece que o tempo da ditadura voltou e que a liberdade de imprensa foi cerceada. É preciso mais responsabilidade por parte dos dirigentes, que deveriam pôr água fria na fervura, mas que estão ponto gasolina no incêndio.

Ninguém tem de agradar ao time A ou ao B. Tem de dar a notícia – e ponto. A polícia deve agir com rapidez, prender os bandidos que cometeram o atentado contra o ônibus do Bahia. Isso é terrorismo, e as leis precisam ser mais duras. Por que não se cria um dispositivo e uma lei, enquadrando esses bandidos numa lei de terrorismo, com pena de 30 anos de cadeia, sem a menor progressão, tendo de cumprir integralmente? Pode ser um caminho.

A homofobia, inserida na sociedade, também está no futebol. O racismo, a xenofobia. Vivemos numa sociedade doente em todos os sentidos. O futebol deveria ser amor, paixão, diversão. Atualmente, virou ódio. E os estádios e imediações viraram praças de guerra. Ou a gente começa a mudar esse quadro ou a coisa só vai piorar. As autoridades devem repensar o futebol e as medidas para proteger o cidadão de bem. Em 2014, um torcedor no Recife atirou um vaso sanitário de cima do estádio, matando outro torcedor que passava lá embaixo. Será que esse bandido está preso? E os vários assassinatos, país afora, imputados as facções organizadas? Os crimes foram punidos, os caras estão presos? São perguntas que precisam ser respondidas, para que sirvam de exemplo para os que pensam que estão acima da lei. Nosso futebol tem se voltar a ser romântico, prazeroso, e a forma de lazer preferida do torcedor brasileiro. Se não for assim, é melhor pararmos com o esporte bretão.