Não há um time de referência no futebol brasileiro

O Campeonato Brasileiro chega à quinta rodada e não temos uma equipe de referência. É um perde e ganha danado, principalmente das equipes consideradas favoritas. O Flamengo perdeu para o Botafogo por 1 a 0, sendo melhor que o adversário, que teve no goleiro Gatito Fernandez o melhor em campo. Isso não importa, o que vale é a bola na rede, e o Botafogo pôs a sua.

O rubro-negro até marcou, mas o VAR anulou, alegando impedimento de Gabigol. Duvidosa decisão. Eu já disse: quem traça a linha do VAR é um ser humano, que tem um time pelo qual torce. Será que esse ser humano consegue separar a paixão da razão?

O Flamengo, teoricamente, tem os melhores atletas em atividade, mas não confirma isso em seus jogos. Considerei a atitude de Jorge Jesus, pedindo o lugar de Paulo Souza, antiética e imoral, mas não vai demorar muito para Souza cair. O Flamengo até foi superior ao Botafogo, mas se um técnico vive de vitórias e resultados, os dele são ruins. 

Há uma pressão para a volta do mister. O problema é que ele foi muito mal em suas colocações, e metade da torcida não o quer. Já a outra metade, que não se importa com ética e quer vencer a qualquer preço, o quer de volta.

Em meus comentários diários na Rádio Tupi sempre fui contra a contratação de Paulo Souza. Ele foi um belíssimo jogador, mas, como treinador, não tem história para dirigir o Flamengo. Só que agora, se ele sair, eu não traria o JJ, por questões éticas e morais. Mas acho que Souza não vai durar muito.

O Galo foi derrotado pelo América e também não tem jogado bem. Não adianta a torcida viver refém de Cuca, pois ele não volta neste ano. Nem que o Galo esteja caindo pelas tabelas, ele não trabalhará nesta temporada.

Uma fonte me soprou que há um pedido da CBF para que ele fique em ano sabático e assuma a vaga de Tite em dezembro, após a Copa. Seria o presente de Natal para Cuca e sua família. Vamos aguardar. 

O Turco Mohamed tem tentado manter o que de melhor Cuca deixou, mas é visível a má fase de vários jogadores, inclusive Zaracho. O Atlético não tem a pressão e a vontade do ano passado, quando marcava os adversários em seu próprio campo.

Cada técnico tem a sua filosofia. Também acho que Mohamed não terá vida longa.

O problema é que faltam treinadores no mercado. O próprio JJ disse não ao Galo. Há uma gama de técnicos portugueses trabalhando no Brasil. Parece que depois de Jorge Jesus, somente os nossos colonizadores têm grandes técnicos.

Não se dá oportunidade aos jovens técnicos brasileiros, se bem que a maioria é preguiçosa, não estuda e não aprende no Velho Mundo, onde estão os grandes treinadores.

Se eu fosse um desses técnicos jovens, pediria a Jürgen Klopp um estágio de duas semanas com ele no Liverpool. Garanto que aprenderia mais do que em um ano no Brasil. 

Nossos treinadores não têm mais nada acrescentar, pois os que sobraram deveriam ser diretores técnicos e não mais ficar à beira do gramado. Luxemburgo e Abel se aposentaram no Brasil. Só aceitariam trabalhar fora. Felipão acertou com o Athletico-PR. Parece que ele quer levar outros 7 a 1 para desistir de vez.

Das equipes apontadas por nós como favoritas, com todos os problemas, ainda vejo o Galo melhor. O Palmeiras tem um belo técnico, que não me agrada em sua forma de jogar - retranqueiro -, mas que ganha taças, e, para o torcedor, só importa isso. 

Já disse que o título brasileiro fica entre Galo, Palmeiras e Flamengo, com o Corinthians correndo por fora. Achei que o Fluminense faria boa campanha, mas já está caindo pelas tabelas. O Botafogo surge com esse técnico português, e no mais, qualquer coisa será surpresa. 

Pobre futebol brasileiro, tão combalido, pobre e sem alternativas técnicas. É o que temos, senhoras e senhores. Quem não viveu a época de ouro do nosso futebol, só conhece isso que está aí. Então, eu trocaria qualquer título do meu time por grandes jogos, como tínhamos no passado.

Não é o que pensa a geração "nutella". Para ela, temos o melhor futebol do mundo. "Pior cego é o que não quer enxergar". Não temos uma equipe de referência, que jogue bonito, pra frente, com dribles, tabelas e gols. Isso é muito triste.

A desunião de dirigentes impede que a Liga saia do papel. Há um grupo querendo criar outra liga, só para peitar o Flamengo e os times paulistas que assinaram pela criação da Libra.

Tem dirigente que odeia o rubro-negro e é contra tudo o que o clube carioca propõe. Por isso, nosso futebol vai continuar na lama. Clubes desunidos, dirigentes vaidosos, que de bola nada entendem.