O Cruzeiro recebe o Sampaio Corrêa esta manhã, no Mineirão, num horário espetacular para um país violento como o Brasil. Em 31 horas, 50 mil ingressos haviam sido vendidos e o Mineirão estará com sua capacidade máxima hoje. Mais de 60 mil vozes empurrando o líder rumo aos 19 pontos e a consolidação da liderança. Será aquele jogo para o filho chamar os pais, os avós e levar os filhos para o estádio, assistir o jogo e voltar para casa para o tradicional almoço de domingo. Sim, a nossa família mineira mantém essa tradição, principalmente de ir aos restaurantes, entre eles, o Parrilla, do meu querido irmão, Francisco Tomás. Se você quer comer uma boa carne, não há lugar melhor.
A China Azul, como bem batizou o saudoso, Roberto Drumond, atleticano de quatro costados, está em lua de mel com o time, que anda bem organizado, tem um esquema de jogo bem definido e um técnico jovem e competente. Embora não haja um jogador excepcional, o Cruzeiro tem conseguido vitórias com a qualidade de Edu, as defesas de Rafael e um conjunto forte na zaga. Falta ainda aquela homem que pensa o jogo, o criador, que põe o artilheiro na cara do gol. Mas isso é problema para o Fenômeno resolver. Com certeza, ele e Pezzolano estão conversando sobre isso para a janela de julho.
Ronaldo tem dado um show de organização. Em apenas cinco meses, deu um norte ao clube e ajeitou parte da casa. Pelo menos no futebol tudo está muito bem, obrigado. Claro que há pendências financeiras graves a serem resolvidas, mas nada que não esteja sob o controle dele e sua equipe de trabalho. Quem é do ramo, sabe como fazer. Com um orçamento que cabe no seu bolso, R$ 35 milhões anuais, o Fenômeno mostra que é possível, sim, fazer a equipe voltar à elite. A diretoria anterior falava em R$ 95 milhões, sem ter um centavo em caixa e devendo os tubos. Não era do ramo e trabalhava no limite da irresponsabilidade, embora com boa intenção. Ronaldo mandou embora quem estava contratado para cometer essa loucura e trabalha com o que tem em mãos.
Claro que numa competição longa, o Cruzeiro vai oscilar e ter alguma queda. Hoje, porém, os adversários respeitam esse grande papa-títulos, e já dizem que o Cruzeiro é o time a ser batido. Nos últimos dois anos, foram decepções em cima de decepções. Flerte com a Série C, jogos de baixo nível, pouca qualidade técnica. Na Série B é necessário qualidade, mas um espírito de jogo diferente da A. Muitas das vezes é preciso jogar “feio”, mas garantir os três pontos, pois o nível dos adversários é ruim e os gramados péssimos. Há estádios em que o gramado não permite a prática do bom futebol e aí os jogadores têm que perceber que tipo de jogo usar. Se manter entre os quatro primeiros é condição fundamental para a confiança e a certeza da volta à elite.
No Mineirão, a “Toca 3”, como chamam os torcedores azuis, a bola rola num gramado excelente. Ali se pode praticar futebol de primeira linha, e, com todo o respeito ao organizado Sampaio Corrêa, hoje é jogo para uma sacola de gols, para justificar a presença maciça da torcida. Jogo para mostrar aos concorrentes que é o Cruzeiro quem manda e que quem se atrever a duvidar sentirá a força do time a da torcida. O que ela fez no jogo contra o Remo foi algo impressionante, que poucas vezes vi no futebol. Empurrou o time até mesmo quando o jogo parecia estar perdido, nas penalidades. Não tenho dúvida de que hoje serão mais de 60 mil vozes e cantar e empurrar o time para mais três pontos. E o que é mais legal: após a partida, aquele almoço maravilhoso, cuja sobremesa será o comentário sobre a grande exibição azul, que, com certeza, vai acontecer. Fenômeno, Cruzeiro e torcida já é uma parceria definitiva. Que seja duradoura e que o resultado seja a volta desse gigante, que representa Minas Gerais com brilhantismo, ao seu lugar de origem, afinal, o papa-títulos nas Gerais tem nome e sobrenome: Cruzeiro Esporte Clube.