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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Campeonato Brasileiro: nível técnico baixíssimo deixa times embolados

Equipes mal-preparadas, em jogos fracos, sem gols, revelam o péssimo momento pelo qual passa o futebol brasileiro


17/07/2022 04:00 - atualizado 16/07/2022 21:22

Torcida do Atlético
Apesar do baixo desempenho de muitos times no Campeonato Brasileiro, algumas torcidas, como a do Atlético, continuam lotando os estádios (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

O Campeonato Brasileiro deste ano está embolado, com vários times disputando a taça, e a distância do 17º colocado para o 9º colocado é de apenas três pontos, e de 12 para o líder. Recebi várias mensagens em minhas redes sociais, dizendo que a competição está emocionante e que ninguém disparou. Discordo, completamente. Não vejo emoção em jogos ruins, fracos e sem gols. Não vejo emoção em equipes mal-preparadas, que estão à frente justamente pelo péssimo momento do nosso futebol. Ter cinco ou seis equipes em condições de ganhar a taça é muito bom, porém, com um nível técnico elevado, com qualidade e equipes que sirvam de referência.

Dos primeiros colocados, vejo o Palmeiras, líder da competição, como o melhor time, mas com muitos defeitos. Tem apenas 30 pontos, restando três rodadas para o fim do turno, podendo chegar, no máximo, a 39 pontos. O Galo, com 28, em terceiro lugar, pode chegar a 38. Lembro-me de competições passadas, onde o “campeão simbólico do turno” chegou a 44, 45, 46 pontos, sobrando na competição.

Do jeito que a coisa vai, poderemos ter o campeão brasileiro com uma pontuação inferior ao Flamengo, em 2009, campeão com 67 pontos, a menor desde que o Campeonato Brasileiro se tornou uma competição por pontos corridos, em 2003. É preocupante sim. Ter várias equipes emboladas não significa padrão de qualidade. Muito pelo contrário, mostra que a cada ano nossas equipes estão mais fracas e o nosso futebol deixando a desejar.

O que contrasta com tudo isso é o fenômeno torcedor. Curiosamente, os jogos dos grandes clubes têm lotado os estádios, ainda que o futebol das equipes não seja o desejado. Talvez a grave crise que o país enfrenta, moral, financeira, política e social, explique esse desejo de desafogar as mágoas e extravasar num campo de futebol. Vejam o público nos jogos do Galo, Flamengo, Corinthians, Palmeiras. Estádios lotados, gente saindo pelo “ladrão”. E na Série B não é diferente com Cruzeiro e Vasco. Entendo isso mais pela carência de boas atrações e diversão, do que pelo fato de as equipes estarem dando espetáculo. Os jogos são sofríveis, e, quando a gente consegue ver uma partida de alto nível, comenta durante meses, pois de tempos em tempos temos um jogão.

O problema é que tem muito bandido se infiltrando em torcidas organizadas, manchando as instituições. As coreografias e cânticos são atrações nos jogos, mas acabam ofuscadas pela morte de alguém, pelos assaltos na Esplanada do Mineirão, por exemplo, pelos roubos nas imediações do Maracanã, ou do estádio do Corinthians. A violência impera de Norte a Sul do Brasil, que vive momentos jamais imaginados pelo cidadão de bem. Crianças amedrontadas, pais protegendo seus filhos e apanhando dos bandidos, sendo roubados, como aconteceu com o nosso companheiro Bira Marinho, no Mineirão, há duas semanas. Cenas que nos deixam indignados.

A sociedade de bem e as autoridades não podem deixar a coisa ficar assim, como se fosse normal. Não é normal esse tipo de situação. A identificação dos bandidos, prisão e a entrega á Justiça tem que acontecer. Tem gente que nem registra mais os assaltos que sofre. Temos as melhores polícias do Brasil, Militar e Civil, a melhor Polícia Federal e o melhor Ministério Público, muito bem representado na figura do doutor Jarbas Soares, procurador-geral do estado, atleticano e frequentador do Mineirão. Que ele e sua equipe possam criar força-tarefa para ajudar a população a chegar e sair do estádio de forma segura. Doutor Jarbas é um craque no que faz, admirado por todos nós e um combatente ferrenho contra os crimes. Fica o meu apelo e de toda a sociedade de bem. Nos ajude a tirar os bandidos de circulação.

Quando bandos organizados invadirem CTs, baterem em jogadores e cobrarem explicações de técnico e dirigentes, que sejam identificados e presos, imediatamente. Ninguém pode invadir o local de trabalho de qualquer cidadão, ameaçar e ficar impune. Temos visto isso em todos os grandes clubes do país, e não pode virar uma coisa banal ou comum. Queremos que nosso futebol volte aos velhos e bons tempos. Conseguimos isso no quesito público, com os estádios lotados, como escrevi acima, precisamos conseguir também tecnicamente, com grandes jogos e muita qualidade.

Tem surgido uma safra muito boa, mas nossa realidade financeira não nos permite mantê-la aqui por muito tempo. Então, criatividade e competência. O clube-empresa, que já está instalado no país, tem que comandar todos os clubes. A SAF é o caminho a ser seguido, com organização, orçamento, grandes times e taças. Quando conseguirmos expurgar dirigentes amadores, passionais, com certeza, a profissionalização será instalada. Enquanto isso, nos iludimos com um Brasileirão cada vez mais pobre tecnicamente, com equipes disputando a taça sem ter qualidade para tal. Estamos nivelados, por baixo, e isso é preocupante!

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